quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Algumas (in)verdades natalinas.

Chegou o fim do ano, e com ele, toda aquela agitação dos “3Ps” (peru, presentes e promessas) que enchem as lojas com os mais variados tipos: do novo rico (que dormiu pé-de-chinelo, acordou milionário, e ainda pensa que champange é uma espécie de guaraná), ao populacho (que escolhe a roupa mais colorida no Balaião Oba Oba, ou o brinquedo mais barulhento no camelô, e passa no cego da esquina pra comprar um papel de presente mais “bunitu”). É claro que há também os chiques, os ricos de berços e os famosos de reality-shows, mas isso eu deixo para a Caras.


Olhando daqui, ele até parece um cara sério...


Neste correrê miserável, destaca-se a figura rotunda e emblemática do Papai Noel, aquele velho de barba grisalha e saco convidativo, que é puxado por renas de nomes cabalísticos (Cometa, Cupido, Trovão, Relâmpago, Rodolfo (?), etc...). É certo que, nos dias atuais, onde a informação corre mais que as tais renas, a pirralhada já está a par da “inexistência” do Papai Noel: sabem que há um tio beberrão por trás do casaco vermelho e da barba falsa, e que os presentes não são confeccionados por duendes (no máximo por pequenos chineses em fábricas de trabalho escravo, mas eles não usam gorros).


São Nicolau: o criador da bagaça.


O que pouca gente sabe é que o senhor conhecido como Papai Noel (ou Pai Natal, ou simplesmente Santa), não só existe, como não é exatamente um “bom velhinho”. Claro que há aquela fábula na qual, no século IV, um arcebispo chamado Nicolau Taumaturgo dava dinheiro anonimamente para os infelizes da sua região, jogando sacos de moedas pelas chaminés e implantando o que seria o primeiro exemplo de espírito natalino. Uma história bastante crível, na verdade, uma vez que a Igreja Católica sempre teve cacife para bancar empréstimos e os pobres daquela época usavam chaminés (ao contrário de hoje, onde lareiras são primazias de classes mais abastadas).


Santa e o Líquido da Vida.


Porém, o que foi criado como um gesto de solidariedade e união, vem se denegrindo com o passar do tempo. De São Nicolau dos devedores fodidos, o velho gorducho pulou para uma versão mais digerível, tanto comercial, quanto esteticamente (convenhamos, seria difícil de engolir ter de fazer compras e ser recepcionado por um arcebispo na entrada da loja). A internet cuidou para que fosse divulgado por aí que a imagem do Papai Noel como a conhecemos foi inventada numa campanha de marketing da Coca-Cola, por volta de 1930. Na verdade, o cartunista americano Thomas Nast foi o primeiro a divulgar um retrato-falado da lenda, em 1886, após encarar uma noite de tragos homéricos e orgias desavergonhadas com o homem: nascia o Papai Noel como o conhecemos hoje, de casaco vermelho e trenó, para combinar com o inverno do hemisfério norte.


O Papai Noel de Nast: aquilo ali na cintura dele é uma espada???


Uns poucos aventureiros ousam contar a história maquiavélica do verdadeiro Papai Noel. Oficialmente, trata-se de um bom velhinho que percorre o mundo em uma única noite, distribuindo presentes. Mas corre boatos de toda sorte: uns dizem que Papai Noel, na realidade, é um arcanjo que paga por sua ambição e seu castigo é pegar crianças ranhentas no colo e dar-lhes um pirulito durante os dois últimos meses do ano, em shoppings super lotados. Outros podem jurar que o Santa é um tremendo preguiçoso, deixando todo o trabalho sujo para seus sósias, espalhados no mundo todo, enquanto um garçom chamado Elvis Presley lhe serve água de côco em uma ilha paradisíaca.


Santabot: o implacável Papai Noel de Futurama.


Na HQ Lobo: The Paramilitary Christmas Special, vemos que o Coelhinho da Páscoa contrata o Lobo para matar o Papai Noel (e eliminar a concorrência), e descobrimos que o “bom velhinho”, na verdade, é um empresário facista que escraviza gnomos em uma fábrica de brinquedos. É uma história de ficção, claro (afinal, o Lobo não existe), mas já denota que há algo de podre no reino da Lapônia. Em Futurama, um pouco mais do verdadeiro caráter do Papai Noel é revelado em uma belicosa visão do futuro, onde ninguém sai de casa na noite de Natal, sob risco de ser vítima de um Papai Noel robô homicida. Nada mais justo.


Batida Policial em Dezembro de 1995.


O que sabemos com certeza é que o Papai Noel existe e tem um complexo industrial no Pólo Norte. Segundo sua última declaração de bens, ele também possui um Passati 86, um apartamento de dois quartos na Lapônia e uma residência de verão em Itatiaia, no Rio de Janeiro. Já foi fichado por excesso de velocidade, tráfico de entorpecentes, formação de quadrilha, falsidade ideológica e comercio ilegal de iguarias. Hoje cumpre pena em regime semi-aberto e faz trabalhos comunitários. Ele não é pai de verdade e sequer é casado (como podemos notar logo abaixo).


Papai Noel em boa companhia.


Por essas e outras, podemos concluir o porquê do Natal ser uma época tão dúbia, afinal, seu representante mais ilustre não decide se é um cara legal ou um velho sem-vergonha. Algumas pessoas ficam contentes e assam seus perus (ui). Outras preferem curtir sua depressão em paz e saltar de um prédio de 12 andares. Se perguntarmos ao Batman o que ele pensa do assunto...


Toma o que te mandaram!

5 comentários:

Aline C. disse...

Muito bom o teu texto. Eu e a mãe demos gargalhadas...hauhuahuahua

Graziela disse...

E eu que me achava intransigente com natais...

B.M.

Édnei Pedroso disse...

Ho-ho-ho! Feliz Natal, meninas.=P

venuss disse...

eu não acho o saco do Pai Natal nada convidativo.

Édnei Pedroso disse...

Aham, sei, sei...=P