Estreou nesta terça-feira o média-metragem Sonho Lúcido, novo expoente da produtora independente Tarântula Filmes, em parceria com a produtora InMovimento, ambas de Porto Alegre. Dirigido por Pedro Breitman e Maurício Gyboski e roteirizado por este último, o filme conta a história de Antônio Carlos, um rapaz que enfrenta a dúvida cruel que recai sobre quase todos os jovens de classe média-alta: para qual curso prestará o vestibular. Embora exista uma tradição familiar que o envereda para a medicina, Toninho não faz a menor idéia do que fará, até que um sonho (o “sonho” do título) pode lhe dar a resposta.
Com esta fórmula simples (e que está no trailer, que você pode conferir aqui), Maurício e Pedro retornaram a dobradinha que iniciaram com o curta-metragem InPoliticamente Correto, filme também independente com o qual concorreram em vários festivais de cinema pelo Brasil e com o qual venceram alguns prêmios (para assistí-lo no YT, clique aqui para a Parte 1 e aqui para a Parte 2 ). Como estes dois filmes foram os primeiros e únicos da dupla (por enquanto), não há como não traçar paralelos entre ambos. Antes de iniciar esta resenha, devo abrir um parênteses e lembrar que trata-se de dois espécimes do curta-metragismo independente gaúcho, e quando cito aqui a palavra “independente”, quero dizer que não há Governo, não há lei de incentivo e nem um anjo da guarda milionário que segura as pontas: tudo é feito com verba própria dos realizadores, apoios não-financeiros de algumas entidades e empresas e muita disposição e amor à sétima arte. Desta forma, posso dizer que Pedro e Maurício (este último com quem já contracenei e trabalhei em três curtas) são meus colegas no núcleo de cinema de guerrilha de Porto Alegre.
Com esta fórmula simples (e que está no trailer, que você pode conferir aqui), Maurício e Pedro retornaram a dobradinha que iniciaram com o curta-metragem InPoliticamente Correto, filme também independente com o qual concorreram em vários festivais de cinema pelo Brasil e com o qual venceram alguns prêmios (para assistí-lo no YT, clique aqui para a Parte 1 e aqui para a Parte 2 ). Como estes dois filmes foram os primeiros e únicos da dupla (por enquanto), não há como não traçar paralelos entre ambos. Antes de iniciar esta resenha, devo abrir um parênteses e lembrar que trata-se de dois espécimes do curta-metragismo independente gaúcho, e quando cito aqui a palavra “independente”, quero dizer que não há Governo, não há lei de incentivo e nem um anjo da guarda milionário que segura as pontas: tudo é feito com verba própria dos realizadores, apoios não-financeiros de algumas entidades e empresas e muita disposição e amor à sétima arte. Desta forma, posso dizer que Pedro e Maurício (este último com quem já contracenei e trabalhei em três curtas) são meus colegas no núcleo de cinema de guerrilha de Porto Alegre.
A primeira coisa que salta aos olhos em SL é a qualidade visual que, comparada ao InPoliticamente, deu um grande salto. Não só pela bitola (de DV para XD), mas também pela técnica (takes mais sólidos, uma ótima fotografia) e a arte, que erra na escolha de algumas locações, mas se desculpa com o espectador ao criar sets muito realistas e acertar em cheio nos figurinos. Se em InPoliticamente alguns desses aspectos tinham problemas, o roteiro de Gyboski para este novo filme perde para o anterior ao arriscar menos em sua densidade e verborragia, conferindo um clima mais cômico à SL ao passo que, em InPoliticamente, constituía-se em humor negro. Haverá quem goste e se identifique com o texto, claro, mas minimizando os riscos da narrativa, o filme perde chances de deslanchar nas várias situações que apresenta acerca dos possíveis futuros de Toninho. Um artifício que coincide mais com a intenção do Maurício de nos trazer uma comédia dramática, e não propriamente um drama.
Vale salientar também o elenco do filme, que traz uma boa tríade de protagonistas. Felipe De Paula consegue transmitir a insegurança juvenil do personagem principal, que encontra a si mesmo 30 anos no futuro em várias situações (algumas engraçadas para o público e outras sérias para qualquer um). Ingra Liberato faz sua parte e traz caras, bocas e sotaques para as várias pesonagens que interpreta (ora como empregada, ora como esposa, ora como cliente ou senhoria de Antônio Carlos). Mas há de se destacar as atuações de João Diemer como as várias versões do Antônio Carlos do futuro. O ator (que já havia trabalhado com os diretores em InPoliticamente, onde não tinha sido tão bem aproveitado) consegue superar o restante do elenco com interpretações sutis e verossímeis. Percebe-se que todos os Antônios são a mesma pessoa, mas percebe-se também que cada um deles foi modificado por uma história de vida distinta. Para um ator conseguir transmitir isso, ele tem que ser, no mínimo, excelente. Por fim, o filme traz também a premiada atriz Araci Esteves fazendo uma ponta como a mãe de Toninho.
O média estará em cartaz (somente em Poa) no Cinebancários (Rua General Câmara, 424) até o dia 23 de novembro (dia 21 no horário das 14:30h e nos dias 22 e 23 no horário das 15h), um dos mais novos e charmosos cinemas da capital gaúcha, cujo slogan é “Uma janela para o Brasil”, enfatizando a importância de divulgar o trabalho do cinema nacional (inclusive, e principalmente, o independente). Depois do dia 23, o filme segue com exibições e debates na Sala Redenção (Campus Central da UFRGS), do dia 24 ao dia 27 de novembro (no horário das 14h), sempre com entrada franca.
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Dica de filme:
Sonho Lúcido
Diretores: Pedro Breitman e Maurício Gyborki
Elenco: Felipe de Paula (Antônio Carlos), João Diemer (Antônio Carlos no futuro), Ingra Liberato (Doralice, Sueli, Dededa Labanca, Serena, Jurandir, Helena), Araci Esteves (Dona Margot), Duda Cardoso (Junior, Netinho), Renata de Lélis (Francine)
Duração: 30 minutos
Gênero: Drama
Ano: 2008
Vale a pena ir conferir Sonho Lúcido por uma penca de razões: é divertido, faz pensar, é daqui (somos bairristas, e daí?), o Cinebancários tem cheiro de carro novo...sei lá. Mas acredito de verdade que a principal razão pela qual você deve ir ver o filme seja para que os gaúchos tomem conhecimento do trabalho de seu próprio pessoal e para que tenham consciência de que há qualidade e paixão cinematográfica em cada esquina desta capital. É só procurar e prestigiar.