Palavra complicada. Sentido simples. Nomear coisas sempre foi uma diversão. Saber nomear coisas, uma arte. Um desafio. A maioria das pessoas não se importa com isso. Ignoram o poder do nome. Ancestral. Visceral. Um nome errado na coisa certa. Pior. Um nome certo numa coisa errada. Uma coisa errada com nome errado então, um aborto.
Ele sempre foi metódico com tudo. Principalmente nomes. Gostava de usar apenas uma palavra para definir as coisas. Cansava menos. Parecia lógico. Como o prático que pensava ser, sentia essa necessidade de perder menos tempo de vida. Dispensar frases inteiras que podiam – deviam – ser substituídas por um simples nome. Não via mal nisso. Tinha noção, mas não tinha a plenitude da arte de nomear.
Lembrou de um conto de fadas, onde duas encarnações, Mazel e Shilimazel, duelavam pelo vinho do esquecimento. Mazel era um bom espírito. De boa fortuna. De boa vontade (ela de novo). Shilimazel, o oposto: mesquinho, sórdido. Como todas as divindades que se prezem, os dois resolveram fazer uma aposta cuja marionete era um mero mortal: em um ano, Mazel faria deste plebeu um homem rico e bem conceituado e Shilimazel estaria incubido de fazer este homem perder tudo em um segundo, assim que este ano findasse. Graças a um erro de nomenclatura, onde este homem chama uma “leoa” de “cadela” por influência de Shilimazel, o pobre diabo perde tudo o que conquistou – inclusive sua liberdade – e é sentenciado à morte.
Nomes são poderosos. Ele repensou essa história e decidiu que tentaria, a todo custo, dar nomes ideais para tudo. Desde sensações até situações. Não queria ser sentenciado. Sabia que guerras haviam começado por nomenclatura equivocada. Não queria isso para a sua vida. Mas ignorava a existência de pessoas que não gostavam de nomear as coisas. Por medo. Por peso da palavra. Por estígma. Mais uma prova de que nomes são poderosos. Contêm cargas. Às vezes pesadas. Às vezes pesadas demais.
Descobriu que existem tais pessoas. Descobriu que existem coisas inomináveis. Descobriu-se inapto à nomenclaturar. Como o islâmico que passou a vida toda ajoelhando-se para o lado errado. Deu nomes errados para coisas que julgava certas. Uma forma de enganar-se. Talvez. Pessoas adoram chamar amor de paixão. Ou paixão de desejo. Ou desejo de vontade. Ou alguma coisa de alguma coisa. Não importa. Por mais poderoso que seja, o nome não modifica o fato. Não modifica o ato. Pode começar uma guerra, mas uma guerra continua sendo uma guerra, não importa o nome que tenha.
A necessidade da nomenclatura existe, afinal. Mas existe também a necessidade de ponderação em detrimento da urgência do nome. Saber nomear é saber esperar pelo nome certo. Uma hora ele aparece. Uma hora ele aprende.
Ele sempre foi metódico com tudo. Principalmente nomes. Gostava de usar apenas uma palavra para definir as coisas. Cansava menos. Parecia lógico. Como o prático que pensava ser, sentia essa necessidade de perder menos tempo de vida. Dispensar frases inteiras que podiam – deviam – ser substituídas por um simples nome. Não via mal nisso. Tinha noção, mas não tinha a plenitude da arte de nomear.
Lembrou de um conto de fadas, onde duas encarnações, Mazel e Shilimazel, duelavam pelo vinho do esquecimento. Mazel era um bom espírito. De boa fortuna. De boa vontade (ela de novo). Shilimazel, o oposto: mesquinho, sórdido. Como todas as divindades que se prezem, os dois resolveram fazer uma aposta cuja marionete era um mero mortal: em um ano, Mazel faria deste plebeu um homem rico e bem conceituado e Shilimazel estaria incubido de fazer este homem perder tudo em um segundo, assim que este ano findasse. Graças a um erro de nomenclatura, onde este homem chama uma “leoa” de “cadela” por influência de Shilimazel, o pobre diabo perde tudo o que conquistou – inclusive sua liberdade – e é sentenciado à morte.
Nomes são poderosos. Ele repensou essa história e decidiu que tentaria, a todo custo, dar nomes ideais para tudo. Desde sensações até situações. Não queria ser sentenciado. Sabia que guerras haviam começado por nomenclatura equivocada. Não queria isso para a sua vida. Mas ignorava a existência de pessoas que não gostavam de nomear as coisas. Por medo. Por peso da palavra. Por estígma. Mais uma prova de que nomes são poderosos. Contêm cargas. Às vezes pesadas. Às vezes pesadas demais.
Descobriu que existem tais pessoas. Descobriu que existem coisas inomináveis. Descobriu-se inapto à nomenclaturar. Como o islâmico que passou a vida toda ajoelhando-se para o lado errado. Deu nomes errados para coisas que julgava certas. Uma forma de enganar-se. Talvez. Pessoas adoram chamar amor de paixão. Ou paixão de desejo. Ou desejo de vontade. Ou alguma coisa de alguma coisa. Não importa. Por mais poderoso que seja, o nome não modifica o fato. Não modifica o ato. Pode começar uma guerra, mas uma guerra continua sendo uma guerra, não importa o nome que tenha.
A necessidade da nomenclatura existe, afinal. Mas existe também a necessidade de ponderação em detrimento da urgência do nome. Saber nomear é saber esperar pelo nome certo. Uma hora ele aparece. Uma hora ele aprende.
Um comentário:
Depois preciso de legenda para entender isto aqui. Perdi alguma coisa e não entendi...Até.
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