Neste ano, a apresentação ficou por conta da dupla Steve Martin e Alec Baldwin que, salvo a paródia impagável do filme Atividade Paranormal (paródia esta que você pode ver no vídeo abaixo), não garantiu a catarse. Baldwin até que é um bom sujeito, mas sempre preferi Steve Martin sozinho como MC do Oscar (saudades do tempo em que Billy Cristal literalmente montava em Jack Nicholson e gritava “Aiô Silver”).
Além da dupla aparecer menos do que o esperado e suas gags serem razoáveis, a festa em si estava substancialmente “simplificada” em relação a edições anteriores. Os cenários grandiosos, a pirotecnia, os números de dança, e mesmo as apresentações solo das canções que concorriam ao Oscar foram limados da noite, dando lugar a uma bacana – mas singela – apresentação única de dança (com cenários mínimos) para apresentar os candidatos a Melhor Trilha Sonora Original (prêmio que o filme UP levou por sua trilha marcante e melancólica).
Falando então do que realmente interessa (os prêmios, certo?), a Academia seguiu a premissa que este blog havia sinalizado no longínquo ano de 2009, quando o Oscar guinou suas atenções para o filme independente Quem Quer Ser um Milionário?, marcando a tendência das premiações para produções mais intimistas (leia-se “mais baratas”), em detrimento de mega-produções como, por exemplo, O Curioso Caso de Benjamin Button.
- Como assim? - Você pergunta.
- Confira abaixo. - Eu respondo.
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: GUERRA AO TERROR – O roteirista Mark Boal passou por cima de monstros oscarizados como Quentin Tarantino e os Irmãos Coen para faturar a estatueta. Justo? Não sei (o roteiro de Bastardos Inglórios era meu preferido nesta categoria), mas foi um dos primeiros prêmios da noite e acabou sinalizando o que estava por vir.
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: PRECIOSA – Se existisse um prêmio para Melhor Roteiro Absurdamente Chupinhado, Avatar levaria de barbada. Como essa categoria ainda não foi inventada e o nome do prêmio é apenas “Roteiro Adaptado” (e Avatar sequer estava na lista de indicados), restou a Geoffrey Fletcher a tarefa de arrebatar o Oscar com o roteiro de Preciosa. Ainda não assisti a este filme (que também é independente), mas me disseram que a história é bem pesada (Hã? Entenderam? Hein? Hein?).
MELHORES EFEITOS VISUAIS: AVATAR – Enquanto minha namorada e eu assistíamos, eu cantava a pedra de que este era o único Oscar (ao lado, claro, dos de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante) que era tiro certo, afinal, Avatar foi feito para ser um marco visual. Isso até instantes antes do anúncio, quando exibiram pedaços de Distrito 9 e Star Trek na festa e ela (minha namorada, caramba) virou pra mim dizendo “olha, não sei se é tão óbvio assim não”. Foi uma fagulha de fã que se acendeu nos meus olhos por um breve momento (afinal, adorei D9 e ST), apenas para ser apagada com a premiação de Avatar, que pode ser tão profundo quanto um pires, mas – verdade seja dita – mereceu esta estatueta.
MELHOR MIXAGEM E MELHOR EDIÇÃO DE SOM: GUERRA AO TERROR – Dois Oscars técnicos que eu tinha uma vaga esperança de que fossem para Star Trek (que tem um som muito F$#@), mas acabaram abocanhados por Guerra ao Terror. O prêmio de Melhor Edição de Som foi o primeiro a ser disputado diretamente pelos dois grandes concorrentes da noite (Avatar e Guerra ao Terror).
MELHOR CURTA-METRAGEM: THE NEW TENANTS – Não assisti a nenhum dos indicados e, como produtor de curtas, me sinto um protozoário por isso.=(
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO: LOGORAMA – Em uma categoria na qual até Antonio Banderas (que está parecendo Saddam Hussein com aquela barba) estava concorrendo pela produção de La Dama Y la Muerte, sobrou para o interessante Logorama o prêmio de Melhor Curta de Animação. Trata-se de um trabalho onde os personagens e cenários são feitos por todos os logotipos e logomarcas famosas que você possa imaginar. A premissa já é interessante. Agora que ganhou o Oscar, é mais que obrigatório, né não?
MELHOR MAKE-UP: STAR TREK – Tá aí um prêmio que eu jamais pensei que o filme de J. J. Abrams levaria (principalmente porque a maquiagem de Nero não me convenceu), mas não vi os outros dois filmes pra saber se foi merecido ou não. Um dos momentos impagáveis da festa ficou por conta de Ben Stiller – apresentando este prêmio – vestido de Na’vi.
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL: THE WEARY KIND (CORAÇÃO LOUCO) – Randy Newman (A Princesa e o Sapo) concorria com duas músicas da animação da Disney, mas o tema do filme Coração Louco (que já havia levado o Globo de Ouro) levou a melhor.
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL: UP – Já citado acima (piadinha pronta: mencionei também que essa trilha faz de UP um dos filmes mais DOWN do ano?).
MELHOR FILME ESTRANGEIRO: EL SECRETO DE SUS OJOS – Momento “me caiu os butiás do bolso”. O favoritíssimo filme alemão A Fita Branca (segundo José Wilker, o melhor filme de todos os mencionados na noite) foi passado para trás pelos hermanos. Coincidentemente, tinha assistido ao filme do diretor Juan José Campanella umas duas horas antes do início da transmissão do Oscar e minha namorada e eu tínhamos chegado a conclusão de que era um filme bem feito mas longe de ser oscarizável (leia-se boa direção, atuações ótimas, produção legal, mas roteiro morno e lugar comum). Ainda bem que não apostamos dinheiro nisso.=P
MELHOR EDIÇÃO: GUERRA AO TERROR – Mais uma que o todo-poderoso Avatar perdeu para Guerra ao Terror, que realmente tem um trabalho de edição angustiante. Como diriam lá no MDM, como é que se diz “Chupa, Avatar!” em Na’vi?
MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTO: MUSIC BY PRUDENCE – Um prêmio considerado menor, mas que protagonizou o momento “barraco” da noite, quando o diretor Roger Ross Williams e a produtora Elinor Burkett quase se digladiaram ao vivo e à cores. O motivo? O mesmo que faz Tom Cruise demitir os diretores de seus filmes: diferenças criativas. Além de ter corrido para o palco do Oscar e ter roubado o microfone de Williams, a zangada produtora ainda acusou a mãe do diretor de ter tentado lhe dar uma rasteira com sua bengala. Chinelagem é pouco, como podemos conferir no vídeo abaixo.
MELHOR DOCUMENTÁRIO: THE COVE – Ao ganhar este prêmio, o ator e produtor Fisher Stevens mostrou que a matança de golfinhos continua na moda. Hooway!
MELHOR FIGURINO: A JOVEM RAINHA VICTÓRIA – Não assisti ao filme, mas é o terceiro Oscar da figurinista inglesa Sandy Powell (que ganhou anteriormente por O Aviador e Shakespeare Apaixonado), então está tudo em casa.
MELHOR FOTOGRAFIA: AVATAR – O único prêmio que Avatar levou de Guerra ao Terror. Também merecido.
DIREÇÃO DE ARTE: AVATAR – E aqui se fecha a senda de vitórias do épico-dança-com-lobos-pocahontas-avatar. Viu? Não doeu nada.
MELHOR ANIMAÇÃO: UP – Embora estivesse concorrendo também como Melhor Filme da noite (façanha concebida anteriormente apenas por A Bela e a Fera), UP estava predestinado a levar este Oscar de Melhor Animação (dois no total). Nada mal, Sr. Fredricksen.
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: MO’NIQUE (PRECIOSA) – Não adiantou Penélope Cruz mostrar seu rostinho bonito ou Vera Farmiga ir vestida de repolho para a festa. Além de já ter sido eleita como uma das maiores vilãs cinematográficas de todos os tempos, Mo’Nique também foi protagonista do comentário mais infeliz do "mestre" José Wilker. Confira na foto abaixo.
MELHOR ATOR COADJUVANTE: CHRISTOPH WALTZ (BASTARDOS INGLÓRIOS) – O trabalho de Waltz neste épico de Tarantino ainda vai ecoar muito nas nossas orelhas, como a atuação de Heath Ledger em Batman – Cavaleiro das Trevas o faz há dois anos. Nada mais justo.
MELHOR ATRIZ: SANDRA BULLOCK (UM SONHO POSSÍVEL) – Após ganhar o Framboesa de Ouro de Pior Atriz pela comédia Maluca Paixão (e ir receber o duvidoso prêmio), a ex-psicopata Sandra Bullock ganhou o Oscar de Melhor Atriz que, muitos dizem, foi bem merecido. Essa eu respeitei. =O
Sandra Bullock em dois momentos: acima, ao receber o Framboesa de Ouro de Pior Atriz...
e abaixo, em uma premiação um pouco mais feliz.
e abaixo, em uma premiação um pouco mais feliz.
MELHOR ATOR: JEFF BRIDGES (CORAÇÃO LOUCO) – Depois de cinco indicações sem levar nada, eis que Jeff Bridges finalmente descobre como é que é ganhar um Oscar de Melhor Ator. Neste ano, a Academia utilizou de um sistema diferenciado para anunciar os concorrentes a Melhor Ator e Atriz: cinco atores ou atrizes foram ao palco e deram um depoimento sobre cada um dos indicados. O melhor depoimento ficou por conta de Tim Robbins, dizendo que Morgan Freeman o ensinou – no último dia de filmagem de Um Sonho de Liberdade – que uma amizade verdadeira se dá quando um amigo diz para o outro “Faz um favor, me traz um cafezinho, Pete. Seu nome é Pete, certo?”
MELHOR DIRETOR: KATHRYN BIGELOW (GUERRA AO TERROR) – A atriz, cantora e bicentenária Barbra Streisand foi chamada para anunciar o Oscar de Melhor Diretor. Por pura sacanagem (ou não), os organizadores do Oscar colocaram James Cameron e Kathryn Bigelow (ex-marido e mulher e concorrentes diretos na categoria) sentados um na frente do outro. Em um momento emocionante (e divertido, afinal, ver James Cameron nessa saia justa sempre será engraçado), Bigelow fez história sendo a primeira mulher a ganhar o prêmio, que viria a ser completo após...
MELHOR FILME: GUERRA AO TERROR - ...Tom Hanks fazer um papelão ao entrar correndo no palco e dizer o nome do grande filme da noite em Warp 5. Kathryn, que mal tinha saído do palco, teve de voltar sem entender nada para receber o Oscar de Melhor Filme junto com seu produtor e o elenco do filme. Um prêmio muito merecido, mas com um final de festa decepcionante, onde discursos e despedidas foram apressados porque a organização do evento não soube administrar o tempo (já havia transcorrido quase 4 horas de festa).
Enfim, foi uma exibição de altos e baixos, com direito a momentos ótimos (Tarantino e Almodóvar entregando o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro), momentos duvidosos (Sean Penn provocando a Academia ao dizer que eles tinham algo em comum: ambos ignoram atores realmente indispensáveis por longos períodos) e momentos realmente estarrecedores (como uma linda Demi Moore entrando para anunciar o In Memorian e os produtores do vídeo terem se esquecido de incluir Farah Fawcett na homenagem).
O que importa, de verdade, é que a Academia está se inclinando para uma tendência mais do que bem-vinda de premiação, sem se importar com cifras bilionárias (Avatar) ou se tal produção não é estritamente estadunidense (Guerra ao Terror, com seus módicos 11 milhões de dólares – quase tudo sob produção francesa), e sim se há o conteúdo e o talento autoral que tanto falta para os arrasa-quarteirões.
Guerra ao Terror, Preciosa, Quem Quer Ser um Milionário?, Crash e outros muitos que anonimamente são feitos por aí, podem ser filmes pequenos em estrutura e não terem campanhas de marketing megalomaníacas, mas atestam a grandiosidade criativa da qual o cinema precisa, atestam a genialidade de histórias que precisamos ver.
3 comentários:
E eu só tenho um registro a fazer: Kathrin Bigelow é minha nova ídola.
A mulher faz filme de baixo orçamento, ganha o Oscar por melhor direção e filme, e ainda deixa o ex, com sua produção bilionária, comendo poeira...sem falar que aos 5.9 tá podendo, e muito.
Já James Cameron, além de sair com o rabinho entre as pernas, casou-se com uma caveira, que não chega nem aos pés da beleza de Kathrin.
É, como diria a Mastercard, existem coisas que realmente não têm preço :)
E eu assisti ao Oscar feliz da vida, muito bem acompanhada, sabe...
B.M.
" ESPERO QUE ESSA MOÇA SAIBA CANTAR..." hehehehehahaha...o wilker tá gagá faz tempo! hehe...eu não sabia que ele disse isso??! zezuis...que furada! e os malucos da censura da globo cutucaram o Tony ramos por que ele disse que tinha medo dum negão desses,se referindo ao smuel jackson no PULP FICTIOS!!? ah, as maravilhas da tv!
enfim...brabei(de ficar brabo no conjuntivo do pasado imperfeito!) pelo D9 ter ficado de fora...podiam pelo menos ter falado algo a respeito do filme!!
só uma duvida?? o Jeff Pontes(!)cantou a musica mesmo nofilme?? por que se ele cantou vou ver esse filme!!
no mais, belo post!! pelo menos STARTREK ganhou um!!
abração!!
Grazi...
Muito bem acompanhada??? Aiaiai...=P
E falando de coisas que não têm preço, acabei de colocar outra foto impagável no post.;-)
(E sim, eu tb assisti ao Oscar muito bem acompanhado)=)
B.M.
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Sapão...
Me parece que o cara cantou sim. Ele cobra o escanteio e cabeceia, hehe.
Quanto ao José Wilker, ele me racha a cara desde os tempos de Coração Valente:
"Esse filme proporcionou muitos empregos."
(Falando das cenas de batalha, onde Mel Gibson usou um programa de computador pra fazer a multidão.)
Abs.
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