quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A Mão Esquerda de Deus.

Encerrou nesta segunda-feira passada a 3ª temporada de Dexter, série do Canal Showtime (exibida, aqui no Brasil, no FX) baseada no livro Dexter - A Mão Esquerda de Deus, de Jeff Lindsay. O seriado nos traz o dia-a-dia nada convencional de Dexter Morgan, um carismático analista forense – especializado em padrões de dispersão de sangue – que trabalha junto à Polícia de Miami. Ao contrário de inúmeros seriados de investigação criminal, o enfoque não é no trabalho de Dexter, e sim em como ele sacia o seu vício de...matar pessoas.

Guiado por um rígido código de conduta que herdou de Harry, seu pai adotivo, Dexter canaliza sua sede de sangue em outros assassinos que, por um motivo ou outro, conseguiram se safar da justiça dos homens. Confesso que, inicialmente, me esquivei de acompanhar esta série justamente por isso: uma “ética” neste assunto me soava forçada, como se houvesse um esforço dos criadores do seriado em justificar o personagem-título e torná-lo “politicamente correto”. Comecei a assistir com um pé atrás e, após alguns minutos, pensei: puta merda, mais uma série da qual vou ter de virar fã.

O episódio-piloto dá a receita do clima que a série nos reserva para a 1ª temporada; um Dexter taciturno, pensativo, tentando descobrir se há alguma humanidade por trás do seu instinto assassino, enquanto veste a máscara do cara solícito e agradável que todos idealizam: ele é um irmão perfeito para sua meia-irmã Deb, uma policial obstinada e de boca suja que tenta seguir os passos do falecido pai, que também foi da Polícia. É um namorado perfeito para Rita, uma mãe solteira traumatizada com seu relacionamento anterior. É um colega de trabalho discreto e amável, que leva donuts para o serviço e distribui hermanamente pelo distrito policial. Mas por trás destes atos, pululam na narrativa os pensamentos de Dexter, que nos são mostrados em OFFs que normalmente destoam de seu sorriso abrasivo. E é este paradoxo, este esforço de Dexter em simular sentimentos que julga serem inexistentes que nos prendem na tela. Vemos ali como um assassino em série se comporta de dia enquanto, à noite, esquarteja desafortunados. Aliando isso a um passado obscuro e ao fato de Dexter usar de seu trabalho tanto para investigar suas vítimas, quanto para cobrir seus rastros, temos os primeiros 12 episódios de um material que só evolui.

Esta característica de evolução da série se estende para as outras temporadas. Se na 1ª temporada tínhamos um Dexter em crise existencial, na 2ª encontramos o personagem desafiando a linha tênue que separa seu lado homicida de uma cadeira elétrica, ao passo que, na 3ª temporada, o vemos ansiar por dividir seu segredo. Michael C. Hall interpreta o protagonista e faz um excelente trabalho, emprestando a dualidade necessário ao personagem em uma atuação sutil e longe de ser esteriotipada: um olhar torto de Dexter nos transmite exatamente o que há em sua cabeça e o quão perigoso aquele homem pacato pode vir a ser de um minuto para o outro. A meticulosidade de Dexter também é ponto alto de sua personalidade, que usa de uma astúcia incalculável para engendrar seus planos homicidas e sair impune, já que a primeira e maior regra do código de conduta de Harry é “Nunca seja capturado”.

A série está concorrendo novamente ao Globo de Ouro, tanto para Melhor Série Dramática, quanto para Melhor Ator de Série – Drama. Com o acuro de produção, a profundidade dos personagens, os roteiros excelentes e o ibope que o seriado levanta por onde passa, diria que não há nada mais justo que essas indicações (bem, talvez só as estatuetas). Se Dexter continuar seguindo esta qualidade, podemos esperar mais corpos vindo aí...

4 comentários:

Aline C. disse...

Quando vi o título do teu post não pude deixar de escrever a minha mensagem. Então, acabou de tornando fã da minha série favorita, hein? rsrsrs
Dexter é tudibom mesmo. E concordo com todas as tuas palavras.
Como eu disse em outro post, adoro House, mas Dexter já está maduro o suficiente para ganhar os dois Golden Globes - série e ator.
Ah! Já viu Prison Break? É outra série viciante... rsrsrs

Édnei Pedroso disse...

Prison Break? Não, não. Se eu acompanhar mais uma série, explodo, rsrsrsrsrs.

Bjos.

Aline C. disse...

Na boa, Prison Break está no top five das melhores séries da atualidade. É daquelas que tu começa a olhar um episódio e só sai da frente do lap após olhar toda a temporada. Está na quarta temporada nos EUA e não perdeu o fôlego ainda. Bom, eu sou viciada mesmo - e admito...hehehe

Kel disse...

Eu que sempre torcia o bico pra essa gente que se engancha em séries tive que dar o braço a torcer quando vi a primeira série de 24 horas. Agora corto um dobrado com Anatomia de Grey. Vai ter médico bonito assim lá na casa do #@&$%*!
Sim, doar óvulos, porque nao? O tratamento, por hora, nao trouxe nenhuma contra-indicaçao, as injeçoes nao doem nada e ainda vou receber em dinheiro vivo. Quer mais o q?
Beijos!