Uma polêmica acerca de um episódio de Os Simpsons foi levantada pelo porta-voz do Centro Cultural Islâmico no Reino Unido e da Mesquita Central de Londres, nesta semana: em um dos episódios da nova temporada do desenho, Homer Simpson acusa seus novos vizinhos, uma família árabe, de serem terroristas.
Após descobrir que Amid (o patriarca da família em questão) apenas trabalha para uma companhia de demolição, Homer tenta se desculpar convidando os novos vizinhos para jantar, e é óbvio que o tal jantar acaba com gafes em cima de gafes (que vão de chacotas com o Alcorão – livro sagrado dos muculmanos, até brincadeiras com o nome de Alá).
Para quem conhece o programa, tal esteriótipo é mais do que normal, uma vez que Os Simpsons são famosos em tirar sarro de todo tipo de adversidade, cultura ou etnia. Nós mesmos, brasileiros, já estivemos sob a mira da série: quem não se lembra do famigerado episódio onde a família de Springfield visita o Brasil e deixa a moral já baixa do povo brasileiro (que está sempre valorizando o que é de fora e espezinhando o que vem daqui) debaixo-do-cu-do-cachorro?
Claro que, para nós, tudo não passa de um dos inúmeros shows estadunidenses que entram por um lado e saem pelo outro. Nossa cultura e liberdade democrática nos possibilita deixar rolar, principalmente por ser uma brincadeira com algo que não é importante para a grande maioria dos brasileiros (francamente, quantas pessoas aqui são preocupadas com a imagem que o país tem lá fora?).
Mas aí entra a questão muçulmana, em uma realidade onde a confiança no povo árabe é abalada dia após dia, com atentados perpetrados por uns poucos, mas que acabam generalizando toda uma nação. Além desta situação melindrosa, que não fica melhor com um programa de TV tão difundido quanto Os Simpsons fazendo estas apologias (mesmo que de brincadeira), há o fator religioso, que está no topo da lista de importância dos islâmicos.
Se para nós, ocidentais, católicos, capitalistas, democráticos, liberais, não existe nada sagrado em nosso cotidiano, por que havemos de julgar ou condenar a reação contrária ou mobilização quando atingimos algo realmente importante para alguém? Temos o direito de ridicularizar algo sagrado, que é colocado acima da própria vida de uma ou de milhões de pessoas? Que dá significado à essas vidas? E se não concordamos ou sequer acreditamos nessas crenças, isso nos dá o direito de insistir no desrespeito para com um povo que leva a religião a sério de tal forma que toda sua vida, cultura e liberdade se baseiam nisso? Como podemos nos considerar tão abertos, iluminados, esclarecidos e, principalmente, civilizados, se não conseguimos perceber quando cruzamos um limite tão primordial, tão absurdamente claro, tão categoricamente humano?
Não sou árabe, nem muçulmano, e sequer conheço alguém de lá, mas uma coisa é certa: Homer Simpson perdeu uma ótima oportunidade de ficar quieto.
Para ler a notícia, basta clicar aqui.
Após descobrir que Amid (o patriarca da família em questão) apenas trabalha para uma companhia de demolição, Homer tenta se desculpar convidando os novos vizinhos para jantar, e é óbvio que o tal jantar acaba com gafes em cima de gafes (que vão de chacotas com o Alcorão – livro sagrado dos muculmanos, até brincadeiras com o nome de Alá).
Para quem conhece o programa, tal esteriótipo é mais do que normal, uma vez que Os Simpsons são famosos em tirar sarro de todo tipo de adversidade, cultura ou etnia. Nós mesmos, brasileiros, já estivemos sob a mira da série: quem não se lembra do famigerado episódio onde a família de Springfield visita o Brasil e deixa a moral já baixa do povo brasileiro (que está sempre valorizando o que é de fora e espezinhando o que vem daqui) debaixo-do-cu-do-cachorro?
Claro que, para nós, tudo não passa de um dos inúmeros shows estadunidenses que entram por um lado e saem pelo outro. Nossa cultura e liberdade democrática nos possibilita deixar rolar, principalmente por ser uma brincadeira com algo que não é importante para a grande maioria dos brasileiros (francamente, quantas pessoas aqui são preocupadas com a imagem que o país tem lá fora?).
Mas aí entra a questão muçulmana, em uma realidade onde a confiança no povo árabe é abalada dia após dia, com atentados perpetrados por uns poucos, mas que acabam generalizando toda uma nação. Além desta situação melindrosa, que não fica melhor com um programa de TV tão difundido quanto Os Simpsons fazendo estas apologias (mesmo que de brincadeira), há o fator religioso, que está no topo da lista de importância dos islâmicos.
Se para nós, ocidentais, católicos, capitalistas, democráticos, liberais, não existe nada sagrado em nosso cotidiano, por que havemos de julgar ou condenar a reação contrária ou mobilização quando atingimos algo realmente importante para alguém? Temos o direito de ridicularizar algo sagrado, que é colocado acima da própria vida de uma ou de milhões de pessoas? Que dá significado à essas vidas? E se não concordamos ou sequer acreditamos nessas crenças, isso nos dá o direito de insistir no desrespeito para com um povo que leva a religião a sério de tal forma que toda sua vida, cultura e liberdade se baseiam nisso? Como podemos nos considerar tão abertos, iluminados, esclarecidos e, principalmente, civilizados, se não conseguimos perceber quando cruzamos um limite tão primordial, tão absurdamente claro, tão categoricamente humano?
Não sou árabe, nem muçulmano, e sequer conheço alguém de lá, mas uma coisa é certa: Homer Simpson perdeu uma ótima oportunidade de ficar quieto.
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