É fato que buscamos a paz no momento obstinadamente. Há quem fique surpreso ao descobrir a inexistência disso. Se conquista a paz. Se adota uma política de “apaziguamento”. Mas é uma paz inexistente. Placebo. Descobre-se que alguma coisa, bem lá no fundo, não está certa. E logo se perde uma paz que nunca se conquistou. A paz plena que não existe. Se fulano acha que conseguiu alcançar isso, ou é omisso ou é tolo. Nas duas hipóteses o fulano perde.
Ele assumiu essa postura da boa vontade. Faz um tempo. Esperava que a vida não lhe aplicasse a famosa reação daquela lei porca. E a vida, cínica, lhe provou como estava errado. O termo “redondamente” pareceu-lhe uma luva. Um fim de semana. Uma xícara de café. Um sofá cheio de pêlos de gato e a verdade. Inevitável. Um erro de nomenclatura lhe tirou toda a paz. Mostrando que ela é inexistente desde sempre. Tolo. João Bobo. Aquele que leva porrada e volta sorrindo para levar mais. Tudo porque é capaz de fazer qualquer coisa por um objetivo justo. Inclusive ser espancado e voltar inerte. Se preciso for, e ele jurava que era preciso. Acreditava nisso. Abrir mão de si mesmo parece um motivo justo? Não. Sim. A paz da não reação caiu por terra. Chegou a uma brilhante conclusão. Cobrança com juros, sob certos aspectos, também resulta em vingança. Vingança e paz. Inversamente proporcionais. Só que apenas uma delas existe. Adivinha qual?
A sorte dele é que a felicidade. Esta que quase ninguém acha que existe - e existe - não é proporcional à paz. Pelo contrário. Descobriu que há felicidade sem paz. E que há o placebo sem felicidade. Ele não está em paz. Sente sangue em sua boca. Sente que quer mais. Sangue fresco. E principalmente sangue gelado. Já que descobriu a inexistência da paz, ele será a própria reação. Não há paz. Ele assumiu que este é o seu mundo.
Agora ele está feliz.
Um comentário:
Um tanto sombrio, mais a sua cara. Aquela velha conhecida minha. Ainda somos farinha do mesmo saco. Até.
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