Sensacional. Emblemática. Destruidora de paradigmas. Não há palavras suficientes para descrever a reta final desta oitava e última temporada de 24, que teve seu cancelamento anunciado pela Fox há um mês, e terá seus últimos dois episódios veiculados nos States na próxima segunda-feira.
Previously...
Vimos que o ex-agente Jack Bauer (Kiefer Sutherland) foi sumariamente puxado de sua aposentadoria para deter uma série de atos terroristas que visavam acabar com o acordo de paz a ser firmado pelos EUA e a fictícia IRK (Islamic Republic of Kamistan), chefiada pelo bondoso Presidente Omar Hassan (Anil Kapoor). Com gente de seu próprio governo conspirando por sua morte, Hassan passou metade da temporada esquivando-se de toda sorte de atentados, sob a guarda incessante da CTU (Counter Terrorist Unit) e de Jack, que usou de sua vasta experiência muito mais para prevenir do que para remediar nestas primeiras 12 horas do dia, o que tornou tímida/lenta/quase parada a narrativa da série na maior parte desta 1ª parte (pré-anunciando uma despedida mediana, diria até melancólica, para o obstinado herói). Porém...
Vimos que o ex-agente Jack Bauer (Kiefer Sutherland) foi sumariamente puxado de sua aposentadoria para deter uma série de atos terroristas que visavam acabar com o acordo de paz a ser firmado pelos EUA e a fictícia IRK (Islamic Republic of Kamistan), chefiada pelo bondoso Presidente Omar Hassan (Anil Kapoor). Com gente de seu próprio governo conspirando por sua morte, Hassan passou metade da temporada esquivando-se de toda sorte de atentados, sob a guarda incessante da CTU (Counter Terrorist Unit) e de Jack, que usou de sua vasta experiência muito mais para prevenir do que para remediar nestas primeiras 12 horas do dia, o que tornou tímida/lenta/quase parada a narrativa da série na maior parte desta 1ª parte (pré-anunciando uma despedida mediana, diria até melancólica, para o obstinado herói). Porém...
ALERTA DE SPOILER – ALERTA DE SPOILER – ALERTA DE SPOILER
Aproveitem o papo...enquanto podem.
Episódios 16 e 17 (7:00AM – 8:00AM/8:00AM – 9:00AM)...
Neste fatídico episódio 16, o impensável aconteceu: em um resgate tardio, Omar Hassan é morto pelos terroristas, assinalando a primeira vez – em 8 anos de série – que Jack Bauer falha em sua missão. Com a morte do líder árabe, o que parecia ser o fim do processo de paz ganha uma nova perspectiva com a ascensão de Dalia Hassan (Necar Zadegan), esposa do finado presidente islâmico, à liderança da IRK e, consequentemente, à frente da assinatura do tal tratado. Prestes a encerrar os trabalhos e voltar para casa, Jack novamente é arrastado aos acontecimentos pela troca de ameaças que já é tradicional na estrutura de 24: saem os terroristas árabes, entra Moscou. Temerosos de serem descobertos por uma pequena casualidade, o governo russo (verdadeiro responsável por trás dos acontecimentos do dia, uma vez que o tratado de paz vai de encontro aos seus interesses na região árabe) elimina Reneé Walker (Annie Wersching), colocando Jack em uma cruzada pessoal de vingança. E como desgraça pouca é bobagem...
De luto.
O presidente pródigo...
Com a desculpa oficial do governo russo de não querer assinar um tratado liderado por Dalia Hassan – uma líder ilegítima – entra em cena o único homem capaz de colocar Moscou de volta à mesa: o ex-presidente Charles Logan (o excelente Gregory Itzin), afastado do cenário político americano após as barbaridades da 5ª temporada. Como forma de “retornar ao jogo”, o eterno desafeto de Jack Bauer oferece seus serviços de “consultoria” para a Presidente americana Allison Taylor (Cherry Jones), já instável pelos acontecimentos do dia, guinando a trama para um caminho de dualidade nunca visto antes em 24. Ele traria os russos de volta às negociações de paz, mas por um preço beeeem alto...
Esqueçam Ben Linus, esqueçam o Canceroso, esqueçam Paul Millander, esqueçam The Trinity Killer. Com sua fala mansa e veneno em cada palavra que usa, Charles Logan consolida-se – nesta temporada – como o mais ardiloso vilão da TV de todos os tempos. Ele não apenas utiliza de chantagem e contatos para entrar de cabeça no tratado de paz, como também corrompe a maior defensora do processo: o momento em que Logan coloca as cartas na mesa para a Presidente Allison (até ali, o exemplo máximo de hombridade de toda a história de 24) e a intima a tomar uma decisão que lhe custaria a alma, temos a oportunidade rara – como espectadores – de ver um personagem sendo esmigalhado em seu interior. Itzin e Jones, dois gigantes em cena (vejo Golden Globe vindo aí), resgatando a profundidade das ações que pareciam ter se perdido no início da temporada, mas que retornaram, nas mãos desses dois atores/personagens e nas dos roteiristas (que parecem ter acordado com a corda toda), com maestria narrativa.
E embora Charles se consagre com sua vilania e tenha lavado suas mãos jogando a responsabilidade para cima de Taylor (em mais uma cena nada menos que memorável), engana-se quem pensa que ele é o grande vilão DESTA temporada. Assinado com o sangue de Omar, de Reneé e de outros tantos inocentes, e firmado sob a premissa do abafamento do envolvimento dos russos nos acontecimentos, o tratado de paz torna-se o maior vilão da oitava temporada de 24. As palavras do Secretário de Estado Ethan Kanin – “Esta é uma paz que não é boa, Allison.” – ilustram isso da forma mais emblemática possível. Para manter o tratado ativo, Logan é capaz de tudo, e Allison terá de ser como ele. Só tem um pequeno problema...
E embora Charles se consagre com sua vilania e tenha lavado suas mãos jogando a responsabilidade para cima de Taylor (em mais uma cena nada menos que memorável), engana-se quem pensa que ele é o grande vilão DESTA temporada. Assinado com o sangue de Omar, de Reneé e de outros tantos inocentes, e firmado sob a premissa do abafamento do envolvimento dos russos nos acontecimentos, o tratado de paz torna-se o maior vilão da oitava temporada de 24. As palavras do Secretário de Estado Ethan Kanin – “Esta é uma paz que não é boa, Allison.” – ilustram isso da forma mais emblemática possível. Para manter o tratado ativo, Logan é capaz de tudo, e Allison terá de ser como ele. Só tem um pequeno problema...
Jack Bauer contra o mundo...
Sendo o único disposto a tornar público o envolvimento do governo russo na morte de Omar Hassan, Jack se vê obrigado a fazer o que faz melhor: ir contra tudo e contra todos. Curiosamente, o ex-agente se vê vítima de seu provérbio predileto: os fins justificam os meios. Ao longo das oito temporadas de 24, Jack Bauer matou e torturou homens e mulheres para proteger seu país, e agora seu governo resolveu aderir ao mesmo lema para manter um tratado de paz que, supostamente, poupará milhões de vidas.
Sendo o único disposto a tornar público o envolvimento do governo russo na morte de Omar Hassan, Jack se vê obrigado a fazer o que faz melhor: ir contra tudo e contra todos. Curiosamente, o ex-agente se vê vítima de seu provérbio predileto: os fins justificam os meios. Ao longo das oito temporadas de 24, Jack Bauer matou e torturou homens e mulheres para proteger seu país, e agora seu governo resolveu aderir ao mesmo lema para manter um tratado de paz que, supostamente, poupará milhões de vidas.
O que foi uma sacada genial dos roteiristas da série serve agora como combustível para proezas e situações de cair o queixo nestas últimas horas do dia. Jack Bauer tornou-se o homem mais procurado da América, mas isso não o detém. Estripar interrogados é tarefa fácil (fica a dica: se for raptado, nunca engula seu chip de celular). Capturar ex-presidentes é como um passeio no parque (a cena na qual Jack aterroriza em um túnel para pegar Charles Logan – referência clara a filmes slashers como “Sexta-Feira 13” e “O Massacre da Serra Elétrica” – é absolutamente sensacional). Com um banho de sangue perpetrado por Jack, uma prova da conspiração russa nas mãos de uma jornalista perseguida pelo FBI, e Chloe O’Brian (Mary Lynn Rajskub) caçando o próprio amigo como diretora interina da CTU, 24 caminha para uma despedida a altura do maior seriado de ação de todos os tempos.