segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Audaciosamente indo onde ninguém jamais esteve.

Há pouco mais de 7 meses, dias antes da estréia do novo Star Trek nos cinemas, escrevi minhas impressões sobre uma das minhas franquias preferidas de toda cultura Pop. O Universo Trekkie, através da série clássica de TV estrelada por William Shatner e Leonard Nimoy, já havia me arrebatado quando eu era um piá ranhento, e voltou a me conquistar – neste ano – quando baixei os 80 episódios do seriado dos anos 60 para rever. Foi uma experiência incrível, que não apenas resgatou um pouco daquele menino que passava suas manhãs na frente da televisão, como me possibilitou conferir toda a genialidade do criador e produtor da série – Gene Roddemberry – na minha melhor forma crítica. Em uma só palavra e sem medo de fazer referência: fascinante.

Mas eis que o Universo Trekkie se expandiu para filmes (os quais já havia assistido todos), livros (são tantos que, infelizmente, não poderei correr atrás) e outros quatro seriados, que abordaram não somente as aventuras da nave estelar Enterprise da série clássica, como trouxeram para as telas sagas protagonizadas por outras naves e tripulações, situadas em séculos diferentes das histórias do Capitão Kirk e Cia, mas contidas no mesmo universo mostrado na primeira série, constituindo uma cronologia. E é sobre uma dessas séries, cuja história se situa aproximadamente 80 anos depois da história do seriado clássico, que este texto trata.

Star Trek: The Next Generation (ou TNG para os Trekkies) estreou em vários canais americanos no ano de 87 (21 anos depois do encerramento da série clássica). Tinha este nome por trazer para o público uma tripulação bem diferente da qual os Trekkies estavam acostumados em uma nave que lembrava bem de longe a boa e velha Enterprise, mas que possuía o mesmo nome de guerra. Aliás, eram tantas as mudanças de conceitos que muitos apostaram que o programa seria um fracasso (o próprio Nimoy, intérprete de Spock, se recusou categoricamente a participar do novo projeto, prevendo um desastre). Obviamente, os descrentes estavam errados.

A série, que durou 7 temporadas, conta a história da USS Enterprise NCC – 1701D, uma nave classe Galaxy, com capacidade para 1000 pessoas (a antiga nave de Kirk tinha capacidade para 400), que tem a missão contínua de explorar novos mundos, novas vidas e civilizações, além de representar e proteger o espaço pertencente à Federação. Ao contrário de sua antecessora, a nova Enterprise D possui inúmeras áreas dedicadas ao lazer e aprendizado dos tripulantes (bar panorâmico, laboratórios, escola e o famoso Holodeck, do qual falarei mais adiante) e, embora seja a nave capitânia da Federação (e, portanto, tenha um absurdo poder de fogo), é uma nave voltada para a paz e exploração, tanto que parte das pessoas que vivem na Enterprise é formada por filhos dos tripulantes.

A tripulação principal de TNG é composta por personagens complexos e de diversas raças, cujas personalidades e dramas pessoais foram plot para muitos dos episódios (ao passo que, na antiga TOS, tudo girava em torno da tríade Kirk/Spock/McCoy, relegando o restante da tripulação ao status de “enfeite”). Eis a Nova Geração:

Capitão Jean-Luc Picard (Patrick Stewart) - Fã de chá Earl Grey e fascinado por arqueologia, o francês Jean-Luc Picard comanda esta nova Enterprise com a astúcia e elegância de um lorde europeu. Careca, franzino e quase um cinqüentão, a recepção do novo capitão não foi das mais suaves por parte dos fãs da série (que estavam acostumados com o arquétipo Kirk – do capitão galã e bom de briga), mas essa impressão de que Picard não era adequado para o comando caiu por terra à medida que o personagem mostrou-se um líder nato, um estrategista brilhante, e um homem cujo caráter inabalável é fonte de justiça, verdade, constância e inspiração. Há um meme na internet que usa a seguinte frase para descrever Jean-Luc Picard: “Qualquer um que é familiarizado com a série, irá facilmente admitir que ele é um dos melhores personagens já sonhados. É como Sean Connery, Indiana Jones, Lex Luthor e o Rei Salomão, todos em uma só pessoa.”

Primeiro-Oficial William T. Riker (Jonathan Frakes) - Uma das grandes mudanças de conceito no Universo Trekkie foi a adição do Primeiro-Oficial como o “faz tudo” do capitão. William T. Riker é o segundo-em-comando da Enterprise e sua diretriz básica é obedecer as ordens de Picard, EXCETO se essas ordens levarem seu capitão ao perigo. Desta forma, Riker acabou sendo o líder de campo de quase todas as explorações em planetas inóspitos, enquanto Picard comandava tudo da nave. Altivo, competente e rígido quando o assunto pede o cumprimento do dever (mesmo que isso o jogue contra um outro tripulante ao amigo), o diligente imediato encontrou na Enterprise um lar que o fez, inclusive, recusar diversos comandos de outras naves. Pessoalmente, o canadense Will Riker adora jazz, é um excelente jogador de poker e faz as vezes de “galã” da nave ao flertar com qualquer forma humanóide que seja do sexo feminino.

Tenente-Comandante Data (Brent Spiner) - Data é um andróide que foi encontrado pela Federação em um antigo planeta-colônia dizimado por uma estranha forma de vida. Criado pelo brilhante Dr. Noonien Soong, o andróide possui um cérebro positrônico que lhe permite uma espantosa capacidade computacional e habilidade para realizar a maioria das atividades humanas, com força e agilidade proporcionais a de diversos homens. Embora execute suas funções com perfeição, Data possui o desejo latente de se tornar o mais humano possível, tentando entender as nuanças das emoções e sentimentos que observa em seus colegas terráqueos, uma vez que é incapaz de sentir qualquer coisa. Este anseio por humanidade, aliado à sinceridade mecânica e sua aparência por vezes ingênua é responsável pela grande aceitação do público e por inúmeros episódios memoráveis da série.

Oficial Médica-Chefe Dra.
Beverly Crusher (Gates McFadden) - A Dra. Beverly Crusher é a responsável pela ala médica da nave. Sua postura decidida e passional, assim como sua ligação de anos com o capitão, tornam-na a única pessoa capaz de confrontar a personalidade de Picard. Além disso, ambos têm uma forte relação de amizade e ressentimento, uma vez que o marido de Beverly morreu sob as ordens de Jean-Luc.

Tenente Worf (Michael Dorn) - Outra das grandes mudanças atribuídas a TNG: a presença de um klingon (inimigos declarados da federação na época de Kirk) na ponte de comando. Filho adotivo de humanos após sua colônia ter sido devastada por romulanos, Worf espelha o relacionamento atual da Federação com o Império Klingon, pois é o único de sua espécie a servir na Frota Estelar (já que seu povo considera tal feito um ultraje). Leal e com o senso de honra inerente à sua violenta raça, o tenente Worf está em constante batalha para equilibrar sua educação e vivência humana com sua herança klingon, além de estar sempre em busca de suas origens, mantendo costumes e tradições dos seus antepassados guerreiros. É o único personagem regular em duas séries do Universo Star Trek (TNG e Deep Space Nine).

Engenheiro-Chefe Geordi La Forge (LeVar Burton) - Responsável pela Engenharia, Geordi é o melhor amigo de Data. Devido a uma cegueira congênita, usa um visor-prótese que lhe é encaixado em suporte nas têmporas e lhe permite enxergar através de espectros eletromagnéticos. Possivelmente o humano mais inteligente da nave (suas idéias, ao lado das de Data, já salvaram a Enterprise mais vezes do que qualquer um pode contar), La Forge não tem muita sorte com mulheres, tendo seus encontros constantemente frustrados por sua inexperiência.


Conselheira Deanna Troi (Marina Sirtis) - Um novo posto na ponte de comando, a cadeira de conselheira do capitão é ocupada pela meia-humana-meia-betazoid Deanna Troi, que graças à sua condição de híbrida, pode “sentir” as emoções alheias através de poderes telepáticos. Serena e doida por chocolate, Troi tem uma história antiga com Will Riker e, além de lidar com os medos e frustrações de toda a nave como psicóloga, tem de agüentar as visitas ocasionais de sua espevitada e escandalosa mãe.


Alferes Wesley Crusher
(Wil Wheaton) - O filho de Beverly Crusher começa a saga de TNG como um menino gênio de 12 anos curioso com qualquer coisa relacionada à Enterprise. Porém, a inteligência prodigiosa de Wesley já salvou a nave uma pá de vezes, conferindo-lhe, mais tarde, uma indicação do próprio Picard para ingressar na Academia da Frota Estelar. Embora sua presença inicialmente tenha sido detonada pelo público (e depois aceita...com reticências), pode-se dizer que Wesley Crusher é a alma da série, pois espelha a proposta da nova Enterprise de ser uma espécie de casa, escola, laboratório e nave de combate, imbuídos em um universo de conquistas e aprendizado.

Holodeck - Esta parte da nave ganha menção honrosa na galeria de personagens por ser um dos locais onde muitas das aventuras da Nova Geração se inicia. Trata-se de uma sala da Enterprise utilizada para diversão e treinamento da tripulação, que utiliza hologramas e feixes de campos de força para simular praticamente qualquer ambiente, cenário, ferramenta ou mesmo formas de vida e pessoas, detalhados com realismo através do banco de memória da nave. Você pode ler um artigo super interessante e detalhado sobre essa maravilha clicando aqui.

Com esta tripulação, TNG apresentou ao público uma gama de histórias e situações fantásticas que trouxeram os mais variados assuntos. Seguindo a escola da série clássica, a nova geração enfrentou crises, batalhas, dilemas morais, conflitos políticos, religiosos e culturais, porém, com um suporte de produção e efeitos muito além do que era disponível para Gene Roddemberry na década de 60. Se antes a Paramount não abria a mão e o produtor tinha de se virar com soluções criativas para problemas financeiros, desta vez Star Trek estava tendo um tratamento digno de uma brilhante saga. A qualidade inquestionável de TNG rendeu-lhe 18 Prêmios Emmy e dois Prêmios Hugo ao longo de seus 7 anos de existência, além de render 4 filmes para o cinema.

E se a produção era ostensiva, os roteiros não deixavam por menos: TNG inovou inúmeros parâmetros da ficção científica na TV ao usar autores como D.C. Fontana, Diane Duane, John D. F. Black, Michael Reaves, Ronald D. Moore, Richard Manning, e tantos outros monstros sagrados em seus episódios, conferindo uma qualidade absurdamente foda das histórias (principalmente as que eram exclusivamente sobre ficção científica). Foram pessoas assim, ao lado de Roddemberry, que trouxeram a paz entre humanos e klingons, que indagaram o que é considerada apenas uma propriedade e o que é – de fato – um ser artificial vivo e sesciente, que transformaram os romulanos em inimigos mortais da Federação, que nos trouxeram criaturas exponencialmente poderosas, que nos levaram à realidades alternativas e lugares onde um simples pensamento pode se materializar instantaneamente. E se episódios como The Inner Light, Cause and Effect, e Parallels, por exemplo, trazem o que há de mais grandioso no gênero da ficção científica na TV, a tripulação da Enterprise D – mesmo com uma gama de raças e criaturas de outros planetas – espelha o que há de mais humano na criação de Gene Roddemberry.

A série clássica é a mais popular das séries de Star Trek e, por isso, ganhou esta nova roupagem nas mãos de J.J. Abrams, mas é inegável que Star Trek: The Next Generation é – em todos os sentidos – o melhor seriado deste fascinante universo.

3 comentários:

Anônimo disse...

sem duvida...apesar do reconhecimento á serie original...foi o next generation quem "fisgou" a gurizada mais babona e transformou eles em pessoas melhores, como novos fãs da saga star trek...vi sempre na tv record e no canal 21 os episódios dessa fase...e curti muito!! todas asoutras depois vi poucos episódios...mesmo aquela que tinha uma borg gostosona, eu não tive " o clik" que me fizesse acompanhar as histórias!!!

até o nemesis eu vi e curti um pouco!!

abraços...

tomara que em 2020 surja uma nova saga!!

Édnei Pedroso disse...

Sapão...2020 não é muito longe não?=P

Anônimo disse...

não...é que 2020 fica bonitu estéticamente, bem!! dá mais "brilho" pra coisa!!

hehehe!!

não, que é isso..! é que em 2020 muita gente nova vai ter esquecido o que já saiu...aí vira febre de novo!! de cinco em cinco anos fica muito igual!!


abração!!!