Àqueles que não gostaram do gênero debatido no último texto publicado nesta coluna, sugiro que sigam para uma outra parte do site de sua preferência, pois pretendo, nas próximas linhas, abordar o segundo filme de uma leva que considero a “Santíssima Trindade” do western no cinema.
Diferente do que fiz com Matar ou Morrer no texto anterior, não precisei atravessar meio século para encontrar o próximo faroeste cuja estrutura de narrativa, sinopse, direção, atuações e roteiro me deixassem de queixo caído. Esse espécime surpreendeu em plenos anos 90.
Bingo para quem lembrou de Os Imperdoáveis, a obra prima que marcou o retorno triunfal da lenda viva Clint Eastwood ao gênero que o consagrou como ator nos anos 60 e 70.
Diferente do que fiz com Matar ou Morrer no texto anterior, não precisei atravessar meio século para encontrar o próximo faroeste cuja estrutura de narrativa, sinopse, direção, atuações e roteiro me deixassem de queixo caído. Esse espécime surpreendeu em plenos anos 90.
Bingo para quem lembrou de Os Imperdoáveis, a obra prima que marcou o retorno triunfal da lenda viva Clint Eastwood ao gênero que o consagrou como ator nos anos 60 e 70.
É sabido que Eastwood não fez seu grande nome somente entre tiros e cavalos. Desde 1971 que o septagenário cineasta se aventura por trás das câmeras em dramas contundentes e aventuras contemporâneas. Com o passar dos anos e somando experiência a cada filme que dirigiu, Clint deixou o estereótipo do pistoleiro durão para trás e passou a comandar seus projetos dramáticos com a tranqüilidade e a sutileza de um grande diretor.
Curiosamente, é aí que começa a história de Os Imperdoáveis: Will Munny (Clint) deixou para trás a vida de pistoleiro durão e cruel (o paralelo com a própria história do ator é inevitável) e resolveu tocar uma fazenda no Kansas com a ajuda dos filhos pequenos. Ao contrário de Clint, o fazendeiro está com os bolsos vazios e, como desgraça pouca é bobagem, sua criação de porcos (único sustento da família) está adoecendo. Como que mandado pelos céus (ou pelo próprio Capeta), surge o jovem Schofield Kid (Jaimz Woolvett) e faz uma proposta a Will: uma recompensa de 1000 US$ dividido aos dois se o matador aposentado acompanhá-lo no encalço de dois vaqueiros que retalharam o rosto de uma prostituta na longínqua cidade de Big Whiskey.
Deste jeito, como se o passado de Munny batesse a sua porta, o protagonista tem o seguinte dilema nas mãos: ou volta a matar por dinheiro uma última vez, ou morre de fome. Não demora muito para vermos Will, Ned Logan (seu antigo parceiro, interpretado por Morgan Freeman) e Kid seguindo em direção à Big Whiskey, o lar dos tais vaqueiros, das prostitutas que colocaram as cabeças desses a prêmio e do violento xerife Little Bill Daggett (Gene Hackman), que não está gostando nadinha desta história, uma vez que a tal recompensa promete trazer um banho de sangue ao seu distrito.
Enquanto o trio se aproxima da cidade junto com uma carregada nuvem, outros pistoleiros chegam no lugar, atraídos pelos 1000 dólares. Dentre eles, está o famigerado Bob, o Inglês (o finado Richard Harris), um matador cuja adoração pela Rainha da Inglaterra é proporcional à sua mira.
Não demora muito para que o circo pegue fogo, pois mais do que fama ou fortuna, é um duelo de egos que está vigorando: o ex-bandido bêbado e sanguinário que se vê cada vez mais perto de seu passado aterrador, os matadores calejados que buscam a recompensa, as meretrizes com sede de vingança, o xerife que protege a cidade com uma justiça duvidosa, tudo entorna em uma fatídica e arrepiante cena final, coroada com uma tempestade que profetiza um verdadeiro massacre.
Indicado em 9 categorias e recompensado com 4 Oscars em 93 (Melhor Filme, Melhor Direção para Eastwood, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Montagem), o projeto marca a primeira parceria de Clint e Freeman nas telas, mostrando uma química difícil de se ver por aí e reprisada recentemente no ótimo Menina de Ouro. Vale a pena enumerar também a atuação impecável de Gene Hackman, que empresta frieza e sarcasmo à Little Bill (e fora agraciado com um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por isso). Num desses acasos da vida, Hackman havia recusado o papel do xerife, voltando atrás da escolha somente por muita insistência de Clint (que também é o produtor do longa), que fazia questão de tê-lo no páreo.
Consagração merecida, também, ao eterno Clint, que levou sua primeira estatueta de melhor diretor, consolidando a qualidade desse cineasta nos dois lados da câmera. Duas outras indicações nesta categoria vieram a seguir nos filmes Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro, sendo que o diretor arrebatou o segundo Oscar neste último.
Nota-se, então, que Os Imperdoáveis pode ser considerado um grande marco. É um dos meus filmes favoritos e top three, para mim, no gênero western maduro, de conteúdo. Poderia enumerar uns dez filmes chamados “mais clássicos” nessa categoria, mas quantos deles nos fazem pensar?
Aguardem o próximo texto, que fechará esta trilogia do bang-bang, julgo eu, com chave de ouro. Para os mais curiosos, apenas uma dica:
Harmônica...
Curiosamente, é aí que começa a história de Os Imperdoáveis: Will Munny (Clint) deixou para trás a vida de pistoleiro durão e cruel (o paralelo com a própria história do ator é inevitável) e resolveu tocar uma fazenda no Kansas com a ajuda dos filhos pequenos. Ao contrário de Clint, o fazendeiro está com os bolsos vazios e, como desgraça pouca é bobagem, sua criação de porcos (único sustento da família) está adoecendo. Como que mandado pelos céus (ou pelo próprio Capeta), surge o jovem Schofield Kid (Jaimz Woolvett) e faz uma proposta a Will: uma recompensa de 1000 US$ dividido aos dois se o matador aposentado acompanhá-lo no encalço de dois vaqueiros que retalharam o rosto de uma prostituta na longínqua cidade de Big Whiskey.
Deste jeito, como se o passado de Munny batesse a sua porta, o protagonista tem o seguinte dilema nas mãos: ou volta a matar por dinheiro uma última vez, ou morre de fome. Não demora muito para vermos Will, Ned Logan (seu antigo parceiro, interpretado por Morgan Freeman) e Kid seguindo em direção à Big Whiskey, o lar dos tais vaqueiros, das prostitutas que colocaram as cabeças desses a prêmio e do violento xerife Little Bill Daggett (Gene Hackman), que não está gostando nadinha desta história, uma vez que a tal recompensa promete trazer um banho de sangue ao seu distrito.
Enquanto o trio se aproxima da cidade junto com uma carregada nuvem, outros pistoleiros chegam no lugar, atraídos pelos 1000 dólares. Dentre eles, está o famigerado Bob, o Inglês (o finado Richard Harris), um matador cuja adoração pela Rainha da Inglaterra é proporcional à sua mira.
Não demora muito para que o circo pegue fogo, pois mais do que fama ou fortuna, é um duelo de egos que está vigorando: o ex-bandido bêbado e sanguinário que se vê cada vez mais perto de seu passado aterrador, os matadores calejados que buscam a recompensa, as meretrizes com sede de vingança, o xerife que protege a cidade com uma justiça duvidosa, tudo entorna em uma fatídica e arrepiante cena final, coroada com uma tempestade que profetiza um verdadeiro massacre.
Indicado em 9 categorias e recompensado com 4 Oscars em 93 (Melhor Filme, Melhor Direção para Eastwood, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Montagem), o projeto marca a primeira parceria de Clint e Freeman nas telas, mostrando uma química difícil de se ver por aí e reprisada recentemente no ótimo Menina de Ouro. Vale a pena enumerar também a atuação impecável de Gene Hackman, que empresta frieza e sarcasmo à Little Bill (e fora agraciado com um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por isso). Num desses acasos da vida, Hackman havia recusado o papel do xerife, voltando atrás da escolha somente por muita insistência de Clint (que também é o produtor do longa), que fazia questão de tê-lo no páreo.
Consagração merecida, também, ao eterno Clint, que levou sua primeira estatueta de melhor diretor, consolidando a qualidade desse cineasta nos dois lados da câmera. Duas outras indicações nesta categoria vieram a seguir nos filmes Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro, sendo que o diretor arrebatou o segundo Oscar neste último.
Nota-se, então, que Os Imperdoáveis pode ser considerado um grande marco. É um dos meus filmes favoritos e top three, para mim, no gênero western maduro, de conteúdo. Poderia enumerar uns dez filmes chamados “mais clássicos” nessa categoria, mas quantos deles nos fazem pensar?
Aguardem o próximo texto, que fechará esta trilogia do bang-bang, julgo eu, com chave de ouro. Para os mais curiosos, apenas uma dica:
Harmônica...