quarta-feira, 28 de maio de 2008

Como uma melodia...

Sem tratados.
Sem verdades incontestáveis.
Apenas sensações.
Apenas movimentos.

Sounds Like a Melody (Alphaville)

It's a trick of my mind
To faces bathing in the screenlight
She's so soft and warm in my arms

I tune it into the scene
My hand are resting on her shoulders
When we're dancing away for a while

Oh, we're moving, we're falling, we step into the fire
By the hour of the wolf in a midnight dream
There's no reason to hurry, just start that brand new story
Set it alight, we're head over heels in love
Head over heels

The ringing of your laughter it sounds like a melody
To once forbidden places we'll go for a while

The ringing of your laughter it sounds like a melody
To once forbidden places we'll go for a while

It's the definite show
Our shadows resting in the moonlight
It's so clear and bright in your eyes

It's the touch of your sighs
My lips are resting on your shoulder
When we're moving so soft and slow

We need the extasy, the jelousy, the comedy of love
Like the Cary Grants and Kellys once before
Give me more tragedy, more harmony and phantasy, my love
And set it alight, just starting that satellite
Set it alight

The ringing of your laughter it sounds like a melody
To once forbidden places we'll go for a while

The ringing of your laughter it sounds like a melody
To once forbidden places we'll go for a while


Saudade do gosto da tua boca...
Saudade do som da tua risada...

terça-feira, 27 de maio de 2008

Sobre as Nomenclaturas.

Palavra complicada. Sentido simples. Nomear coisas sempre foi uma diversão. Saber nomear coisas, uma arte. Um desafio. A maioria das pessoas não se importa com isso. Ignoram o poder do nome. Ancestral. Visceral. Um nome errado na coisa certa. Pior. Um nome certo numa coisa errada. Uma coisa errada com nome errado então, um aborto.

Ele sempre foi metódico com tudo. Principalmente nomes. Gostava de usar apenas uma palavra para definir as coisas. Cansava menos. Parecia lógico. Como o prático que pensava ser, sentia essa necessidade de perder menos tempo de vida. Dispensar frases inteiras que podiam – deviam – ser substituídas por um simples nome. Não via mal nisso. Tinha noção, mas não tinha a plenitude da arte de nomear.

Lembrou de um conto de fadas, onde duas encarnações, Mazel e Shilimazel, duelavam pelo vinho do esquecimento. Mazel era um bom espírito. De boa fortuna. De boa vontade (ela de novo). Shilimazel, o oposto: mesquinho, sórdido. Como todas as divindades que se prezem, os dois resolveram fazer uma aposta cuja marionete era um mero mortal: em um ano, Mazel faria deste plebeu um homem rico e bem conceituado e Shilimazel estaria incubido de fazer este homem perder tudo em um segundo, assim que este ano findasse. Graças a um erro de nomenclatura, onde este homem chama uma “leoa” de “cadela” por influência de Shilimazel, o pobre diabo perde tudo o que conquistou – inclusive sua liberdade – e é sentenciado à morte.

Nomes são poderosos. Ele repensou essa história e decidiu que tentaria, a todo custo, dar nomes ideais para tudo. Desde sensações até situações. Não queria ser sentenciado. Sabia que guerras haviam começado por nomenclatura equivocada. Não queria isso para a sua vida. Mas ignorava a existência de pessoas que não gostavam de nomear as coisas. Por medo. Por peso da palavra. Por estígma. Mais uma prova de que nomes são poderosos. Contêm cargas. Às vezes pesadas. Às vezes pesadas demais.

Descobriu que existem tais pessoas. Descobriu que existem coisas inomináveis. Descobriu-se inapto à nomenclaturar. Como o islâmico que passou a vida toda ajoelhando-se para o lado errado. Deu nomes errados para coisas que julgava certas. Uma forma de enganar-se. Talvez. Pessoas adoram chamar amor de paixão. Ou paixão de desejo. Ou desejo de vontade. Ou alguma coisa de alguma coisa. Não importa. Por mais poderoso que seja, o nome não modifica o fato. Não modifica o ato. Pode começar uma guerra, mas uma guerra continua sendo uma guerra, não importa o nome que tenha.

A necessidade da nomenclatura existe, afinal. Mas existe também a necessidade de ponderação em detrimento da urgência do nome. Saber nomear é saber esperar pelo nome certo. Uma hora ele aparece. Uma hora ele aprende.

Sobre a Paz.

Há quem diga que ela existe. Que pode ser alcançada. Fala-se em paz no Oriente Médio. Paz nos relacionamentos. Paz aos homens de boa vontade. Boa vontade. Essa sim existe. Há quem tente exercer esta prerrogativa. Acreditando no retorno. Confiando no carma. Sim, ele acreditou e confiou, então fala com ganho de causa. Ganho? De jeito nenhum. Ou de todo jeito. Em uma escala maior fora de seu entendimento, provavelmente há um ganho. No fim de tudo o que existe. Lá bem lá no fundo. No fiel da balança, há um ganho. Mas quem lhe disse mesmo que a boa vontade pode trazer a paz? Seja quem for, deve estar escondido em um canto covarde. Descobrindo que ninguém estará vivo no fim de tudo o que existe para usufruir desta paz final. Que o que conta é o agora. O momento. Paz de momento. Ou paz no momento. Quanta diferença faz uma preposição, não?

É fato que buscamos a paz no momento obstinadamente. Há quem fique surpreso ao descobrir a inexistência disso. Se conquista a paz. Se adota uma política de “apaziguamento”. Mas é uma paz inexistente. Placebo. Descobre-se que alguma coisa, bem lá no fundo, não está certa. E logo se perde uma paz que nunca se conquistou. A paz plena que não existe. Se fulano acha que conseguiu alcançar isso, ou é omisso ou é tolo. Nas duas hipóteses o fulano perde.

Ele assumiu essa postura da boa vontade. Faz um tempo. Esperava que a vida não lhe aplicasse a famosa reação daquela lei porca. E a vida, cínica, lhe provou como estava errado. O termo “redondamente” pareceu-lhe uma luva. Um fim de semana. Uma xícara de café. Um sofá cheio de pêlos de gato e a verdade. Inevitável. Um erro de nomenclatura lhe tirou toda a paz. Mostrando que ela é inexistente desde sempre. Tolo. João Bobo. Aquele que leva porrada e volta sorrindo para levar mais. Tudo porque é capaz de fazer qualquer coisa por um objetivo justo. Inclusive ser espancado e voltar inerte. Se preciso for, e ele jurava que era preciso. Acreditava nisso. Abrir mão de si mesmo parece um motivo justo? Não. Sim. A paz da não reação caiu por terra. Chegou a uma brilhante conclusão. Cobrança com juros, sob certos aspectos, também resulta em vingança. Vingança e paz. Inversamente proporcionais. Só que apenas uma delas existe. Adivinha qual?

A sorte dele é que a felicidade. Esta que quase ninguém acha que existe - e existe - não é proporcional à paz. Pelo contrário. Descobriu que há felicidade sem paz. E que há o placebo sem felicidade. Ele não está em paz. Sente sangue em sua boca. Sente que quer mais. Sangue fresco. E principalmente sangue gelado. Já que descobriu a inexistência da paz, ele será a própria reação. Não há paz. Ele assumiu que este é o seu mundo.

Agora ele está feliz.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

UMA IMAGEM VALE MAIS DO QUE MIL PALAVRAS...

A imagem acima descreve toda a trajetória da Arquivo Morto e seus colaboradores nestes últimos 6 meses. Foi até ela onde nossas decisões nos levaram. Nosso esforço. Nosso trabalho mais árduo. Noites mal dormidas e planejamentos incessantes deram vida à personagens como Raul, Ligeiro, Marcião, Tosco e as demais estrelas do curta-metragem Os Batedores, uma produção da Arquivo Morto. Personagens estes que a equipe e o elenco aprenderam a amar, a odiar, a torcer e a criar. Eles são os melhores no que fazem e o que eles fazem será muito bonito de se ver em um cinema perto de você.

Em breve, o relato da 9ª diária no blog www.arquivomortobrasil.blogspot.com