Esse título resume com precisão o planeta onde se passa a história do filme Avatar, do diretor James Cameron, que estreou mundialmente nesta última sexta-feira. Cameron, que não dava as caras na tela grande há 12 anos (desde o grandioso Titanic), trabalhou todo esse tempo nos bastidores dessa nova produção, escrevendo o roteiro, avaliando e criando conceitos, e no aguardo de uma tecnologia que lhe possibilitasse mostrar este novo universo com o máximo de realidade possível. Com o advento do 3D e do FullHD, o impossível tornou-se possível, e logo a equipe de marketing da 20th Century Fox iniciou uma campanha em massa que fez de Avatar o filme mais aguardado do ano.
Mas do que diabos trata essa superprodução? É a história de Jake Sully (Sam Worthington, novo arroz de festa de Hollywood), um ex-fuzileiro paraplégico que é chamado por uma companhia mineradora ao planeta Pandora, lar dos Na’vis (humanóides azuis primitivos de três metros de altura e aspecto felino). Os confrontos constantes entre os humanos e essas criaturas fazem com que os peles-brancas utilizem dos avatares – na’vis criados em laboratório e controlados telepaticamente pelos humanos através de um aparelho complexo (muito parecido com o princípio das cadeiras utilizadas por Morpheus e sua turma em Matrix) – para uma melhor aproximação com os nativos.
Até aí, tudo se encaminhava para algo que podia ser surpreendente. Um excelente início (com viajantes saindo de gavetas e flutuando em naves gigantescas, estilo o 2001 de Kubrick), bons conceitos e efeitos visuais animais (os avatares são perfeitos, inclusive sua interação com os atores e objetos reais), juntamente com a vontade de ver James Cameron metendo a mão na massa de novo (ele sempre foi um puta diretor, não importa o quanto Titanic pareça piegas) prometiam uma história fascinante. Isso durou até o exato momento no qual o avatar de Jake encontra Neytiri (Zoe Saldana que, infelizmente, não tem versão de carne e osso nesse filme), uma nativa que o leva até sua tribo.
Daí em diante tudo, absolutamente TUDO, é um amontoado de clichês que vai do ingênuo ao inacreditável. Você vê praticamente todos os filmes modernos de temática indígena jogados no roteiro (posso citar Pocahontas, Dança com Lobos, O Último dos Moicanos, e até o insosso Em Terreno Selvagem, só para começar) “alicerçados” por um time de personagens para lá de esteriotipados: encontramos o velho chefe da tribo, o empresário ganancioso que está se lixando para a natureza, o coronel linha dura difícil de matar (até cicatriz nas fuças o cara tem), a filha do chefe que se apaixona pelo homem branco, o maior guerreiro da tribo (que, claro, antipatiza com nosso herói), e até a velha sábia curandeira dá o ar de sua graça, todos lá, abraçados na velha história do homem branco contra o índio (ou qualquer outra tribo considerada primitiva), em busca das riquezas naturais de suas terras. O roteiro de Cameron é tão simplório que entrega – lá pelos 40 minutos antes do final – exatamente que fim levará Jake e seu avatar. Todos esses atropelos fazem o filme mais esperado do ano ter o roteiro mais batido da década.
E se a história de Avatar é mais do mesmo (o que não significa que o roteiro possui buracos, deixemos essa diferença clara), o mesmo não se pode dizer do visual do filme. Para mostrar o planeta e a empatia que seus habitantes azuis possuem com o mesmo, o diretor não poupou esforços: as imagens – aumentadas com a tecnologia 3D – são simplesmente de embasbacar. Pandora é um absurdo em cores, geografia e luzes (por sinal, tudo se ilumina no lugar, do mais simples arbusto, aos próprios na’vis, que brilham no escuro num visual muito bonito). Os lugares retratados no filme são escabrosamente delirantes, com direito a montanhas flutuantes e árvores com quilômetros de altura. A fauna e a flora do lugar também assombram, com espécimes animais dos mais estranhos e perigosos (lembrando muito os perigos de Jurassic Park), e plantas que se mexem e se iluminam em formas e cores fascinantes. E os índios deste lugar, com seus arcos e flechas, suas peles azuis, seus corpos esguios, e semblantes serenos e iluminados por sardas fluorescentes, fazem parte dessa fantástica composição, que deve ser vista com a devida tecnologia 3D (ou Imax, se você for um afortunado e tiver uma sala com essa opção na sua cidade), para nunca mais ser esquecida.
***
Avatar
Diretor: James Cameron
Elenco: Sam Worthington (Jake Sully), Zoe Saldana (Neytiri), Sigourney Weaver (Dra. Grace Augustine), Giovanni Ribisi (Selfridge)
Duração: 166 minutos
Gênero: Ficção Científica
Ano: 2009
O resumo da ópera pede que você, espectador acostumado a analisar as nuances de uma história bem contada e inovadora, desligue um pouco seu senso crítico, compre um belo pacotão de pipoca e não espere para conferir o filme em DVD, Blu-Ray ou no Torrent mais próximo: assista no cinema, e delicie-se com essa nova realidade visual.
4 comentários:
aí Édnei...gostei do que li...e realmente como eu esperava...
o filme se apóia todo nos efeitos mesmo!
e isso já me deixou fulo nos star wars mais novos...é tudo muito artifial...
mas pelo visto os efeitos do cameron são tão bons que ao invés de artificiais eles parecem reais!!?? hehe..
mas ainda vou esperar mais um pouco pra ir ver nos cinemas(se eu for!)..
belo post e critica...valeu mesmo!!
abraços!!
" Todos esses atropelos fazem o filme mais esperado do ano ter o roteiro mais batido da década"
Taí...isso sim foi um baita exagero....
a maneira que escreveu ficou bonita e "agil"...mas por favor né? ....sem truquezinhos de escrtita baratos...
Fala Sapão...
Vale uma ida ao cinema (se for pra levar a Sra. Anfíbia, é quase certeza de que ela vai gostar)...se bem que o valor que estão cobrando por essas sessões 3D são de amargar...
Abração.
---------
Jones...
Desculpe pelo truquezinho de escrita barata. Às vezes eu não resisto.=P
Abs.
eu achei um filme de "indio bonzinho", se não for em 3D o filme não tem graça...
Postar um comentário