quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Previously on 24...

06 de Novembro de 2001...

O senador da Califórnia David Palmer liderava as pesquisas na corrida à Casa Branca, transformando-se no primeiro homem negro com chances reais de eleger-se presidente dos Estados Unidos. Além da esperança de mudança, o político também instigava a oposição de certos grupos e um deles, mais extremista, resolveu engendrar uma tentativa de assassinato ao candidato.

Este foi o plot do episódio-piloto da série 24 Horas, que trouxe o ator Kiefer Sutherland como Jack Bauer, o encarregado da CTU (Counter Terrorist Unit) que passa as piores 24 horas de sua vida. Com o formato Real Time (cada minuto em tela equivale a um minuto na vida real) e um recém interesse mundial pelo tema do terrorismo (o ataque ao WTC em setembro do mesmo ano), o seriado conquistou uma audiência absurda e sucesso de crítica e público ao mostrar as peripécias de Bauer para proteger o senador, resgatar sua própria família sequestrada e descobrir um suposto traidor dentro da CTU. Tudo ao mesmo tempo.

Lá por 2006, eu já estava careca de ouvir falar sobre 24 Horas (que já estava na 5ª Temporada). Como a série aborda os acontecimentos de um dia em uma temporada inteira (24 episódios de 1 hora cada, sendo 44 minutos de história mostrada e 16 minutos de comerciais – provavelmente usados para os personagens irem ao banheiro, comerem, trocarem de roupa, etc...), muita gente tinha que esperar uma semana ou mais pelo próximo episódio para acompanhar o desenrolar da trama sem chupar bala. Diferente da grande maioria dos seriados, onde há laços entre os episódios, mas cada episódio é uma história fechada. Resumindo, 24 tinha um formato que eu abominava só de pensar e nunca me despertou interesse...até um colega de trabalho me emprestar o box da 1ª Temporada.

O estrago estava feito. Além de descobrir que a melhor forma de assistir a uma série é em DVD (onde podemos ver vários episódios seguidos), fui atingido por uma maratona de 24 Horas: devo ter visto toda a temporada em 4 dias úteis, e queria mais. A narrativa não era só sequencial, mas envolvente de uma maneira que me fazia começar outro episódio quase que automaticamente. Roteiros com reviravoltas, tensões (com garantia de surpresas a cada 5 minutos), ação e uma produção de longa-metragem garantiram minha fidelização.

A evolução dos personagens e a periculosidade de seus trabalhos também são abordados de uma maneira incisiva e diferente de qualquer outra série: como toda a história se passa em apenas um dia, personagens realmente importantes podem aparecer em dois ou três episódios e só retornarem em outra temporada. Como a maior parte dos personagens-chave normalmente estão em situações de perigo ou na linha de frente, não é raro algum (ns) deles morrer (em). Também é comum alguém entrar na trama como um suposto vilão e salvar o momento, bem como alguns personagens que temos certeza absoluta de que são confiáveis mostrarem-se os piores dos vilões.

Outras qualidades que fizeram de 24 Horas um fenômeno também me cativaram. A edição, sempre vertiginosa (com telas divididas, ações acompanhadas por várias câmeras ao mesmo tempo e a presença de um relógio digital no meio da tela, que nos lembra da urgência dos personagens de resolver um impasse ou descobrir algo “antes que o gás seja lançado”), mostrava os acontecimentos envolvendo Jack, paralelamente aos acontecimentos relativos à CTU e ao Alto-Escalão do Governo, possibilitando a cobertura do espectador em todos os ângulos. A trilha sonora mais que perfeita de Sean Callery também é ponto a favor, dando ênfase às (inúmeras) reviravoltas já citadas.

Mas é possível que a maior arma da série seja seu protagonista. Jack Bauer não é exatamente um agente comum. Dotado de treinamento de combate, perspicácia e uma boa dose de crueldade (o que se descobre no andamento da carruagem), Jack é capaz de fazer QUALQUER COISA para garantir a segurança nacional. Embora inicie a 1ª Temporada como Diretor da CTU, não demora muito para que Jack quebre um milhão de protocolos para fazer o que deve ser feito. Mesmo que, para isso, tenha que se voltar contra sua própria agência, seus amigos, ou o próprio Governo Americano (sim, parece discrepante que, para defender o país, um agente federal deva desobedecer o Governo, mas estamos falando de Jack Bauer, porra).

Enfim, mesmo com os altos e baixos que pulularam pelo seriado (a 6ª e última temporada, por exemplo, iniciou magistralmente bem e terminou magistralmente mal), 24 Horas segue firme e sem perspectiva de cancelamento. Graças à greve dos roteiristas (é nóis, mano=P), a 7ª Temporada foi adiada por um ano, mas janeiro está logo aí e fico na torcida de que todas essa pérolas que fizeram de 24 Horas a minha série favorita continuem presentes.

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05 de Novembro de 2008...

O senador de Illinois Barack Obama consagra-se como o primeiro homem negro a vencer a eleição para a presidência dos Estados Unidos. Embora possua grande carisma e já tenha demonstrado liderança no Senado Americano, Obama (cujo nome lembra Osama), possui um “Hussein” no sobrenome (seu nome completo é Barack Hussein Obama II) e é negro (nada contra, só para enfatizar). Para um homem com essas peculiaridades vencer uma eleição num país que sempre foi marcado pelo conservadorismo e racismo, das duas uma: ou o parágrafo do discurso da vitória abaixo (proferido hoje em Chicago) faz muito sentido...

“Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta.”

...ou os americanos se deram conta de que fizeram uma merda tão grande, tão grande, mas tão grande nas últimas duas eleições que resolveram não arriscar.

Pessoalmente, voto na segunda (mesmo que os estadunidenses nunca admitam).

4 comentários:

Aline C. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Aline C. disse...

Cara, fiquei super empolgada com as eleições por lá. Ontem, só fui dormir após ouvir o discurso de McCain e, principalmente, o Obama. Gostei tanto do que ele disse, que acabei postando todo o texto lá no blog. É gigante, mas lindo.
Tomara mesmo que Obama consiga realizar tudo o que pretende.

Graziela disse...

Well, well. Não quero desmerecer o new president, que tem uma história de vida que daria um filme e tanto. Mas, convenhamos que pra ser melhor que G.W.Bush não precisa ser assim graaande coisa. Eu torço pelo Obama, não que isso fará grandes diferenças...

Agora, tu falas do 24 Horas e eu não posso deixar de lembrar do ator, na sua encarnação de Jack Bauer, sendo o garoto propaganda da Citroen, em uma campanha que entrou no ar na mesma semana em que o cara foi preso por dirigir embrigado.
Se imagem é tudo, então...

B.M.

Kel disse...

Uau!!! 24 horas também me "enganchava", como se diz aqui. Vicia mesmo, eu adorava. Realmente, nao sei se foi uma coisa meio Nostradamus ou o povo realmente tava de saco cheio da velha fórmula. Em pensar que eu, quando trabampava de garçonete, servi quase uma garrafa de Chivas para ele e ainda escutei alguns elogios...velhos tempos...
Beijos!