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AVISO, EM LETRAS GARRAFAIS, QUE O TEXTO CONTÉM SPOILERS A PARTIR DAQUI.
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Prison Break tinha uma história simples. A premissa, basicamente, era a da pena de morte de Lincoln Burrows por um crime que não cometeu, e o plano de seu irmão (o já mencionado Michael), para tirá-lo da cadeia antes da data de execução. Mas, como também já comentado, não se tratava de uma fuga qualquer: Scofield era um brilhante e bem sucedido engenheiro, dotado de alto QI, especialista em estruturas e, por pura coincidência, a empresa onde trabalhava foi a construtora de Fox River.
Dotado das plantas do lugar (escondidas em uma gigantesca tatuagem que cobria boa parte do seu corpo), Michael resolve que tirará seu irmão condenado da prisão, mas pelo lado DE DENTRO. O cabra assalta um banco à mão armada, se rende e, claro, pega 5 anos de prisão...em Fox River. É o início do que seria uma temporada impecável.
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Como todo bom drama penitenciário, há o carcereiro filho da puta, o psicopata, o velho prisioneiro sábio, o mafioso, o consegue-tudo, o trombadinha, o troglodita (que, neste caso, é o próprio Burrows) e Michael Scofield: um bom moço no meio de tudo isso, colocando sua massa cinzenta para funcionar enquanto a panela esquenta absurdamente. A receita é velha, mas funcionou com Prison Break de um jeito que conquistou fãs no mundo todo, através de episódios com situações críticas e personagens envolventes. Admito que até eu roía as unhas durante a 1ª temporada, que terminou, é claro, com a famigerada fuga dos Oito de Fox River.
Mas quem eram esses cabras, afinal?
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A entidade que criou todo esse furdunço, ao meu entender, foi a grande responsável pelos rombos de roteiro e pela desgraça que assolou Prison Break, fazendo a série perder o brilho da totalmente excelente 1ª temporada, numa linha decrescente de qualidade. Com verdadeiros ataques de esquizofrenia, os roteiristas não decidiam quais eram os planos da Companhia e de seu principal agente: Paul Kellerman infernizou a vida dos nossos heróis por toda a história e, no final da 2ª temporada, acabou não só confessando todos os seus crimes, como entregando a Companhia e inocentando Lincoln e Sara Tancredi (a mesma Dra. Sara de Fox River, que era par romântico de Michael e uma das principais responsáveis pela fuga dos 8FR). C-Note, o mais água com açucar dos fugitivos, conseguiu um acordo com o FBI para entregar a cabeça de Mahone, que andava serelepando e matando os recapturados. Sucre saiu da trama para cuidar da filha recém nascida e de Marisol, ao passo que a Companhia (num plano mirabolantemente ruim) conseguiu prender o resto dos fugitivos (inclusive Mahone e Bellick, cuja única desculpa de terem sido presos junto com os outros era o fato de serem excelentes personagens) em uma prisão panamenha chamada Sona.
Está certo: admito que o final da 2ª temporada prometia uma 3ª interessante, afinal, Sona era retratada como um verdadeiro inferno. Vi em um documentário que o criador da série se inspirou em Carandiru para criar a penitenciária: “uma prisão no Brasil onde os presos é quem ditam as regras”, segundo Paul Scheuring (mal sabe ele que todas as prisões aqui são assim, mas tudo bem). O fato é que a truculência de Sona, os novos e fracos personagens e a missão de Michael (sair de lá com James Whistler, um preso que continha informações valiosas para a Companhia) caíram como uma bomba na série. T-Bag, o mais ardiloso e odiado dos 8FR, mudou de personalidade e virou um humilde servo do líder negro Lechero (os roteiristas esqueceram completamente do fato de Bagwell ser uma bicha racista). Bellick estava abaixo do cu do cachorro, na rabeira de um sistema de castas da penitenciária que não foi sequer explicado. Burrows não servia para absolutamente nada. Sara morreu, mas só mostraram uma cabeça decepada (certamente os produtores tiveram problemas em usar a atriz Sarah Wayne Callies). E Michael só tinha a improvável ajuda de Mahone, o outrora responsável pela caçada que culminou com a morte do pai dos irmãos fugitivos.
Com a greve dos roteiristas no auge e a qualidade ruindo, a 3ª temporada encerrou seus trabalhos de modo abrupto e tosco, no seu 16º episódio (normalmente eram vinte e poucos episódios). Com um plano marca-diabo, Michael, Mahone e o tal Whistler conseguiram fugir de Sona. Bellick e T-Bag continuaram presos. Sucre, que voltou pra série só pra ser encanado, também foi para Sona. Dessa forma desengonçada, os produtores encerram a 3ª temporada, que deveria ser a última MESMO...
MAS...eis que resolvem arriscar a quarta e última temporada, numa desculpa esfarrapada de que a história havia sido planejada para quatro seasons desde o começo (ahã, me engana que eu gosto). Logo no primeiro episódio, Burrows (que compete ferrenhamente com C-Note para ser o personagens mais bucha de Prison Break) é preso. E lá vai Michael se entregar DE NOVO para livrar a cara do irmão DE NOVO. Desta vez, o dono da bola é Don Self, (o gorducho Michael Rapaport) um agente da Segurança Nacional que precisa das informações que Michael pode ter conseguido com Whistler (seu parceiro de fuga), a respeito de Scylla: um dispositivo ultra-super-plus-advanced que contém tudo o que de fato é importante para a Companhia (personificada na figura do Coronel Krantz, que já havia aparecido como o “bam-bam-bam” da Companhia na 2ª temporada). A obstinação do Coronel em proteger Scylla é o primeiro grande empecilho para Self, que monta um grupo para roubar o dispositivo. Entra em campo o Scylla Team: Michael, Lincoln, Mahone, Sara (que voltou dos mortos, afinal, não dava pra ver muito bem “de quem” era a tal cabeça decepada), Roland Glenn (um hacker asiático que não dura muito), Sucre e Bellick (que saíram de Sona pela porta da frente, logo após T-Bag meter fogo na penitenciária e Michael ter ficado puto da cara de não ter pensado nisso antes) são recrutados por Self, que promete conseguir perdão total para os membros do grupo, em troca de Scylla.
Numa megalomania que só ficaria convincente no seriado 24, o tal dispositivo não somente tem todos os arquivos pessoais da Companhia, como possui projetos tecnológicos que poderiam, literalmente, mudar o mundo. Neste ponto, o que já estava ruim, ficou ainda pior. A missão de Michael agora não era mais fugir de algum lugar, e sim roubar Scylla de uma instalação de máxima segurança: antes, para entregar o treco à Don Self e finalmente sair livre; depois (quando Don revela ser um novo vilão), para não deixar Scylla nas mãos do General e salvar o mundo (curiosamente, este dispositivo sempre esteve nas mãos do General, e ele nunca o tinha usado antes para tal finalidade). O que era simples questão de sobrevivência (bons tempos em que a coisa toda era só resgatar um retardado condenado à morte), virou um jogo de guerra dos brabos, onde todo mundo quer botar as mãos no dispositivo.
Com trejeitos de Esquadrão Classe A e Missão Impossível, a série seguiu nas incoerências dos roteiristas (provavelmente estagiários). A saída para Mahone e os irmãos trabalharem lado a lado numa boa foi das mais desleais: a Companhia mata o filho do ex-agente e todo mundo fica feliz. Michael descobre que tem uma doença que pode ser terminal se a Companhia não usar de seus especialistas para curá-lo. T-Bag tenta se tornar um cidadão de bem com uma identidade falsa (logo o T-Bag????). Bellick, que sempre foi uma puta pedra no sapato da galera, morre como herói. Sucre abandona o time (como se ainda não tivesse o rabo preso) e volta para sua família. A mãe dos irmãos também volta dos mortos (ressurreição é uma mania decorrente na série, como veremos uma vez mais).
Depois de uma longa pausa nas exibições (de dezembro de 2008, até o mês passado), a já gelada Prison Break prosseguiu no que seria o derradeiro circo de horrores da reta final. Além da correria acerca de Scylla e da destruição dos personagens que muita gente aprendeu a gostar (repito, principalmente pela incrível 1ª temporada), nossos heróis roteiristas resolveram despejar alguns elementos de novela das oito no seriado: Christina (Scofield's Mom) torna-se a principal vilã, Michael descobre que Lincoln não é seu irmão de sangue e, faltando 3 episódios para o encerramento da série, Sara faz um teste de gravidez...
Para não dizer que sou espírito de porco, aguardei os últimos dois episódios com certa esperança de que alguma coisa dessa loucura toda se solucionasse de modo eficaz, ou mesmo meramente convincente. Baixei o treco e, como disse antes, me obriguei a dizer algo a respeito (daqui para frente, usarei o artifício dos pontos de interrogação para tentar ilustrar minha impressão a respeito desta Series Finale).
Lincoln passa os dois episódios inteiros sangrando...e não morre (?). Michael, um homem que não é de ação, escala um prédio (??) para salvar Sara de T-Bag. Mahone resgata Lincoln, mesmo que isso signifique uma bala na cabeça de sua esposa (???). Como trunfo na manga, o General ameaça matar Sofia (namoradinha que Burrows descolou no final da 3ª temporada e que não aparecia na trama desde lá), em vez de ameaçar L.J., que está em seu poder (????). C-Note volta do limbo com uma saída milagrosa para tudo (?????). Recruta Sucre (??????). E a solução milagrosa é...Kellerman (???????), que tinha aparentemente morrido no final de 2ª temporada e que, agora, trabalha para a ONU (????????).
Fica ainda melhor: usando EXATAMENTE a mesma estratégia “Homem-Aranha” que Michael usou para invadir o QG do General, C-Note e Sucre entram no apê e salvam o dia (que diabo de General é esse que cai duas vezes no mesmo truque?). Michael leva um tiro no ombro e Sara (que é médica) manda ele ir entregar Scylla para a ONU, sem cuidar do ferimento (?????????).
Para fechar com chave de ouro, tudo termina com Michael, Lincoln, Sara, Sucre, Mahone e C-Note reunidos numa mesa, onde assinam a papelada do perdão.
- Mas e Pam? – Pergunta Mahone, sobre sua esposa, que estava sendo ameaçada pelo General.
- Ela está salva. – Responde Kellerman.
- E L.J.? – Pergunta Lincoln.
- Ele também está salvo. – Responde Kellerman, como se fosse um pastor de igreja.
Tudo simples assim. Sem explicar porra nenhuma. As coisas simplesmente iam acontecendo e o público (no caso, EU) ia engolindo. Pouco antes da cena final (que foi a única coisa que salvou o episódio), o absurdo máximo se fez presente quando mostram o destino de cada um dos personagens depois de quatro anos, e descobrimos que Kellerman, o mesmo cara que assumiu dezenas de assassinatos publicamente na 2ª temporada, virou SENADOR (???????????????????????????????????????).
Com um final de episódio bucólico e triste, Prison Break partiu com aquele gosto desagradável de algo que poderia ser lembrado somente pelo excelente entretenimento proporcionado em sua arrancada. É o que eu chamo de Síndrome de Arquivo-X, onde os executivos forçam a barra de um programa bacana (porque ele se mostra rentável e fideliza o público) e o sugam até o mesmo ser lembrado apenas por seu péssimo desfecho.
Uma pena mesmo. Prison Break, para mim, só teve duas temporadas.
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Maldita Fox.