Após três anos de espera, finalmente consegui colocar os olhos em Herói, filme dirigido por Zhang Yimou (O Caminho Para Casa) e protagonizado pelo sempre carismático e igualmente veloz Jet Li (O Confronto).
O longa teve sua estréia no oriente em 2002 (chegou a concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na época) e, não fossem por Quentin Tarantino (o diretor de Pulp Fiction que fez a cabeça dos chefões da distribuidora Miramax para lançar Herói no ocidente), continuaria por lá mesmo (o trato foi simples: Tarantino emprestaria seu bom nome para fazer a chamada do filme). Demorou exatos dois anos para que Herói chegasse aos Estados Unidos, e mais um para que aportasse por aqui.
Toda esta espera acabou valendo a pena, tanto para a Miramax, quanto para os afortunados (como eu), que puderam conferir o épico chinês que conta como o guerreiro Sem Nome (Jet Li) derrotou sozinho os três espadachins mais poderosos de seu tempo, para garantir a integridade física do soberano Qin (Daoming Chen), senhor da província do norte, no tempo em que a China era dividida em sete territórios.
Simples como andar de bicicleta, esta introdução é apenas o rufar de tambores para o grande espetáculo, narrado através da direção serena de Yimou, da fotografia espetacular de Christopher Doyle (O Americano Tranqüilo) e, claro, das cenas de lutas (de deixar “Tigres” e “Dragões” roxos de vergonha) que tomam o status de coadjuvantes de luxo, dando a bola da vez para o roteiro de poucas palavras e sutilezas quase subliminares, que nos mostra que nem tudo é o que parece ser e toda história tem mais de uma perspectiva.
Para enfatizar este recurso da história (comparado ao filme Rashomon do diretor Akira Kurosawa, onde há várias versões para um assassinato, até a do morto), as cores de cenário e figurino mudam conforme os flashbacks, sublinhando as facetas da narrativa com significados obscuros e óbvios ao mesmo tempo: azul para amor e esperança, verde para juventude, branco para verdade e preto caracterizando a morte, sempre. Até o vermelho, usado inicialmente, denota claramente paixão e traição, como se o próprio semblante dos protagonistas fosse dotado de lascívia nesta parte da narrativa. Não só o imperador Qin, como o mais arguto dos espectadores notarão que há algo que não cheira bem ali.
Como se não bastasse, há que se tirar o chapéu para o elenco afiado. O ator Tony Leung, que fazia parceria com o diretor Jonh Woo quando este ainda tinha suas origens nos filmes de máfia chinesa, mostra a que veio, emprestando uma atuação sublime ao guerreiro Espada Quebrada e sua parceira de cena (Maggie Cheung, como a explosiva Neve Que Voa) também não deixa por menos. Uma pena que a bela Zhang Ziyi apenas tenha reprisado seu papel de aprendiz temperamental (idêntico ao feito anteriormente no filme O Tigre e o Dragão do diretor Ang Lee), mas isso deve mudar com o vindouro O Clã das Adagas Voadoras, onde a moça entra na pele de uma guerreira cega e tinhosa. E, por último, mas não menos importante, tem Jet Li, que sempre paga o filme.
Se todos estes predicados não forem suficientes para que você saia voando para o cinema mais próximo, então resta dizer que o filme de Yimou tem todas as chances de figurar na prateleira de obras primas num futuro próximo, e que suas cenas imbatíveis provavelmente perderão metade da graça em uma tela que seja menor que 3 metros.
***
Dica de filme:
Herói (Ying Xiong)
Diretor: Zhang YimouElenco: Jet Li (Sem Nome), Tony Leung (Espada Quebrada), Maggie Cheung (Neve Que Voa), Daoming Chen (Qin), Zhang Ziyi (Lua)
Duração: 96 minutos
Gênero: Ação
Ano: 2002
O reassisti na sexta passada. É impressionante como este filme não envelhece: continua belíssimo como imagem, e como história.
2 comentários:
rapaz...essa cena da mocinha no bosque florido é incrivel,hehe...eu voltei a cena das flores umas 10 vezes até enjoar...e as lutas com as gotas de a´gua são fódas!!
pena que é pra um grupo de fãs mesmo...
mas é melhor assim!!! a qualidade não se perde em favor das massas!!!
ah...e as cenas das flechadas eu sempre passo na locadora quando me lembro!!! sempre locam o filme, hehe!!
bom post!!bom filme!!
abraços!!
É, acho que tu tá certo, Sapão: quando um filme fica "pop" demais, muito da aura dele acaba se perdendo...se bem que Pulp Fiction está aí, heheehe.
Abração.
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