sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Pot Pourri.

Depois deste domingo de combate, a semana tem me rendido toda sorte de momentos. Como um caleidoscópio, os acontecimentos me rodeiam e misturam sentimentos hilários e de frustração, de triunfo e de consternação, de expectativa e de irritação.

Comecemos com uma visita, na terça-feira, a um amigo meu que trabalha em uma videolocadora no Bom Fim. O conheci há cinco anos, lá mesmo, quando fui procurar emprego achando que a vida era bela para um cinéfilo como eu, se conseguisse trampar numa locadora. Lembro que a primeira coisa que este amigo me disse quando eu estava na fila foi:

- Só toma cuidado com as piadas de judeus.

Na hora não me dei conta, até que fui aprovado e comecei a ver como as coisas funcionavam no lugar: pagamento por hora (a soma no fim do mês era pouco menos que uma mixaria), reuniões semanais expositivas e uma política de “não-interação” entre os colegas de trabalho que faria qualquer psicólogo babar em ir fazer um trabalho de antropologia por lá. Durei dois meses no emprego, tempo suficiente pra me divertir no vestuário do lugar com uma das funcionárias e casar com ela. Este amigo está lá até hoje. Haja fibra.

Enquanto falava com ele no balcão, minha ex-chefe abriu a porta e me intimou:

- Foi tu que andou falando mal de mim no Orkut?

- Bah, Fulana. Falei mal de tanta gente no Orkut que eu nem me lembro. Mas pode ser.

Então ela começou um bonito discurso sobre o sentimento das pessoas e o quanto elas poderiam se magoar com certas coisas que elas lêem por aí. Retruquei falando algo sobre a relatividade da mágoa, formas de machucar pessoas realmente efetivas e terminei dando um conselho de amigo pra vaca:

- Releva, Fulana. Se tu levar a sério tudo que falam mal de ti no Orkut, tu enlouquece.

Durante o embate, meu amigo se encolhia atrás do balcão. Depois deste domingo, aquilo pra mim foi uma terapia.

Falando em Orkut e em coisas que podem magoar pessoas, é impressionante como certos cadáveres não se animam em ficar na cova. Tentam desesperadamente colocar a cabeça para fora do buraco só pra ver se levam um tiro nela. Mas é uma pena, pois meu rifle está apontado em outra direção e eu não atiro em deficientes (ou incapazes, ou deficientes incapazes). Disso eu só posso dar risada.

Nesta semana também, tive meu primeiro contato com uma nutricionista (pelo menos profissionalmente falando). Acabei descobrindo que estou pesando menos (quando, na verdade, estou tentando ganhar peso) e que minha altura é menor do que eu pensava. Descobri também que a profissão de nutricionista é bem menos obsoleta do que eu supunha. Ou isso, ou peguei uma das boas. Planilhas, planos de dietas direcionados, substituições e complementos alimentares. Uma análise detalhada e uma rotina alimentar pra seguir. A consulta durou quase duas horas. Saí de lá com seis folhas A4 só de recomendações.

Momento impagável 1: ela quebrando a cabeça para tentar driblar o meu “supermetabolismo”.
Momento impagável 2: ela me perguntando quais eram meus horários de alimentação e eu dando uma sonora gargalhada.

Curioso também foi o sumiço da nossa cenógrafa, que saiu de uma festa no domingo e não foi mais vista. É claro que mil e uma atrocidades passaram pelas nossas cabeças. O primeiro procedimento é ligar para os contatos. Depois se liga para os hospitais, polícia e necrotérios. O negócio se espalhou como um rastilho de pólvora, e ainda hoje me perguntaram se já tinham encontrado a moça. Sim, encontraram. Ninguém pensou em procurá-la na facul, enfiada dentro de um livro enquanto fazia um trabalho de fim de semestre. Tsc. Tsc. Impressionante como um desaparecimento em um curto espaço de tempo alardeia tanta gente hoje em dia.

No mais, alguns papos amigáveis com o Diretor do curta Os Batedores, que me passou suas considerações e alguns momentos memoráveis deste domingo, na visão dele: coisas que, na hora, nos apavorou, mas depois a gente sempre ri de tudo isso. A cara da maquiadora quando ela viu a luminária de gesso caindo. O grito estilo “Tom e Jerry” do figurinista quando prendeu os dedos na cadeira. A expressão no rosto do ator, câmera em close-up, quando se deu conta de que nocauteou de verdade seu antagonista em cena (e a voz do Diretor atrás, no automático, dando instruções pra começar tudo de novo).

Como diria Forrest Gump: merdas acontecem. Quando não são trágicas, temos mais é que rir de tudo isso.

Um comentário:

Maria Morena Maia disse...

Lendo estes posts começo a achar que o que digo pra ti, às vezes, surte efeito. Bom saber. Até.