terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Bem-vindos ao Distrito 9.

Finalmente pude colocar os olhos em Distrito 9, filme de ficção científica do diretor estreante sul-africano Neill Blomkamp, produzido pelo ex-gorducho e ex-diretor de bons filmes Peter Jackson, que desembolsou “míseros” 30 milhões de dólares para que seu amigo Neill filmasse o que quisesse, após o projeto live-action do jogo Halo (que seria dirigido pelo sul-africano) ir para o...

...pausa para o trocadilho infame...

Baseado no curta Alive in Jorburg (do mesmo diretor), o filme traz uma sinopse genial demais, daquelas do tipo “incrível que ninguém tenha pensado nisso antes”: 20 anos após uma gigantesca nave-mãe aparecer flutuando sobre a cidade de Johannesburg (África do Sul), um milhão e meio de alienígenas refugiados vivem no Distrito 9, uma enorme área reservada e isolada na periferia da cidade que, ao longo dos anos, ganhou status de uma grande favela. Com os problemas inerentes a esse tipo de segregação (violência, saques, miséria, e todas as outras coisas que vemos por aí nos jornais da vida real, ou na esquina de casa), os cidadãos humanos exigem a remoção do tal distrito e a alocação dos aliens (chamados vulgarmente de “camarões”, tanto por seu aspecto físico, quanto pela conotação de inferioridade com a qual os humanos tratam seus refugiados) para outro lugar.

Com boa parte da ação em formato de documentário (entrevistas, imagens jornalísticas, amadoras ou de câmeras de segurança), nos é apresentado o MNU, órgão responsável pelas tratativas com os bichos e pela implementação do plano de evacuação. Wikus Van De Merwe, um irritante e racista funcionário do tal órgão, tem a missão de entregar todas as ordens de despejo para os alienígenas, porém, em uma de suas visitas, algo sai errado para Wikus e sua única saída acaba sendo confiar em Christopher Johnson, um dos odiados “camarões”.

Embora a estética de Distrito 9 seja das mais felizes – com Direção de Arte matando a pau, excelente edição e efeitos visuais (ambos concorrendo ao Oscar em suas respectivas categorias), e uma competente direção de Blomkamp (surpreendente para um “novato”) – o grande trunfo do filme ainda é o roteiro absurdamente ótimo de Terri Tatchell (em parceria com o próprio Neill), que espelha o lado mais cruel do ser humano em todas as esferas: se por um lado temos a criminalidade, a prostituição, o racismo, e até mesmo os costumes bárbaros de certas tribos africanas colocados à prova no Distrito 9, do outro temos a politicagem, a ganância e a busca pelo poder através dos manda-chuvas da MNU e suas pesquisas para a utilização e exploração da tecnologia alien (dinheiro, dinheiro, dinheiro...).

O feito de Distrito 9 não é apenas o de concorrer a 4 Oscars (além das duas categorias já citadas, o filme também concorre às estatuetas de Melhor Roteiro Adaptado e de Melhor Filme), é também o de colocar o batido plot dos alienígenas em um patamar jamais visto nas telas, ou seja, lado a lado com os problemas sociais mais sombrios enfrentados por todos (especialmente os excluídos e marginalizados) e isso, senhoras e senhores, faz deste filme um dos mais importantes do gênero.


***

Dica de filme:

Distrito 9 (District 9)
Diretor: Neill Blomkamp
Elenco: Sharlto Copley (Wikus Van Der Merwe), Jason Cope (Grey Bradnam), Nathalie Boltt (Sarah Livingstone), Vanessa Haywood (Tania Van Der Merwe), John Summer (Les Feldman)
Duração: 112 minutos
Gênero: Ficção Científica
Ano: 2009

Altamente recomendado para os fãs do gênero e/ou para os apreciadores de excelentes filmes.

6 comentários:

Edu disse...

Bom, as críticas que li diziam que este filme está num patamar superior a outras tentativas de fazer ficção científica "séria" (e existe outra?...). Não tive a oportunidade de vê-lo na tela grande mas vou me redimir imediatamente desta imensa falha cultural que me atormenta. Meus pitacos virão em seguida. Obrigado pela dica.
Mas antes verei um clássico do cinema fantástico, a obra prima "BBZ", não sei se conheces. Parece que só não foi aceita em Avorriaz para não humilhar os demais concorrentes...

Édnei Pedroso disse...

Mas você está com um produto da melhor qualidade, um excelente espécime do cinema fantástico gaúcho que, inclusive, já figurou por diversos festivais do gênero (inclusive o RioFan, um dos maiores do país). Esta noite, você é um feliz contemplador do "BBZ".

Viu? Isso que é inflada no ego, uahuahauhauhauauaha.=P

Anônimo disse...

boa resenha rapaz...acho que vejo uns minutos desse filme toda semana...

tenho clientes fiéis que já levaram ele umas 4 vezes e já reservaram de novo,hehe!!

abração!! e halo no ralo foi coisa de gênio!!

Édnei Pedroso disse...

Essa do Halo no ralo teve cara de pegadinha do Mallandro, né não?

Rááááá!!!!!=P

Edu disse...

Bem, crianças, assisti às duas obras, conforme prometido (o que, por si só, já é um acontecimento pois nem sempre cumpro minhas promessas...). Realmente, um BAITA filme. Enredo excelente, bons atores, fotografia e ritmo alucinante mas não exagerado. Gostei muito e acho que é superior a Avatar, tanto pelo enredo (tá certo, até filme da Xuxa tem enredo melhor que Avatar...), como pelos efeitos, muito mais realísticos.
Mas a decepção da noite ficou por conta de "BBZ"... Que porcaria de equipe de marketing que não divulga essa obra-prima pelo mundo afora? Que Romero, que nada. Que Mojica, que nada. O filme DEFINITIVO do gênero. Que atuações, que fotografia, que efeitos!!! Mudou, para sempre, minha maneira de ver cinema!
Isto, sim, é CINEMA!

Édnei Pedroso disse...

Nada mais justo, nada mais justo...=P