segunda-feira, 5 de março de 2012

FLAMENCOOOOOOO...


Dia desses estava me lembrando da triste história da mulher que odiava flamenco. Sim, aquele ritmo espanhol de vestidos esvoaçantes facilmente confundido com certo time de futebol. Ela odiava a dança e o que, segundo ela, o flamenco representava; tudo de sujo, promíscuo e perverso que pulula pela vida tinha um quê de flamenco, ou - ainda sob a ótica da moça - o flamenco tinha um quê de tudo isso.


Curiosamente, o assunto surgiu no bar porque a tal mulher, por trollagem do destino ou não, lembrava muito uma dançarina de flamenco. Lembrava não: era uma flamenqueira cuspida e escarrada, como se o próprio espírito do flamenco tivesse baixado entre nós. Cabelos negros presos, um rosto descaradamente espanhol e corpo de dançarina. Tinha quem jurasse de pés juntos que ela tinha nascido com castanholas nas mãos, mas não tenho certeza de que isso seja verdade. O fato é que um dos amigos resolveu comentar que a dita cuja era igualzinha a uma dançarina de flamenco e isso esquentou os ânimos.


- Eu odeio flamenco!


- Mas por que? Tu é tão parecida com uma dançarina de flamenco.


- Detesto esta dança, detesto flamenco!


- Não entendo, o flamenco é uma dança tão bonita.


- Eu tenho traumas. Flamenco é uma coisa horrível.


- Mas por que?


- Porque sim! Pára de falar sobre isso!


- Tudo bem, eu paro...mas que tu tens uma carinha de flamenco, tu tens.


- Não diga isso! Pare de falar de flamenco, pare de falar de flamenco.


- Eu...eu...eu não consigo. Flamenco! Flamenco!


- Pára!


- FLAMENCOOOOOOO...


De um lado, a mulher que tinha ódio mortal pelo flamenco gritava com as mãos nos ouvidos; do outro, este amigo que não conseguia parar de falar "FLAMENCOOOOOOO...", entre um gole e outro de cerveja. Não demorou muito para que ela saísse do bar alucinada, sem explicar para ninguém porque o flamenco é tão diabólico. Depois daquela noite, a mulher nunca mais foi vista e, umas duas semanas depois, alguém se jogou de um prédio próximo ao bar.


Não sei se era ela, só mencionei isso para dar um suspense.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Baelor: o dia em que a HBO separou homens de crianças



Quem acompanha a série Game of Thrones, da HBO, está perplexo ou mesmo relutante em acreditar nos acontecimentos apresentados em Baelor, último episódio do seriado, exibido no domingo passado nos Estados Unidos. Não apenas os “leigos” como a grande maioria de nós, mas também críticos especializados em TV e entretenimentos do gênero são unânimes em enumerar este fatídico episódio como memorável, aterrador, sublime e diferente de tudo que a televisão havia trazido até então.

Mas o que fez de Baelor um episódio tão marcante e especial a ponto de fazer legiões de fãs ao redor do mundo comentarem, lamentarem e até gravarem suas reações ao assisti-lo e colocarem seus vídeos na internet? Não foi o excelente roteiro de David Benioff e D. B. Weiss (criadores da série), que transmitiu um clima de guerra sem mostrar uma única cena de batalha. Também não foi a evolução nítida dos personagens, muitos deles em seus momentos mais cruciais (Robb em sua primeira batalha, Daenerys e seu amado a beira da morte, Tyrion contando segredos obscuros de sua vida). Tampouco foram as revelações surpreendentes de Meistre Aemon e o temível dilema de Jon Snow, que terá de escolher entre o amor à sua família e o dever junto à Patrulha da Noite. Baelor, nono episódio da primeira temporada de Game of Thrones, quebrou o paradigma por matar Eddard “Ned” Stark, Lorde de Winterfell, Senhor do Norte, protagonista do seriado.

Talvez a palavra “matar” não seja apropriada para o que vimos em Baelor, pois Ned Stark não foi apenas “morto”. O que testemunhamos ao longo de toda a série, culminando neste último episódio, foi a completa estruturação e destruição de um personagem, física e psicologicamente. Vimos Ned “nascer” em Winter Is Coming como o sisudo patriarca dos Stark, regente do lugar mais gelado dos Sete Reinos e, graças a isso, executor das penalidades daquela região. Um sujeito que, desde o primeiro momento, acreditava que as leis, a verdade e a honra deveriam prevalecer a tudo e a todos, doesse a quem doesse (como esquecer do desertor que Ned teve de decapitar, a contragosto, na primeira cena na qual apareceu?). Conseguimos acompanhar as andanças de Ned em um mundo traiçoeiro, cruel e insano, onde tentou transmitir valores dos mais nobres, desafiando até mesmo o Rei, no intuito de preservar a sua ética inquestionável.

Como personagem mais correto de Game of Thrones, Ned também angariou uma série de inimigos, dentro e fora das telas. Em Westeros, o achavam justo, de caráter inabalável, por vezes até ingênuo ao pensar que a justiça era o melhor caminho para qualquer coisa. Aqui, no mundo real, há quem o achasse chato, enfadonho e até “certinho demais”, alguém que não se mexia diante de tantos acontecimentos canhestros (basta lembrar de sua passividade ante as acusações de Catelyn sobre o atentado a Bran). O que qualquer pessoa que se preste a analisar narrativas com seriedade não pode dizer é que Eddard “Ned” Stark, com toda sua força, carisma e poder de decisão, não era um personagem fascinante.

Sim, vimos Ned nascer de uma forma autoral e vívida, muito mais intensa que sua contraparte nos livros de George R. R. Martin (que, segundo os que leram a obra, se encarrega de distribuir o foco da história para todos os personagens hermanamente). Se nas páginas de As Crônicas de Gelo e Fogo existe esta ressalva, no seriado não há discussão acerca do protagonismo de Ned, uma vez que todas as decisões tomadas em Westeros são baseadas nos movimentos do Lorde de Winterfell. Sempre foi assim porque os responsáveis pela série da HBO queriam que fosse assim. Eis a diferença.

Assim como presenciamos todas as escolhas honradas de Ned ao longo da série (escolhas que consolidaram seu caráter, suas convicções e tudo que se espera dele), chegamos em seu derradeiro dilema, apresentado pelo Rei Joffrey em The Pointy End: Eddard Stark, prisioneiro por traição, deveria se ajoelhar perante o jovem monarca, pedir perdão por seus “crimes” e reconhecer o direito de Joffrey ao Trono de Ferro. O problema é que Ned seguia uma recomendação do Rei anterior (que a fizera em seu leito de morte) e Joffrey NÃO é realmente herdeiro do trono; o patriarca dos Stark reconhecer algo assim seria o mesmo que renunciar aos seus ideais de honra e defesa da verdade, seria contrariar sua natureza. Em suma, esperava-se que Ned Stark não sucumbisse às ameaças.

Mas eis que surge o elemento familiar na trama, e a perspectiva se altera: Sansa, filha de Ned, se encontra em poder do novo Rei e fica claro que, se a confissão não ocorrer, a moça sofrerá as conseqüências. Também fica claro que se o Senhor do Norte confessar, terá a misericórdia real e será apenas exilado. Esta condição e a soma dos elementos comporta a possibilidade de Ned vender sua alma, passar por cima de seus princípios em prol da segurança da filha e de sua própria. O personagem perderia sua essência, mas viveria. Uma troca justa, se o Rei Joffrey fosse justo.

Em uma cena magnanimamente orquestrada por Alan Taylor (um dos mais proeminentes diretores de TV da atualidade), Ned Stark “morre” pela primeira vez ao sacrificar sua dignidade, se declarando culpado das acusações de traição e reconhecendo Joffrey como o Rei legítimo. Ele se destrói por dentro para garantir a segurança de Sansa, salvar a própria pele e para recompensar nós, telespectadores, com seu suposto prosseguimento na série (e, quem sabe, uma eventual vingança contra os Lannister pela humilhação). Contudo, não é isso que acontece: inebriado pelo poder e pela necessidade de mostrar serviço, Joffrey volta atrás no “trato” e manda executar Ned Stark, para a surpresa do condenado, de sua filha Sansa (e de Arya, que observava de longe), da própria Rainha Cersei (que sabia do golpe fatal que seria esta execução para a paz no reino) e de nós, telespectadores, que tivemos de assistir a horripilante e inexorável seqüência onde, através de uma belíssima montagem de imagens e atuações impecáveis de Sean Bean (Ned) e das atrizes Sophie Turner (Sansa) e Maisie Williams (Arya), o personagem principal de um seriado é executado. Para quem não acompanha a série ter uma vaga noção, é como assistir 24 e House M. D. e Jack Bauer ou o doutor manco serem assassinados em seus respectivos programas.

Se este procedimento de sacrificar protagonistas parece ter precedentes na ficção (Jack Shepard morre no final de Lost, William Wallace é executado em Coração Valente, Romeu e Julieta se envenenam, entre outros muitos exemplos), no seriado Game of Thornes este panorama se complica não apenas pela morte moral de Ned (lembre-se que, no filme de Mel Gibson, o escocês não abre mão de suas convicções), mas pelo fato de que a série está praticamente em seu início e terá de sobreviver a esta tragédia, enquanto as outras obras citadas findaram sua narrativa junto com seus heróis. Esta decisão, que para muitos pode parecer partir do material original da história, é obra única e exclusivamente da HBO, não apenas por decidir adaptar a obra de Martin (um autor que foge do convencional), mas por manipular a história a ponto de nos entregar um protagonista cativante e nos tirá-lo abruptamente, despertando um misto de sentimentos poderosos no espectador, além de uma experiência única.

Mas engana-se quem pensa que a morte de Ned Stark é ruim. A partir dela teremos novas ramificações na trama, e sua partida possibilitará que os outros personagens de Game of Thrones cresçam de uma forma muito mais orgânica e consistente, desta vez, com um motivador como nunca se viu e não se verá tão cedo em outros programas. Eu gostava de Ned e fiquei estarrecido ao assistir Baelor, mas agradeço à HBO por me surpreender e me proporcionar momentos que jamais esquecerei.

Ned morreu, mas a vida continua.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Como trollar o aumento da passagem de ônibus em Porto Alegre.


Tutorial simples e eficaz para protestar contra a passagem de ônibus em Porto Alegre e fazer as empresas de transporte coletivo repensarem o absurdo do aumento da passagem para R$2,70 (ATENÇÃO: funciona somente com quem paga sua passagem em DINHEIRO).

Você precisará de:


1º - Uma nota de R$50,00;


2º - Força de vontade;



Instruções:

1º - Pague sua passagem com uma nota de R$50,00;

2º - Pegue o troco (de cabeça erguida) e faça sua viagem;

3º - Junte R$2,70 ao troco que você recebeu do cobrador;


4º - Ao descer do ônibus, procure o primeiro estabelecimento comercial (lanchonetes são ótimas para isso) e troque o montante por uma nota de R$50,00 novinha em folha, e prontinha para ser usada na próxima viagem;


5º - Repita esta operação sempre que possível;

6º - Espalhe esta informação para seus amigos desmotorizados que, assim como você e eu, estão cansados de serem assaltados em plena luz do dia por quem deveria somente nos transportar.

Para entender: a Lei do Troco (6.075/88) diz que o cliente não fica obrigado ao pagamento da passagem quando não lhe for fornecido o troco devido, desde que o valor dado em pagamento não exceda a 20 (vinte) vezes o preço da tarifa (neste caso, 20 x R$2,70 = 54,00). Antes desse aumento, a tarifa de R$2,45 (que já não era das mais em conta) não possibilitava esta estratégia.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Old But Gold: Shakira Featuring Danzig.

Depois de quase 3 meses inativo, o S666P retorna para complementar o belíssimo post que o Sapão dedicou à colombiana tudibão Shakira (para ler o post, favor clicar aqui), trazendo a totalmente excelente parceria da cantora com a lenda do metal Danzig.

Com vocês, Hips Don't Lie.




Como diria o Tio Silvio: Bem bolado, bem bolado!


Feliz Natal, ho-ho-ho!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Assista OS BATEDORES aqui!

Depois de toda a correria que os leitores mais antigos acompanharam aqui no S666P, o curta-metragem Os Batedores (do qual sou roteirista e produtor) finalmente está disponível on line, em HD, no Vímeo.

Para conferir a história de Raul, um habilidoso batedor de carteiras que terá de suar a camisa para pagar uma grande dívida para um chefão do crime até o final do dia, basta conferir abaixo. Enjoy!


Os Batedores from Lumiere on Vimeo.



segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Her-Nan!

E se você pensava que o cinema indiano seria responsável por todas as maiores cenas antológicas já registradas, você não contava com os publicitários argentinos e sua capacidade de ressucitar velhos clássicos.



Seus olhos já podem sangrar agora.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Da Mãe Índia, com Amor 3.


Quando você pensa que já viu de tudo no cinema, eis que surge o blockbuster indiano Magadheera, e lhe bate na cara com esta a-l-u-c-i-n-a-n-t-e cena final. Preciso avisar que tem Spoiler?


terça-feira, 31 de agosto de 2010

Especial para o Vermelhinho...

Desculpe se te magoei, mas...


Tchanam!

Essa eu joguei rapidinho só pra mostrar os scores anteriores.

Melhor sorte da próxima vez, gafanhoto!=P