
Noite anterior. Conforto do meu quartinho diminuto. Boa piada. Barulho do ventilador e a pressão de um aposento sem janelas. Escuridão. Logo me vejo numa sala iluminada com muitas pessoas sem rostos. Elas conversam entre si. Não sei qual é o evento, mas logo descubro. Um caixão é trazido e colocado à minha frente. Um velório, que beleza. Me pedem para pôr a tampa no esquife e dou uma olhada na defunta. Uma prima-tia que não vejo há uns anos. Seu rosto grotescamente contorcido. Olhos entreabertos. Coisa feia de se ver. Uma ótima desculpa para lacrar de vez o caixão. Quando seguro a tampa, eis que a mulher se mexe. Penso que é ilusão de ótica. Pisco forte. Ela se mexe mais. As pessoas começam a gritar e eu perco a voz. Tenho uma visão horripilante quando ela tem espasmos na minha frente e geme de dor. O rosto ainda contorcido. Cheio de veias azuis. Olhos embaçados de branco. Ouço a voz dela descrevendo o que ela sentia ao voltar da morte. Dor. Dor. Dor. Sentia-se pregada. Literalmente.
Acordei ofegante e suando. Pacote completo. Era 4 da manhã. Peguei um cobertor e me aninhei. Braços em volta da cabeça. Olhos abertos. Não consegui mais dormir. Depois de 24 horas acordado, ainda vejo o rosto medonho quando fecho os olhos. Vou pegar mais um copo de café. Volto.
Como uma criança medrosa, não quero dormir.
2 comentários:
Pesadelos servem, felizmente, para nos lembrar que eles terminam. Uma hora, eles findam. Até.
cara!!!depois de ter lido esse teu "sonho" acho q vou começar a tomar cafe tbm!!!!!ui!!!!*****
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