
A maioria dos adeptos da fórmula de tempo real (na qual cada minuto em tela eqüivale à um minuto na vida real), apresentada na série de TV 24 Horas, devem desconhecer que tal artifício já é utilizado por grandes produções do cinema há muito, muito, muito tempo.


A trama, diferente dos filmes do gênero da época (que apostavam suas fichas em tiroteios coreografados) girava em torno do xerife Will Kane (Cooper), um homem correto e respeitado em sua cidadezinha, que recebe uma carta, no dia de seu casamento, de um bandoleiro que mandara para a prisão tempos atrás. O conteúdo da missiva é direto e sem vaselina: no trem do meio-dia, Frank Miller (Ian MacDonald) e seus comparsas desembarcarão na estação de Hadleyville para matá-lo. Imediatamente, o Xerife Kane estufa o peito, convencido de que finalmente dará a Miller (casualmente ou não, o mesmo nome do criador de Sin City) a lição que ele merece. Bastava apenas reunir um contingente decente junto aos cidadãos e esperar o bando na estação, certo?

Deste ponto em diante, cada segundo da película mostra exatamente o oposto do que se convenciona de uma cidade que, até aquele momento, era um exemplo de paz e união: Will começa a ver seu mundo ruir a cada recusa de ajuda que leva, aliados aos pedidos de Amy (Kelly), sua noiva, que roga para que o benfeitor da lei desista da idéia de esperar pelo bando e fuja da cidade o mais rápido possível. Nesta parte da narrativa, o recurso de tempo real funciona como um duelo de nervos: os minutos que passam em closes estratégicos nos relógios de parede, contra a iminência de um duelo que, com certeza, resultará em tragédia.


Como se vê, tudo salva-se em Matar ou Morrer, mesmo que alguns avessos de filmes antigos reclamem que o preto e branco é coisa do passado, que o faroeste é um gênero bitolado, ou que os atores assalariados* são uma espécie em extinção. Quando um filme transcende expectativas para figurar no rol dos clássicos, nem o tempo pode lhe ser implacável.
Jack Bauer que o diga...
*: Nos idos de 1950, os grandes estúdios agregavam atores e atrizes da época como assalariados, que recebiam mensalmente mediante contrato de trabalho. Bem diferente de hoje, onde os astros são pagos por trabalho realizado e sem vínculos com as distribuidoras.
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Dica de filme:
Elenco: Gary Cooper (Xerife Will Kane), Grace Kelly (Amy Kane), Thomas Mitchell (Jonas Henderson), Lloyd Bridges (Harvey Pell), Katy Jurado (Helen Ramirez), Ian MacDonald (Frank Miller)
Duração: 84 minutos
Gênero: Western
Ano: 1952
Dica de filme:
Matar ou Morrer (High Noon)
Diretor: Fred ZinnemannElenco: Gary Cooper (Xerife Will Kane), Grace Kelly (Amy Kane), Thomas Mitchell (Jonas Henderson), Lloyd Bridges (Harvey Pell), Katy Jurado (Helen Ramirez), Ian MacDonald (Frank Miller)
Duração: 84 minutos
Gênero: Western
Ano: 1952
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