quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

“A guerra é uma droga.”

É o que prega a primeira citação de Guerra ao Terror, filme independente da diretora Kathrin Bigelow que concorre a nada menos que 9 Oscars, neste ano. Com meia dúzia de filmes medianos no currículo (fora o bacana Estranhos Prazeres e o bacaninha Caçadores de Emoção), Bigelow desponta como favorita a levar a estatueta dourada de Melhor Direção para a estante ao retratar com uma visão bem peculiar o conflito no Iraque.

O filme narra os 38 dias restantes para o rodízio da Companhia Bravo, um esquadrão anti-bombas do Exército Americano em serviço no Iraque, e os efeitos que a exposição ao constante perigo traz para os três integrantes da equipe: o ponderado Sargento J.T. Sanborn (Anthony Mackie), o temeroso recruta Owen Eldridge (Brian Geraghty) e o recém chegado Sargento William James (Jeremy Renner, concorrendo ao Oscar de Melhor Ator pelo papel), um especialista em desarmamento de bombas com predileção para o perigo.

Com um modesto orçamento de 11 milhões de dólares, atores desconhecidos bem sintonizados (não vou citar os conhecidos, pois fazem pontas desnecessárias de dois minutos), uma tensa câmera no ombro, e o ambiente hostil da devastada Bagdá, a diretora entrega um filme de grande impacto visual (com locações na Jordânia e refugiados iraquianos como figurantes) e alta periculosidade para as unhas (minha namorada não percebeu, mas acabei com as minhas): Guerra ao Terror impressiona ao descrever as situações de risco enfrentadas pela Cia. Bravo, a medida que o alucinado James (com Sanborn e Eldridge na cobertura) enfrenta a morte de frente (e muitas vezes sem proteção), em sua busca incessante por adrenalina e por desarmar bombas que poderiam mandar um quarteirão pelos ares.

Além do estado de sítio da capital iraquiana, o drama nos mostra os anseios desses soldados: o terror da morte em um lugar onde até os gatos mancam, o receio de não constituir família, ou o medo de voltar para casa e descobrir que o que realmente ama não está lá, são apenas alguns dos dilemas dos combatentes, cuja urgência de deixar a guerra é pontuada por um contador de dias para a rendição da Cia. Bravo. Nem preciso dizer que o perigo para a equipe aumenta a medida que a tal data se aproxima, certo?

Alardeado como o novo Platoon (inclusive pelo próprio James Cameron, rei do mundo, ex- marido de Bigelow e concorrente direto ao Oscar), Guerra ao Terror acerta ao não abordar o problema iraquiano de forma existencialista (como, por exemplo, visto no recente Sobre Leões e Cordeiros, de Robert Redford, onde o diretor questiona as ações americanas no Afeganistão), e sim sob o ponto de vista dos próprios combatentes, que estão ali para desarmar bombas e voltar inteiros para a base (sem se perguntarem se estão certos ou errados, se a galinha nasceu primeiro que o ovo ou vice versa, etc.) e sobre seus esforços em desbaratar dispositivos que só fariam estrago ao povo iraquiano que, provavelmente por terem provado a democracia americana goela abaixo, não faz o menor esforço para ajudar.

Para corrigir o erro crasso de ter lançado o filme direto para DVD no ano passado (pensando que se tratava de “mais um filme independente sem muita importância”), a Imagem recobrou sua sanidade e estreou o filme nos cinemas há duas semanas. Vale ressaltar que, além da estatueta de Melhor Diretor, Guerra ao Terror tem grande chance de levar o prêmio principal da noite do Oscar, desbancando o todo-poderoso Avatar.


***

Dica de filme:

Guerra ao Terror (The Hurt Locker)
Diretor: Kathryn Bigelow
Elenco: Jeremy Renner (Sargento William James), Anthony Mackie (Sargento J. T. Sanborn), Brian Geraghty (Owen Eldridge), Guy Pearce (Sargento Matt Thompson), Ralph Fiennes (Líder da Equipe Contractor)
Duração: 131 minutos
Gênero: Drama
Ano: 2009

Oremos por justiça no Oscar deste ano. Oremos.

2 comentários:

Anônimo disse...

eu vi esse filme um mês depois que foi lançado num festival lá em NY..apesar de ser cam, a imagem tava tão boa que até esses dias mostrei prum loco da locadora e nem ele acreditou que era cam...
mas o filme é bom!! aquela perrenga de snipers no meio do filme dá uma angustia do cão!!, hehe!!

abração!!

Édnei Pedroso disse...

É bom sim, e acredito que seja um daqueles que fica melhor a cada olhada.=)

Abs.