Como todos sabem, há dois assuntos que estão perambulando pela cabeça de todo mundo. Um que a maioria não entende como aconteceu, outro que apareceu do nada nesta semana e está sendo combatido (que comentarei num outro texto). Como este blog não é só mais um rostinho bonito (MODO MEGALOMANÍACO ON – mas também um templo de idéias e sabedoria – MODO MEGALOMANÍACO OFF), analisemos os fatos que estão consumindo jornais e revistas, sites e programas, sonhos e pesadelos.
Começemos com a famigerada CRISE, que encabeça a parada como o assunto mais falado do ano. Mas afinal, como diabos começou a crise? Como também não tenho a mínima pretensão de tornar esse texto chato e pedante além do necessário (mas sim de fazer você entender a crise), abordarei o assunto na linguagem de leigos como eu (quem quiser uma explicação mais pomposa e científica, basta acessar o Google).
Sendo rápido e rasteiro, essa coisa toda começou no mercado imobiliário americano, que vinha instigando o pessoal a ter sua casa própria ao American Way (ou seja, de qualquer jeito) e empreendia facilidades de pagamento à longo prazo e sem nenhuma garantia (reza a lenda que o fulano não precisava sequer comprovar renda para adquirir um imóvel). Para pegar logo a grana das vendas (sem ter de esperar os compradores pagarem as parcelas), as financeiras que avalizavam estes negócios abriram títulos no mercado, baseados na promessa de pagamento das parcelas da casa própria. Graças as altas taxas de juros (que indicavam ser este um negócio bem rentável), estes títulos foram comprados por corretoras de investimentos, que repassavam esses mesmos títulos para investidores no mundo todo, na forma de propostas de investimento (entenda, estamos falando de negociações muito altas aqui, um mercado de centenas de bilhões de dólares).
Esta prática dos negócios na base de títulos estava (suposta e ilusoriamente) indo muito bem até que o Governo Americano, num retorno de crescimento econômico, resolveu elevar ainda mais as taxas de juros, fazendo o primeiro americano médio (algum mecânico de automóveis qualquer do Alabama que tinha adquirido sua casinha de dois pisos) parar de pagar suas parcelas. Quatro, doze, centenas, milhares e, finalmente, milhões de pessoas pararam de pagar as exorbitantes parcelas da casa própria americana. Se lembrarem do que foi dito até aqui, toda a movimentação e investimentos financeiros eram embasados em títulos, e esses títulos eram embasados no quê mesmo? Nos pagamentos das parcelas. Esta bola de neve quebrou financeiras, depois corretoras, depois investidores, e toda essa patota resolveu pedir ajuda aos bancos, que afundaram junto (e os bancos, não se enganem, é uma das últimas linhas de defesa da economia capitalista, afinal, se eles não têm grana, quem terá então?).
Mas por que algo que começou nos Estados Unidos nos atinge? Porque, com a globalização (e a interdependência das economias, onde um país vale o que compra/vende do/para o outro), a economia se quebra num efeito dominó e atinge todo mundo, alguns países mais (como o Japão, por exemplo), outros menos (como o Brasil), mas todos levam nas costas.
Como isso pode nos prejudicar? De todas as formas imaginadas (com exceção da sexual, a não ser que seu estímulo venha de negociações na bolsa). Basta dizer que a maior parte dessas empresas que fizeram os investimentos dos tais títulos são as mesmas que nos fornecem energia, alimentação, combustível, lazer, saúde, e todas as outras coisas que nosso dinheiro compra (direta, ou indiretamente). Quando não é dessa forma, é na forma da bolsa de valores e do mercado de câmbio, que determina o valor de nossas moedas e, consequentemente, os preços de tudo que consumimos. Como as empresas onde trabalhamos também compram coisas cujos valores são determinados da mesma forma, quando a crise se instala, elas cortam gastos da pior forma possível: cortando pessoal.
Curiosamente, os bancos, financeiras e todas essas entidades prejudicadas estão pedindo auxílio dos Governos para resolver a crise (e, por tabela, suas próprias traquinagens), invocando um dos principais conceitos da economia socialista: a intervenção estatal. Tenho certeza absoluta que muita gente da antiga esquerda achou que não viveria para ver o capitalismo fazendo isso.
Resumindo, a analogia que todo mundo está fazendo com aquele jogo dos anos 50 é real: estamos na crise porque os Estados Unidos estavam brincando de Banco Imobiliário, com títulos no lugar do dinheiro de mentirinha, mas com estragos bem reais.
Hoje foi um dia atípico: pra começar de bem com a vida, nada melhor que uma prova de Administração de Serviços com mais de 6 ppts pra estudar (com uma média de 20 slides por Power Point). É claro que era moleza e é claro que não respondi a última questão (mantendo meu status de "aluno objetivo", que só escreve se for pra responder, nunca pra encher linguiça).
Na busca de ingredientes para um fricassé, uma idéia: e se eu substituir algumas coisas da receita e criar algo diferente? Anota aí: 27 de abril de 2009, dia do nascimento do Fricassé Verde. Mais uma alternativa de cores para minha paleta culinária (a primeira foi a Costela Negra) e, desta vez, usando salsas, creme de ervilha e as milagrosas alcaparras, indicadas para peixes e para aves, mas nunca para...
Suínos. Como pode um animalzinho tão rosado e tão porco estar matando dezenas de mexicanos e deixando todo o planeta em alerta máximo? Além do nascimento de um novo manjar, este dia marca a entrada da Gripe Suína na Europa, mais precisamente na Espanha. Como a mulher que eu amo está fazendo Doutorado em Barcelona, é óbvio que o paranóico aqui ligou pra saber se as pessoas já não estavam caindo pelas ruas por lá. Sabe como é, a Gripe Aviária dizimou uma penca de orientais lá por 2004 e eu não estava nem aí, mas é só alguém importante pra gente estar supostamente na linha de frente pra logo apertarmos o fiofó. Resumo da ópera: ao que tudo indica, este caso e outros suspeitos pela Europa já estão isolados. Aguardemos notícias...
O áudio da programação de TV que monitoro resolveu cair de vez. Fora a fase dos telefonemas de reclamações e tentativas de conserto (ineficazes), o silêncio impera aqui. Neste momento, está no ar o programa Democracia, e tem cinco pessoas debatendo naquela mesa. Todas mudas.
Por último, e menos importante, hoje me tornei o mais novo corpinho do Twitter. Já que até o Obama tem um, porque eu iria ficar de fora, certo? O pior é que o Twitter é notoriamente imbecil (conforme prega, acertadamente, o vídeo abaixo), então porque diabos acabei aderindo?
Talvez seja porque, mesmo não tendo utilidade alguma, este treco virou hit no mundo virtual; mais ou menos como outra ferramenta da internet que chegou chegando e acabou fazendo parte da vida de (quase) todo mundo que conheço, há uns 4 anos atrás.
Com exceção da fatídica noite do Oscar que ninguém viu na Globo, faz meses, muitos meses mesmo, que não paro na frente da TV pra ver qualquer coisa (minha rotina extremamente corrida não comporta tempo para zipar num controle remoto). Então hoje, pouco depois do meio-dia, resolvi ligar a TV enquanto cozinhava.
Clic. Aquele barulhinho de coisa viva, quando a tela de 14-polegadas-meio-convexa-absurdamente-ultrapassada brilha, primeiro num pontinho branco, depois numa imagem de resolução mais ou menos (mais pra menos do que pra mais).
- Promotor, qual o destino das crianças que foram resgatadas dos maus tratos dos pais em Pelotas? - Dizia Cristina Ranzolin, olhando a imagem ao vivo do promotor público de Pelotas, em uma tela de plasma de umas 60 polegadas muito melhor que a da cozinha da minha casa, ou a do meu quarto, ou a de qualquer cômodo...
Mudo de canal. Propaganda da Net. Me lembro que a internet aqui em casa (Virtua, é claro) tá uma bosta e me revolto.
Clic. Paulo Sant'Ana, o Matusalem da TV gaúcha, pondera sobre o fato do salário mínimo americano ser 10 vezes maior que o nosso, e que, mesmo assim, pagamos 40% a mais pelo combustível nos postos de gasolina. Pelo menos ele (o Sant'Ana, porra) é gremista, mas o jornalista não falou nada sobre o Grêmio (provavelmente porque estamos sem jogos nesta semana, e sem técnico, e sem time...).
Mudo de canal...de novo. Propaganda do Inter. 100 anos de idade, campeão de tudo, blábláblá. Ah, que saudade dos anos 90...
Outro Clic. Lasier Martins dá uma ótima notícia: Deputados Federias entraram com Projeto de Lei (ou Lei Complementar, ou pedido-de-não-sei-o-quê-mas-se-colar-colou) para aumentar os próprios salários em mais de 8 mil pilas. Vale salientar que existem 513 vampir...cof, cof...Deputados Federias em Brasília: cada um custando em torno de 103 mil merréis mensais, entre salário (13 mil), verbas de gabinete (51 mil), verbas indenizatórias (15 mil), um apê na capital, entre outros mimos (como 4,2 mil para despesas com telefone e cotas de passagens aéreas que variam de 6 à 16 mil) pagos por idiotas como você e eu. Se quiser fazer um exercício, clica ali no botão "Iniciar", depois clica em "Programas", e depois em "Acessórios" e "Calculadora". Multiplica os 103.000 por 513 e baba: R$52.839.000,00 em gastos com Deputados Federais por mês (chutando por baixo). Multiplicando por 12, teremos R$634.068.000,00 desperdiçados por ano (repito, chutando por baixo). Como esses bichos têm as funções de debater projetos propostos pela União, criar e alterar leis, e fiscalizar os atos do Executivo, podemos dizer que é o serviço de consultoria mais caro do mundo. Depois dessa, só me restou esperar mais um pouco pra ver se ele (o Lasier, porra) tomava algum choque, mas isso não aconteceu.
Está aberta a sessão "Eu queria ter feito isso", onde apresento um pouco da inveja que certas idéias e feitos dos outros me causam. Está certo: inveja é uma coisa feia, birirí e bororó, mas observando essas pérolas, me sinto inspirado e compelido a sempre melhorar, afinal, esse pessoal é a prova de que a perfeição é possível.
Bem, e pra começar, segue a sequência final de um filme que comentei na semana passada (que você pode ler aqui) que é simplesmente PERFEITA. Enquadramentos, locações, arte, e os atores, com olhos que poderiam congelar o inferno em um duelo que entrou para a história cinematográfica. Na cena, Harmônica (Charles Bronson) finalmente tem sua chance de enfrentar Frank (Henry Fonda), um perigoso bandido, dono de uma velocidade extrema no gatilho. A trilha sonora impecável de Ennio Morricone pontua a cena enquanto os dois pistoleiros se estudam. O famoso close-up nos olhos se faz presente e então é aí, só aí, depois de 150 minutos de filme, que descobrimos o porquê de Harmônica querer tanto a cabeça de Frank, ao ponto de protegê-lo de emboscadas durante o filme apenas para ter a vingança para si. O flashback que remonta esta causa é de arrepiar. Eu choro copiosamente toda vez que assisto isso.
Como é a sequência final, nem preciso dizer que a cena é um "spoiler" para quem ainda não assistiu Era Uma Vez no Oeste, mas como tudo no filme converge para esta situação, nem se pode dizer que estou "entregando o ouro" ao mostrar este desfecho. Enjoy.
Tava demorando: nosso querido, amado e idolatrado Presidente Lula fez uma participação especial no último episódio de South Park, intitulado Pinewood Derby, exibido ontem nos EUA. Mostrando sua barba profética ao lado de gente como a Chanceler Alemã Angela Merkel e o Presidente Francês Nicolas Sarkozy (entre outros líderes mundiais), o Presidente Lula não disse palavra (talvez os produtores do desenho tenham tido dificuldades em encontrar algum dublador de ESPANHOL, com a língua presa). O plot do episódio era uma invasão alienígena na qual os heróis mirins da pequena cidade do Colorado pedem ajuda aos Chefes-de-Estado.
Como ainda não assisti ao desenho, me pergunto: será que ele estará de COCAR? Ou irão cercear esta característica tão importante da nossa cultura (retratada à exaustão na TV e no cinema pelo americanos)?
Texto publicado originalmente em 05 de dezembro de 2005 , na coluna Passado a Limpo, do site www.sobrecarga.com.br
Provavelmente, grande parte dos leitores desta coluna – os que são fãs do chamado western spaghetti, principalmente – já deve saber com qual filme fecharei esta trindade do bang-bang, iniciada há dois textos atrás.
O filme Era Uma Vez no Oeste, do diretor Sergio Leone, não é somente o melhor filme de faroeste já rodado: ele é considerado, por muitos críticos, como uma das maiores experiências já realizadas no cinema.
Os nomes que trabalharam para esse feito são alguns dos motivos que fizeram desse longa um espécime único, imortal. A começar pelo próprio Leone, cujo nome já era grande conhecido na caracterização do Oeste Selvagem com a famosa "trilogia dos dólares" (Por um Punhado de Dólares, Por uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito, todos protagonizados por Clint Eastwood). O diretor era muito conhecido também por conciliar tomadas longas, close-ups desconcertantes e impressionante fotografia (assinada nesse filme por Tonino Delli Colli), aliado à habilidade de direção de atores que poucos possuem. Tudo com maestria indiscutível.
Todos esses predicados, juntamente com um elenco e roteiro perfeitos (esse último baseado em história escrita por Leone, Bernardo Bertolucci e o mestre do horror Dario Argento), foram o suficiente para imortalizar essa pérola da ganância, do cinismo, da corrupção e, principalmente, da vingança. É a história de Jill McBain (Claudia Cardinale, belíssima), uma viúva que de donzela não tem nada, disposta a copular com o assassino do marido somente para livrar a própria pele. É a história de Frank (Henry Fonda), o sujeito mais cruel que já pisou no Oeste, um homem que não titubeia em matar uma criança à queima-roupa por pura maldade. É a história de ”Harmônica” (o saudoso Charles Bronson), um pistoleiro sem nome e de passado obscuro, capaz de matar três homens em frações de segundo. É a história de Morton (Gabriele Ferzetti), um inescrupuloso barão dos trilhos que não mede esforços (nem dinheiro) para alcançar seus objetivos. Não é de admirar que, em um universo habitado pelos piores tipos, os bons morram como moscas, e a personagem menos desprezível seja justamente o foragido Cheyenne (o carismático Jason Robards), um ladrão e assassino com a cabeça a prêmio.
As voltas da ampliação da malha ferroviária nos Estados Unidos do século 19, Bret McBain (dono das terras por onde deve passar uma das rotas da estrada de ferro) e sua família são brutalmente assassinados. Jill, uma prostituta de New Orleans que casara com McBain em segredo, herda as tais terras e, com elas, essa herança sanguinária, característica da própria história americana – como visto nos outros dois filmes que o diretor fez para “homenagear” a América (Era Uma Vez no Oeste constitui essa trilogia, ao lado de Quando Explode a Vingança e Era Uma Vez na América). A mulher, ameaçada pelo assassino dos McBain, recebe a improvável proteção de um misterioso e habilidoso pistoleiro (que toca uma gaita de boca como um prenúncio de morte e, por isso, leva o nome de “Harmônica” ou – como em alguns DVDs – “Gaita”), e a ajuda de um criminoso conhecido (Cheyenne), acusado erroneamente pelas mortes.
Entre as tomadas longas já citadas (explorando a fotografia árida) e as cenas de tiroteio impressionantes, os diálogos disparam chispas para todo lado, fazendo uma menção clara ao pessimismo que aflige a sociedade, inclusive nos dias atuais, o que faz desse filme um espécime atemporal (em certa cena, Cheyenne menciona a Harmônica que existem “fariseus” em qualquer época). Essa característica negativa era uma marca forte de Leone, que fazia questão de bradar aos quatro ventos que o projeto era como uma dança da morte, onde todas as personagens, com exceção de Jill, têm plena consciência de que não chegarão vivos até o final da película.
Spoiler? De jeito nenhum. O que importa é como isso é orquestrado ao longo dos 166 minutos; é como a narrativa parte de um trio de mal-encarados esperando um trem (numa das entradas de filme mais longas e clássicas de todos os tempos, quase 14 minutos) e como ela chega a um desfecho magistral, onde dois homens, de olhos sombrios como a morte e gatilhos rápidos como um raio, se enfrentam no duelo mais espetacular já filmado, ao som da trilha arrepiante do mestre Ennio Morricone (colaborador-mor de Leone e responsável por outras trilhas cruciais, como a de Os Intocáveis, por exemplo). Uma ode à vingança.
Em uma dessas curiosidades insanas, esse filme não levou sequer uma indicação ao Oscar, o que nos leva a constatar, mais uma vez, que a Academia não entende muito de obras de arte. Mesmo que Henry Fonda esteja sublime no único papel de vilão de sua vida (bem como todo o elenco), ou que a direção, a montagem e a fotografia tenham sido perfeccionistas e vicerais, ou mesmo que a trilha sonora seja um achado.
É uma pena que grande parte das pessoas que fizeram de Era Uma Vez o Oeste uma obra-prima não esteja mais entre nós. Gente talentosa, que nos mostrou como o cinema vai além de meras imagens e meia dúzia de frases feitas e como se faz um filme de verdade, baseado em talento e dedicação. Um brinde a Sergio Leone. Aqui fecho a Santíssima Trindade do Western, com a sensação de dever cumprido ao apresentar esses espécimes raros, principalmente, a esta nova geração de amantes do cinema, que devem descobrir que filmes bons, assim como fariseus, existem em qualquer gênero, em qualquer época.
Quando Chris Columbus, lá pelo início dos anos 80, escreveu o roteiro de Gremlins, certamente deu uma olhadinha antes em The Trouble With Tribbles, um dos episódios mais leves (e mais bacanas) de Star Trek: The Original Series, o qual tive a oportunidade de rever na noite passada e dar boas risadas.
Tudo começa com um chamado de emergência “prioridade A” recebido pela Enterprise, que atravessa meia galáxia para atender o pedido de socorro lançado por uma estação espacial, que se vê ameaçada pela aproximação dos Klingons. Ao chegar no local, o Capitão Kirk descobre que foi chamado, na verdade, para ciceronear o transporte de uma carga de grãos e que, embora exista a presença de Klingons na estação, não há planos de um ataque iminente por parte deles.
Completamente frustrado pela missão enfadonha (vigiar um carregamento que julga sem valor) e tendo que cruzar por seus inimigos que estão tirando uma folga no lugar, Kirk resolve não perder a viagem e concede uma licença para a tripulação, que estica as pernas nas instalações da estação. Tudo segue relativamente na mesma, até que a Tenente Uhura ganha um “animalzinho” de presente em um bar e o leva para a nave, onde o bichinho se transforma na sensação do momento.
Os tribbles (Polygeminus grex), assim como os gremlins na sua forma pacata, são criaturas amáveis e ronronentas que cabem na palma da mão e conquistam (quase) qualquer um com sua “fofura”. O aspecto de bola de pêlo (sem olhos, ou boca visíveis) e seu som extremamente relaxante, traduzem a literalidade das palavras de Cyrano Jones, o vendedor de tribbles, que diz: O Tribble é o amor que o dinheiro pode comprar.
Porém, existe algo mais no tribble, que pode ser sintetizado no diálogo abaixo, entre o Dr. McCoy e Kirk (este último já puto da cara):
McCoy: - Sabe o que você consegue se alimentar um tribble além da conta?
Kirk: - Um tribble gordo.
McCoy: - Não, Jim. Um monte de tribbles famintos.
Ao contrário das criaturinhas financiadas por Spielberg (que se multiplicavam ao serem molhadas e tornavam-se monstros ao serem alimentadas depois da meia-noite), os tribbles nunca se transformavam em nada malvado, porém, se reproduziam em uma escala absurda de quantidade e rapidez ao ingerir qualquer coisa. Não demora muito para que a Enterprise acabe sendo tomada por uma verdadeira infestação desses bichos, que inundam os dutos de ar, a engenharia, o sequenciador de proteínas e, até mesmo, a ponte de comando (a cena na qual Kirk entra na ponte e senta, sem querer, em um tribble que está em sua poltrona, é hilária).
Além das simpáticas bolas de pêlo, este episódio é permeado por inúmeras outras peculiaridades: a pancadaria de bar entre tripulantes da Enterprise e Klingons; um Alferes Chekov especialmente inspirado ao listar os “inventos russos” (como o scotch, supostamente criado por uma velhinha de Leningrado); o vendedor pechincheiro Cyrano, que aproveita o quebra no bar para filar bebida grátis, bem como um dos melhores arranca-rabos verbais entre McCoy e Spock:
McCoy: - Tem mais uma coisa sobre os tribbles: descobri que gosto deles, muito mais do que gosto de você.
Spock: - Concordo que os tribbles possuem uma grande facilidade: eles mantêm a boca fechada.
O mais interessante é que, mesmo sendo um problemão exponencial (calculado à cada cinco minutos por Spock), os tribbles não só conquistam a tripulação, como acabam salvando o dia. A simpatia desses seres foi tão grande na época, que suas referências ultrapassaram os limites do seriado e ganharam espaço em outros shows de TV e diversas mídias. De Futurama à Jimmy Neutron, bem como nas outras séries baseadas em Star Trek e até em jogos de vídeo-games (um deles baseado em Star Wars, inclusive), os bichos marcaram presença própria ou inspiraram outras criaturas. A expressão “Multiplying like tribbles” (Multiplicando-se como Tribbles) ganhou lugar na linguagem tecnológica e científica americana, e virou até bordão popular estadunidense nos anos 80.
Ficou interessado(a)? Então assista à The Trouble With Tribbles e divirta-se com um ótimo episódio da saudosa e excelente série Star Trek, ou você pode comprar o seu próprio “amor” por U$ 27,99, clicando aqui.=P
...os brasileiros acordavam sob um novo e tenso regime militar. Embora os homens de farda tenham mudado a data do que chamam de "revolução redentora" para 31 de março de 1964, foi no dia da mentira que a realidade da Ditadura foi enfiada goela abaixo da nação, com o pretexto de livrar o povo brasileiro de uma suposta influência comunista liderada pelo então Presidente João Goulart, que havia assumido a presidência em 61 (após Jânio Quadros renunciar e colocar a culpa em "forças ocultas"), mas que, graças ao boicote dos militares, pôde exercer a legislatura em sua plenitude somente no final do ano de 63, após dois anos de regime parlamentarista (sim, pessoalzinho noob nascido nos anos 90, já tivemos um primeiro-ministro).
Aliados à interesses norte-americanos, os militares iniciaram os 21 anos mais negros da história brasileira contemporânea: disfarçada de segurança ostensiva e uma falsa estabilidade econômica, a Ditadura cerceou a liberdade de expressão em todos os segmentos, perseguiu e torturou milhares de pessoas, e "desapareceu" com 366 desafortunados (número oficial), graças ao maior invento brasileiro neste período: o DOI-CODI (centro de inteligência e repressão extremamente eficiente que unia todos os sistemas de segurança conhecidos em um único órgão de combate à "subversão").
São inúmeras as peculiaridades deste período e não tenho a pretensão de dar aulas de história aqui (há pessoas mais gabaritadas por aí, tipo o Professor Google, por exemplo), mas é importante salientar, pressionar, lembrar sempre do que os brasileiros perderam como pessoas, do atraso que o Brasil sofreu como democracia, e de que nada justifica o clima de terror que pesou sobre este país por tanto tempo. Fica o lema do Acervo da Luta Contra a Ditadura:
"Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça."