Os que leram a HQ e detestaram;
Os que leram a HQ e adoraram;
Os que não conhecem a HQ e detestaram;
Os que não conhecem a HQ e adoraram;
Não há escapatória e não interessa se você leu o treco ou não: vai amar ou odiar e fim de papo. A única coisa certa aqui é que você simplesmente PRECISA assistir Watchmen. "Mas por quê?????", me pergunta o chorão lá do fundo, que ouviu falar por aí que este filme é coisa de nerd e está procurando qualquer motivo para não ter de gastar um troco suado no ingresso. Ele pergunta e eu respondo.=)
Bem, vou considerar que você NÃO LEU a história em quadrinhos na qual o filme é baseado (o que é mais provável), logo, não darei spoiler. Se não leu, sabe apenas (ou melhor, pensa que sabe apenas) que trata-se de um filme de “super-heróis”, e já tem um pré-conceito em mente. Esqueça. Esqueça o que você sabe sobre filmes ou histórias do gênero e entre na sala escura preparado(a) para uma experiência diferente de tudo o que normalmente perambula nas adaptações de quadrinhos para a tela.
Tem heróis, mas não há “super-heróis”. Tem ação, mas não é um filme de ação. Tem uma história considerada complexa e quase três horas de duração, mas cada detalhe, cada palavra, cada segundo de projeção é mais do que justificável para contar uma história de tantas vertentes. Inúmeros plots, que iniciam com um singelo assassinato (uma cena memorável, ao som de Unforgetable, de Nat King Cole) e culminam com um dilema moral que desconstrói todo o conceito do herói. Aliás, dizer que a cena do assassinato é magnífica é chover no molhado: com um acuro visual e uma direção de arte que beiram ao absurdo, cada segundo de tela é praticamente uma pintura, com mil referências das mais diminutas, que remetem aos saudosos anos 80 (época na qual se passa o filme), porém, em uma realidade onde fatos históricos que conhecemos são modificados pela existência de pessoas comuns que fantasiam-se para combater o crime.
O ano é 1985. Os Estados Unidos, sob o terceiro mandato do Presidente Nixon, encara o jogo de nervos da Guerra Fria contra a União Soviética, que está a um passo de trocar bombas nucleares com sua rival, mas não ousa tomar o primeiro passo. Esta paz melindrada se mantém graças ao grande às na manga dos americanos: o Dr. Manhattan, um fisico nuclear que, graças à um acidente com um experimento, torna-se o único herói com poderes de verdade, comparáveis aos de um deus. Com exceção do Doutor e do Comediante (um herói escroto das antigas que atua como operativo americano em guerras, crises e outros eventos nos quais sua força bruta e sua experiência de guerrilha se fazem necessários), os outros “vigilantes” são colocados na ilegalidade pelo governo e passam a viver a decadência de uma vida de homens e mulheres comuns, até que um deles é misteriosamente assassinado. O vigilante conhecido como Rorschach (o único que se recusa a parar, agindo na marginalidade) entra em campo para investigar o homicídio e traça a teoria de que há um matador de mascarados na cidade.
A trama, que começa simples, se desenvolve em proporções que podem vir a ser cataclísmicas, colocando em cheque a realidade de inércia dos heróis aposentados e, até mesmo, o status quo do limiar nuclear (ilustrado por um “relógio do juízo final”, que mede, de forma figurada, os ânimos entre as duas potências mundiais). A cada minuto de projeção, somos catapultados para essa realidade de desconstrução, tanto dos personagens, quanto da própria história americana. Os Estados Unidos é retratado de forma fascista ao se firmar através de seu poderio bélico e, ao mesmo tempo, este plot (que vem desde a HQ, devidamente escrita por um inglês, claro) denigre qualquer mérito estadunidense ao dar a entender (dizer com todas as letras, cof, cof...) que o Governo Americano mandou estourar os miolos de John Kennedy no Texas, ou que os americanos só foram capazes de vencer a Guerra do Vietnam porque contavam com o auxílio de um super-homem azul, que findou o conflito sozinho em uma semana (nesta cena, se faz presente a Cavalgada das Valquírias, de Wagner, homenagem pra lá de bacana à Apocalipse Now).
Já as peculiaridades dos personagens são demonstradas pelo dia-a-dia dos ex-vigilantes: seus problemas pessoais, suas aspirações, suas formas de tocar a vida já que agora não podem mais surrar bandidos. Do pacato Dan Dreiberg (o Coruja II), que se dedica a observar pássaros e gastar o seu tempo ouvindo as histórias mirabolantes do idoso Holli Mason (o Coruja original), até o multi-bilionário Adrian Veidt, que usa da imagem de seu alter ego, Ozymandias, para franquiar produtos e fazer rios de dinheiro.
Por falar no diabo, há de se tirar o chapéu pelas escolhas de elenco (quase todo desconhecido do grande público) e o desempenho do mesmo. Jackie Earle Haley já está sendo aclamado por seu desempenho como Walter Kovacs, vulgo Rorschach, um herói marginal e psicótico, de infância terrivelmente maculada, que vê no seu ofício de fazer justiça a única forma de sobrevivência, não parando de atuar como combatente do crime nem diante do apocalipse. Embora o personagem use uma máscara na maioria das cenas, Earle rouba a cena nos poucos, e cruciais, momentos em que aparece sem o seu disfarce manchado (o mais curioso é que, de 1993 até meados de 2006, o ator vivia de bicos, tais como dirigir limusines e entregar pizzas, entre outros labores menos glamourosos).
Outro que se destaca é Jeffrey Dean Morgan, no papel do insano Comediante, um herói da velha guarda que não tem pudor em meter murros em mulheres e humiliar outros heróis jogando certas verdades em suas caras. Como trata-se de um membro dos Minutemen originais, o personagem é retratado em várias épocas distintas, pelo mesmo ator, de forma muito convincente (ponto para a maquiagem, que fez um excelente trabalho em Morgan, mas não foi tããããão feliz no envelhecimento da atriz Carla Gugino, que faz a primeira Spectral nos tempos áureos e seu alter ego, Sally Jupiter, já em um asilo).
Os efeitos especiais podem desconcertar um pouco, já que quase todos eles giram em torno do Dr. Manhattan (um homem de cor azul brilhante). Em alguns momentos (raros) ele parece não convencer e talvez seja este o maior (e único) pecado técnico do longa. Há os eventuais slow-motions (marca registrada de Snyder), espalhados por todo lado, mas eles ditam um ritmo que considero importante para condensar a gama de informações que o roteiro despeja no espectador.
Está aí, talvez, o segundo e maior pecado de Watchmen: na ânsia de fidelizar a HQ, o roteiro do filme, embora não aborde todas as premissas da Graphic Novel (que foi editada em 12 partes), se esforça em manter os plots principais da trama, carregando a história com tanta informação que pode acabar pegando desprevenido os chamados “leigos” (aqueles que não leram a HQ), fazendo-os nadar num mar turbulento de acontecimentos (ao passo que os leitores, que já conhecem a história, desfrutam das sutilezas do filme de forma muito mais plena). Não que você saia do cinema com aquela sensação de “não entendi”, mas esta enxurrada acaba fazendo alguns terem a sensação de desgaste da história ao longo de 163 minutos de projeção, ao invés de pegarem as referências que permeiam por todo o trajeto e deliciar-se com elas.
Esta fidelidade acerca da obra é estampada em todo o filme de forma fulminante: quando os Minutemen nos são apresentados na já citada cena de abertura do filme, nota-se que as fantasias usadas pelos vigilantes são risíveis, quase carnavalescas (tal qual na HQ). Embora haverá quem dê risada nesta cena, nota-se que há um grau de coerência impressionante nesta escolha de roupas, dada a época em que se passa a história: se alguém aí duvida, basta ler os gibis de super-heróis que perambulavam pelas bancas dos anos 40 e 50, tudo muito colorido e ostensivo, conforme o que se convencionava que um herói deveria vestir naquele tempo. Esta decisão de manter os paradígmas da própria HQ (que foi usada como storyboard) pode ser um tiro no pé perante o grande público, mas denota todo um carinho tomado pelo Diretor e um respeito ímpar com os fãs dos quadrinhos. O mesmo cuidado foi tomado com quase todos os diálogos, que também são tirados “lipsis literis” da história impressa. A trilha sonora executada por Tyler Bates (antigo colaborador de Snyder em seus filmes), bem como o soundtrack escolhido a dedo (começa com Bob Dylan, segue com Simon and Garfunkel, continua com Billie Holiday, Jimi Hendrix, etc, etc, etc...) remetem qualquer um que tenha um mínimo de memória à época vintage, aliando-se perfeitamente a já comentada e estupenda Direção de Arte, que transporta cada desenho de Dave Gibbons para a tela com assustadora perspicácia (até o casaco de neve ridículo do Coruja está lá, igualzinho).
Outra prova desta tentativa de fidelidade do Diretor está na classificação etária do filme: censura 18 anos. Como a história pesada que é, Watchmen não poupa nas cenas brutais ou eróticas e, em alguns momentos, seus momentos violentos beiram ao gore. Assim como na HQ, é normal o Dr. Manhattan pipocar pela tela com seu bilau atômico de fora. Assim como na HQ, cães dilacerados e pessoas explodindo são apenas pano de fundo para uma história muito mais intensa. Esta decisão sacrificou mais da metade do público pagante que poderia ir conferir o filme, mas a integridade adulta da obra foi mantida.
Bem, vou considerar que você NÃO LEU a história em quadrinhos na qual o filme é baseado (o que é mais provável), logo, não darei spoiler. Se não leu, sabe apenas (ou melhor, pensa que sabe apenas) que trata-se de um filme de “super-heróis”, e já tem um pré-conceito em mente. Esqueça. Esqueça o que você sabe sobre filmes ou histórias do gênero e entre na sala escura preparado(a) para uma experiência diferente de tudo o que normalmente perambula nas adaptações de quadrinhos para a tela.
Tem heróis, mas não há “super-heróis”. Tem ação, mas não é um filme de ação. Tem uma história considerada complexa e quase três horas de duração, mas cada detalhe, cada palavra, cada segundo de projeção é mais do que justificável para contar uma história de tantas vertentes. Inúmeros plots, que iniciam com um singelo assassinato (uma cena memorável, ao som de Unforgetable, de Nat King Cole) e culminam com um dilema moral que desconstrói todo o conceito do herói. Aliás, dizer que a cena do assassinato é magnífica é chover no molhado: com um acuro visual e uma direção de arte que beiram ao absurdo, cada segundo de tela é praticamente uma pintura, com mil referências das mais diminutas, que remetem aos saudosos anos 80 (época na qual se passa o filme), porém, em uma realidade onde fatos históricos que conhecemos são modificados pela existência de pessoas comuns que fantasiam-se para combater o crime.
O ano é 1985. Os Estados Unidos, sob o terceiro mandato do Presidente Nixon, encara o jogo de nervos da Guerra Fria contra a União Soviética, que está a um passo de trocar bombas nucleares com sua rival, mas não ousa tomar o primeiro passo. Esta paz melindrada se mantém graças ao grande às na manga dos americanos: o Dr. Manhattan, um fisico nuclear que, graças à um acidente com um experimento, torna-se o único herói com poderes de verdade, comparáveis aos de um deus. Com exceção do Doutor e do Comediante (um herói escroto das antigas que atua como operativo americano em guerras, crises e outros eventos nos quais sua força bruta e sua experiência de guerrilha se fazem necessários), os outros “vigilantes” são colocados na ilegalidade pelo governo e passam a viver a decadência de uma vida de homens e mulheres comuns, até que um deles é misteriosamente assassinado. O vigilante conhecido como Rorschach (o único que se recusa a parar, agindo na marginalidade) entra em campo para investigar o homicídio e traça a teoria de que há um matador de mascarados na cidade.
The Minutemen - 1940 - Da esquerda para a direita: Silhouette, Traça, Dollar Bill, Coruja Original, Capitão Metrópole, Spectral Original, Justiceiro Encapuzado e Comediante (agachado).
Neste primeiro momento, o Diretor faz uso brilhante dos créditos iniciais para mostrar uma storyline da ascenção e queda dos heróis: desde a criação do primeiro grupo de vigilantes (os Minutemen), em 1940, passando pela influência destes mesmos heróis na cultura pop mundial, até a formação e dissolução do último grupo de vigilantes, quando a Lei Keene entra em vigor e tira o pessoal mascarado da ativa. Com cinco minutos de imagens quase estáticas que ilustram os momentos cruciais desta introdução, o Diretor nos presenteia com verdadeiras pérolas visuais, enquanto a música The Times They Are A-Changin, de Bob Dylan, embala uma das melhores aberturas de filmes que já vi (aliás, a trilha sonora é um espetáculo à parte, que comentarei adiante).A trama, que começa simples, se desenvolve em proporções que podem vir a ser cataclísmicas, colocando em cheque a realidade de inércia dos heróis aposentados e, até mesmo, o status quo do limiar nuclear (ilustrado por um “relógio do juízo final”, que mede, de forma figurada, os ânimos entre as duas potências mundiais). A cada minuto de projeção, somos catapultados para essa realidade de desconstrução, tanto dos personagens, quanto da própria história americana. Os Estados Unidos é retratado de forma fascista ao se firmar através de seu poderio bélico e, ao mesmo tempo, este plot (que vem desde a HQ, devidamente escrita por um inglês, claro) denigre qualquer mérito estadunidense ao dar a entender (dizer com todas as letras, cof, cof...) que o Governo Americano mandou estourar os miolos de John Kennedy no Texas, ou que os americanos só foram capazes de vencer a Guerra do Vietnam porque contavam com o auxílio de um super-homem azul, que findou o conflito sozinho em uma semana (nesta cena, se faz presente a Cavalgada das Valquírias, de Wagner, homenagem pra lá de bacana à Apocalipse Now).
Já as peculiaridades dos personagens são demonstradas pelo dia-a-dia dos ex-vigilantes: seus problemas pessoais, suas aspirações, suas formas de tocar a vida já que agora não podem mais surrar bandidos. Do pacato Dan Dreiberg (o Coruja II), que se dedica a observar pássaros e gastar o seu tempo ouvindo as histórias mirabolantes do idoso Holli Mason (o Coruja original), até o multi-bilionário Adrian Veidt, que usa da imagem de seu alter ego, Ozymandias, para franquiar produtos e fazer rios de dinheiro.
The Watchmen - 1977 - Da esquerda para a direita: Comediante, Spectral II, Dr. Manhattan, Ozymandias, Coruja II e Rorschach.
Aliás, o que não faltam no universo de Watchmen são personagens emblemáticos. Como destrinchar a condição humana sempre foi uma nuance na maioria das obras de Alan Moore (o escritor da HQ na qual o filme se baseia), Zack Snyder acabou transpondo essas premissas para os personagens em tela: Dan se vê no ócio do cotidiano, sozinho e longe de estar em forma. Laurie tem problemas em se relacionar com seu companheiro, o Dr. Manhattan, por este último ser tão poderoso, que está se distanciando de sua humanidade cada vez mais. Veidt demonstra tendências homosexuais mesmo quando não abre a boca (uma das mudanças, em relação à HQ, que mais incomodou grande parte dos fãs), e o Comediante se apresenta como alguém sem papas na língua, antagônico, visceral e capaz de qualquer coisa, o mais próximo que um personagem do filme chega de um anti-herói, mesmo que Rorschach (o personagem preferido da maioria, inclusive o meu) seja um sério candidato a esta vaga.Por falar no diabo, há de se tirar o chapéu pelas escolhas de elenco (quase todo desconhecido do grande público) e o desempenho do mesmo. Jackie Earle Haley já está sendo aclamado por seu desempenho como Walter Kovacs, vulgo Rorschach, um herói marginal e psicótico, de infância terrivelmente maculada, que vê no seu ofício de fazer justiça a única forma de sobrevivência, não parando de atuar como combatente do crime nem diante do apocalipse. Embora o personagem use uma máscara na maioria das cenas, Earle rouba a cena nos poucos, e cruciais, momentos em que aparece sem o seu disfarce manchado (o mais curioso é que, de 1993 até meados de 2006, o ator vivia de bicos, tais como dirigir limusines e entregar pizzas, entre outros labores menos glamourosos).
Outro que se destaca é Jeffrey Dean Morgan, no papel do insano Comediante, um herói da velha guarda que não tem pudor em meter murros em mulheres e humiliar outros heróis jogando certas verdades em suas caras. Como trata-se de um membro dos Minutemen originais, o personagem é retratado em várias épocas distintas, pelo mesmo ator, de forma muito convincente (ponto para a maquiagem, que fez um excelente trabalho em Morgan, mas não foi tããããão feliz no envelhecimento da atriz Carla Gugino, que faz a primeira Spectral nos tempos áureos e seu alter ego, Sally Jupiter, já em um asilo).
Os efeitos especiais podem desconcertar um pouco, já que quase todos eles giram em torno do Dr. Manhattan (um homem de cor azul brilhante). Em alguns momentos (raros) ele parece não convencer e talvez seja este o maior (e único) pecado técnico do longa. Há os eventuais slow-motions (marca registrada de Snyder), espalhados por todo lado, mas eles ditam um ritmo que considero importante para condensar a gama de informações que o roteiro despeja no espectador.
Está aí, talvez, o segundo e maior pecado de Watchmen: na ânsia de fidelizar a HQ, o roteiro do filme, embora não aborde todas as premissas da Graphic Novel (que foi editada em 12 partes), se esforça em manter os plots principais da trama, carregando a história com tanta informação que pode acabar pegando desprevenido os chamados “leigos” (aqueles que não leram a HQ), fazendo-os nadar num mar turbulento de acontecimentos (ao passo que os leitores, que já conhecem a história, desfrutam das sutilezas do filme de forma muito mais plena). Não que você saia do cinema com aquela sensação de “não entendi”, mas esta enxurrada acaba fazendo alguns terem a sensação de desgaste da história ao longo de 163 minutos de projeção, ao invés de pegarem as referências que permeiam por todo o trajeto e deliciar-se com elas.
Esta fidelidade acerca da obra é estampada em todo o filme de forma fulminante: quando os Minutemen nos são apresentados na já citada cena de abertura do filme, nota-se que as fantasias usadas pelos vigilantes são risíveis, quase carnavalescas (tal qual na HQ). Embora haverá quem dê risada nesta cena, nota-se que há um grau de coerência impressionante nesta escolha de roupas, dada a época em que se passa a história: se alguém aí duvida, basta ler os gibis de super-heróis que perambulavam pelas bancas dos anos 40 e 50, tudo muito colorido e ostensivo, conforme o que se convencionava que um herói deveria vestir naquele tempo. Esta decisão de manter os paradígmas da própria HQ (que foi usada como storyboard) pode ser um tiro no pé perante o grande público, mas denota todo um carinho tomado pelo Diretor e um respeito ímpar com os fãs dos quadrinhos. O mesmo cuidado foi tomado com quase todos os diálogos, que também são tirados “lipsis literis” da história impressa. A trilha sonora executada por Tyler Bates (antigo colaborador de Snyder em seus filmes), bem como o soundtrack escolhido a dedo (começa com Bob Dylan, segue com Simon and Garfunkel, continua com Billie Holiday, Jimi Hendrix, etc, etc, etc...) remetem qualquer um que tenha um mínimo de memória à época vintage, aliando-se perfeitamente a já comentada e estupenda Direção de Arte, que transporta cada desenho de Dave Gibbons para a tela com assustadora perspicácia (até o casaco de neve ridículo do Coruja está lá, igualzinho).
Outra prova desta tentativa de fidelidade do Diretor está na classificação etária do filme: censura 18 anos. Como a história pesada que é, Watchmen não poupa nas cenas brutais ou eróticas e, em alguns momentos, seus momentos violentos beiram ao gore. Assim como na HQ, é normal o Dr. Manhattan pipocar pela tela com seu bilau atômico de fora. Assim como na HQ, cães dilacerados e pessoas explodindo são apenas pano de fundo para uma história muito mais intensa. Esta decisão sacrificou mais da metade do público pagante que poderia ir conferir o filme, mas a integridade adulta da obra foi mantida.
Enfim, não sei se consegui me fazer entender, mas vou tentar sintetizar tudo num último parágrafo (ah, você leu tudo até aqui???? Não precisava...): Watchmen é um produto diferenciado de tudo o que foi feito até hoje para o cinema. Alguns podem considerar uma adptação fiel e, mesmo assim, detestarem. Outros podem considerar o mesmo e pagarem pau (that’s me). Certamente existirão, aos montes, os fãs xiitas que ignoram todos os conceitos de adaptação e acharão o filme uma heresia. Terão aqueles que entrarão no cinema sem saber de nada e sairão pior do que entraram, e haverão aqueles que entrarão sim sem saber de nada, mas terão suas concepções totalmente divididas em “antes de Watchmen” e “depois de Watchmen”. Uma coisa é certa: trata-se de uma experiência visual sem precedentes, que não se sabe se será para amar ou para odiar...
...mas com certeza será para ser visto.
***
Dica de filme:
Elenco: Malin Akerman (Laurie Juspeczyk/Espectral II), Billy Crudup (Jon Osterman/Dr. Manhattan), Matthew Goode (Adrian Veidt/Ozymandias), Jackie Earle Haley (Walter Kovacs/Rorschach), Jeffrey Dean Morgan (Edward Blake/Comediante), Patrick Wilson (Dan Dreiberg/Coruja II), Carla Gugino (Spectral I)
Duração: 163 minutos
Gênero: Ficção/Drama
Ano: 2009
***
Dica de filme:
Watchmen - O Filme (Watchmen)
Diretor: Zack SnyderElenco: Malin Akerman (Laurie Juspeczyk/Espectral II), Billy Crudup (Jon Osterman/Dr. Manhattan), Matthew Goode (Adrian Veidt/Ozymandias), Jackie Earle Haley (Walter Kovacs/Rorschach), Jeffrey Dean Morgan (Edward Blake/Comediante), Patrick Wilson (Dan Dreiberg/Coruja II), Carla Gugino (Spectral I)
Duração: 163 minutos
Gênero: Ficção/Drama
Ano: 2009
Watchmen conseguiu a proeza de desbancar Batman - Cavalheiro das Trevas como melhor adaptação de uma HQ, mesmo que seu final seja diferente do final dos quadrinhos e que muitos leitores da obra chiem por isso. Esta mudança, que altera os meios, mas mantém o objetivo proposto na HQ, se apresenta muito mais coerente e conveniente para o formato cinematográfico, e não compromete em nada o resultado impactante desta obra-prima.
3 comentários:
Isso é que eu chamo de uma crítica bem feita.
Amei o texto, muito bom.
Quando sair o DVD, fica de olho nas promoções das Americanas porque esse filme já é confirmado na lista de autalizações necessárias para minha filmografia (viu como também sei falar bonito...rs).
B.M.
Gostei da crítica. Li a hq e ainda estou na expectativa de assistir o filme. Espero que o filme não saia rapidamente de cartaz, como um amigo meu disse.
Grazi...
Tu é suspeita, mas eu te amo mesmo assim.=)
B.M.
Fabio...
Que bom que gostou do texto. Tb sou fã dos quadrinhos, e achei o filme fantático. Espero que goste dele tb.
Grande abraço.
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