segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Uma terra de deuses.

Terminei de ler, na noite passada, o livro Deuses Americanos, de Neil Gaiman. O romance traz a história de Shadow, um marginal que descobre a morte da esposa na semana em que sai da prisão. Ao perceber que sua liberdade perdeu o sentido, o ex-presidiário se vê às voltas com uma inusitada proposta de Wednesday, um homem misterioso que pretende engendrar uma insólita viagem pelo verdadeiro interior dos Estados Unidos: uma terra pululada por seres fantásticos e deuses milenares que, por um lugar ao sol, estão prestes e entrar em guerra.

Gaiman, escritor inglês de renome e criador de HQs adultas cultuadas como Sandman e Livros da Magia, está em seu terreno ao narrar uma história de cunho fantástico, sem descuidar da descrição precisa da realidade. Costumes interioranos, expressões e inúmeras referências da cultura popular americana e mundial convergem com o clima surreal e personagens que, embora deuses, manifestam-se como meros mortais: fazem torradas, trabalham, prostituem-se, matam e morrem obedecendo às leis da física. Tudo isso em uma terra que o livro insistentemente diz que “não é boa para deuses”. Um lugar onde deuses antigos (e outrora poderosos) definham e caem no esquecimento, e onde deuses novos nascem todos os dias.

Interessantes também são as referências religiosas e mitológicas usadas por Gaiman para ilustrar a história. Podemos encontrar de lendas escandinavas a influências fortes da cultura africana. De mitos judaicos a referências astecas. De divindades indianas a supostos deuses das cavernas. Uma miscigenação que espelha a cacofonia do próprio povo americano, que embora colonizado por ingleses, teve suas origens em toda gama de povos que, ou viram no Novo Mundo uma chance de recomeço, ou foram levados à força nos navios negreiros, ou simplesmente já estavam lá antes do homem branco chegar. E com todos eles, vieram suas esperanças, suas crenças, seus deuses.

Embora as HQs sejam seu chão, o autor não deixa a peteca cair. Foi feliz ao traçar uma narrativa espirituosa e de fácil digestão – direcionada a qualquer público, mas sem subestimar os mais exigentes. Com toques de humor negro aliados à iminência de um grande acontecimento, que incute ao texto o tom sério e lírico necessários, o mesmo tom presente nas demais obras de Gaiman. E como praticamente tudo que ele escreve, é uma leitura inventiva e poderosa, calçada na imaginação infinita do autor.

***

Dica de Livro:
Deuses Americanos
Autor: Neil Gaiman
Pág: 448
Editora: Conrad do Brasil
Ano: 2001
Prêmios: Hugo e Nebula.

Os Agradecimentos no final do livro é um capítulo a parte. Com aquela famosa irreverência inglesa, Gaiman atribui, a cada nome, os motivos pelos quais está agradecendo. Da mulher que emprestou sua casa na condição de que ele espantasse alguns urubus, ao também cultuado escritor de HQs Alan Moore, que lhe emprestou alguns livros para pesquisa.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Noite...


...primeira. De muitas, mas ele ainda não sabia. A noite tinha recém começado a cair. Como um véu de fim de tarde, que anunciava o momento de separar homens de crianças. Estava prestes a ser separado, mas também não sabia disso. Julgava intangível. Ora por estar acomodado. Ora por pensar que não tinha mais coração. Como poderia? Inexistia até ali, ou ainda era sombra, olhando cataventos. Esquivava-se do frio que vinha de dentro e de fora. Para o de fora, envergava um grande casaco que lhe batia nas canelas. Para o de dentro? Não me faça rir.

Era pouco mais que nada quando viu aqueles olhos. Brilhantes. Indagadores. Verdes. Mais que os seus. O filme era só um filme, mas tinha som de tapas. E de risadas também. E ela ria. E aquele som – de risadas, não o de tapas – era o som mais bonito que ouvia em muito tempo. Desde quando ele nem lembrava mais. Não precisava lembrar. Tinha-o ali, tão perto de seus ouvidos. E aquilo era só o que precisava, mas não. O sorriso também era um presente. Dentes alvos, enfileirados em uma boca sapeca. Um sorriso de infância. Como se estivesse sempre lá, mas só naquele momento poderia finalmente alcançá-lo.

Quando saíram da sala escura, a noite lhes cumprimentou. – Por aqui, por favor, dizia ela, anunciando que estava ali e que, embora separasse homens de crianças, ela própria era um infante. Não era bom com estações. Era inverno, ou outono, ele não sabia. Mas sabia que era frio. E frio combina com vinho, seja homem ou sombra no brinde. Estava preparado apenas para os tapas, mas aceitou o convite da noite, e a companhia dela.

Naquele bar de nome estranho, sentaram-se. Tivera momentos ali antes, mas estes fugiram de seus pensamentos. Como se contasse apenas daquele momento em diante. E assim o era. Conversas. Descobertas. Olhares. Taças. Uma decisão de horas. Ele não estava preparado. Mas ela estava, então estava tudo certo. Ele poderia ficar ali para sempre. Se sentia assim, leve. E se voar é para os pássaros, ele tinha penas e um grande bico.

O lugar fechava cedo, mas era cedo também lá fora. Foram para o bar de fim de noite preferido da Cidade Baixa, mas a noite deles estava no início. Trocaram frivolidades. Contaram segredos. Abriram caixas. Destrancaram corações. Ela o dele. Ele o dela. Não havia flerte. Nem indiretas. Nem investidas. Não pensavam em procurar, mas se encontraram um no outro e não eram mais solitários. Nenhum dos dois ainda sabia, mas já tinham certeza, como se suas vidas dependessem disso. E dependiam. E dependem.

O relógio anunciava o tempo inexorável. Hora de ir. Ele não queria. Ela também não. Estava em seus olhos. Nos dele também. Não houve insistência. Nem resistência. Ainda conversaram enquanto caminhavam até o ponto de táxi. O mesmo ponto de táxi onde ele nunca pegou um. Mas desta vez era diferente. Tudo diferente. Não sentia mais rancor. Nem ressentimento. Ela estava ali, se despedindo e abraçando-o. E seu abraço era apertado. E esquentava, e acalentava o frio que não vinha mais de dentro. Não houve beijo. Ele queria. Ela também. Mas não houve.

Ela embarcou no táxi. Ele acenou. Aquela foi a primeira. Outras viriam. Estavam certos disso, mesmo sem saberem. E aquilo era mágico. E bastava.

Ele não era mais criança.

Não era mais sombra.

Finalmente e novamente, um homem.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Algumas (in)verdades natalinas.

Chegou o fim do ano, e com ele, toda aquela agitação dos “3Ps” (peru, presentes e promessas) que enchem as lojas com os mais variados tipos: do novo rico (que dormiu pé-de-chinelo, acordou milionário, e ainda pensa que champange é uma espécie de guaraná), ao populacho (que escolhe a roupa mais colorida no Balaião Oba Oba, ou o brinquedo mais barulhento no camelô, e passa no cego da esquina pra comprar um papel de presente mais “bunitu”). É claro que há também os chiques, os ricos de berços e os famosos de reality-shows, mas isso eu deixo para a Caras.


Olhando daqui, ele até parece um cara sério...


Neste correrê miserável, destaca-se a figura rotunda e emblemática do Papai Noel, aquele velho de barba grisalha e saco convidativo, que é puxado por renas de nomes cabalísticos (Cometa, Cupido, Trovão, Relâmpago, Rodolfo (?), etc...). É certo que, nos dias atuais, onde a informação corre mais que as tais renas, a pirralhada já está a par da “inexistência” do Papai Noel: sabem que há um tio beberrão por trás do casaco vermelho e da barba falsa, e que os presentes não são confeccionados por duendes (no máximo por pequenos chineses em fábricas de trabalho escravo, mas eles não usam gorros).


São Nicolau: o criador da bagaça.


O que pouca gente sabe é que o senhor conhecido como Papai Noel (ou Pai Natal, ou simplesmente Santa), não só existe, como não é exatamente um “bom velhinho”. Claro que há aquela fábula na qual, no século IV, um arcebispo chamado Nicolau Taumaturgo dava dinheiro anonimamente para os infelizes da sua região, jogando sacos de moedas pelas chaminés e implantando o que seria o primeiro exemplo de espírito natalino. Uma história bastante crível, na verdade, uma vez que a Igreja Católica sempre teve cacife para bancar empréstimos e os pobres daquela época usavam chaminés (ao contrário de hoje, onde lareiras são primazias de classes mais abastadas).


Santa e o Líquido da Vida.


Porém, o que foi criado como um gesto de solidariedade e união, vem se denegrindo com o passar do tempo. De São Nicolau dos devedores fodidos, o velho gorducho pulou para uma versão mais digerível, tanto comercial, quanto esteticamente (convenhamos, seria difícil de engolir ter de fazer compras e ser recepcionado por um arcebispo na entrada da loja). A internet cuidou para que fosse divulgado por aí que a imagem do Papai Noel como a conhecemos foi inventada numa campanha de marketing da Coca-Cola, por volta de 1930. Na verdade, o cartunista americano Thomas Nast foi o primeiro a divulgar um retrato-falado da lenda, em 1886, após encarar uma noite de tragos homéricos e orgias desavergonhadas com o homem: nascia o Papai Noel como o conhecemos hoje, de casaco vermelho e trenó, para combinar com o inverno do hemisfério norte.


O Papai Noel de Nast: aquilo ali na cintura dele é uma espada???


Uns poucos aventureiros ousam contar a história maquiavélica do verdadeiro Papai Noel. Oficialmente, trata-se de um bom velhinho que percorre o mundo em uma única noite, distribuindo presentes. Mas corre boatos de toda sorte: uns dizem que Papai Noel, na realidade, é um arcanjo que paga por sua ambição e seu castigo é pegar crianças ranhentas no colo e dar-lhes um pirulito durante os dois últimos meses do ano, em shoppings super lotados. Outros podem jurar que o Santa é um tremendo preguiçoso, deixando todo o trabalho sujo para seus sósias, espalhados no mundo todo, enquanto um garçom chamado Elvis Presley lhe serve água de côco em uma ilha paradisíaca.


Santabot: o implacável Papai Noel de Futurama.


Na HQ Lobo: The Paramilitary Christmas Special, vemos que o Coelhinho da Páscoa contrata o Lobo para matar o Papai Noel (e eliminar a concorrência), e descobrimos que o “bom velhinho”, na verdade, é um empresário facista que escraviza gnomos em uma fábrica de brinquedos. É uma história de ficção, claro (afinal, o Lobo não existe), mas já denota que há algo de podre no reino da Lapônia. Em Futurama, um pouco mais do verdadeiro caráter do Papai Noel é revelado em uma belicosa visão do futuro, onde ninguém sai de casa na noite de Natal, sob risco de ser vítima de um Papai Noel robô homicida. Nada mais justo.


Batida Policial em Dezembro de 1995.


O que sabemos com certeza é que o Papai Noel existe e tem um complexo industrial no Pólo Norte. Segundo sua última declaração de bens, ele também possui um Passati 86, um apartamento de dois quartos na Lapônia e uma residência de verão em Itatiaia, no Rio de Janeiro. Já foi fichado por excesso de velocidade, tráfico de entorpecentes, formação de quadrilha, falsidade ideológica e comercio ilegal de iguarias. Hoje cumpre pena em regime semi-aberto e faz trabalhos comunitários. Ele não é pai de verdade e sequer é casado (como podemos notar logo abaixo).


Papai Noel em boa companhia.


Por essas e outras, podemos concluir o porquê do Natal ser uma época tão dúbia, afinal, seu representante mais ilustre não decide se é um cara legal ou um velho sem-vergonha. Algumas pessoas ficam contentes e assam seus perus (ui). Outras preferem curtir sua depressão em paz e saltar de um prédio de 12 andares. Se perguntarmos ao Batman o que ele pensa do assunto...


Toma o que te mandaram!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Planejando um ato terrorista...

- Tu não sabe como é que se faz?
- Não sei.
- Tu coloca o bico aqui. Prende bem.
- Aham.
- Daí tu abre e deixa encher até a metade.
- Assim?
- Assim não, seu burro. Desse jeito vai explodir na tua mão. Joga fora e abre de novo.
- Tá.
- Tem que ser devagar. Assim.
- Aham.
- Agora tu gira isso...
- Desse jeito?
- Não, pro outro lado. Tenho que te ensinar tudo?
- Desculpa.
- Gira, coloca por ali e puxa por baixo. Cuidado pra não deixar cair no chão.
- Tá bom.
- Temos mais oito pra encher, então tem que fazer isso mais rápido.
- Assim?
- Isso aí.
- Oba, agora sei fazer uma bexiga d'água. Onde vamos jogar elas?
- Vamos estourar todas na tua irmã.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A Mão Esquerda de Deus.

Encerrou nesta segunda-feira passada a 3ª temporada de Dexter, série do Canal Showtime (exibida, aqui no Brasil, no FX) baseada no livro Dexter - A Mão Esquerda de Deus, de Jeff Lindsay. O seriado nos traz o dia-a-dia nada convencional de Dexter Morgan, um carismático analista forense – especializado em padrões de dispersão de sangue – que trabalha junto à Polícia de Miami. Ao contrário de inúmeros seriados de investigação criminal, o enfoque não é no trabalho de Dexter, e sim em como ele sacia o seu vício de...matar pessoas.

Guiado por um rígido código de conduta que herdou de Harry, seu pai adotivo, Dexter canaliza sua sede de sangue em outros assassinos que, por um motivo ou outro, conseguiram se safar da justiça dos homens. Confesso que, inicialmente, me esquivei de acompanhar esta série justamente por isso: uma “ética” neste assunto me soava forçada, como se houvesse um esforço dos criadores do seriado em justificar o personagem-título e torná-lo “politicamente correto”. Comecei a assistir com um pé atrás e, após alguns minutos, pensei: puta merda, mais uma série da qual vou ter de virar fã.

O episódio-piloto dá a receita do clima que a série nos reserva para a 1ª temporada; um Dexter taciturno, pensativo, tentando descobrir se há alguma humanidade por trás do seu instinto assassino, enquanto veste a máscara do cara solícito e agradável que todos idealizam: ele é um irmão perfeito para sua meia-irmã Deb, uma policial obstinada e de boca suja que tenta seguir os passos do falecido pai, que também foi da Polícia. É um namorado perfeito para Rita, uma mãe solteira traumatizada com seu relacionamento anterior. É um colega de trabalho discreto e amável, que leva donuts para o serviço e distribui hermanamente pelo distrito policial. Mas por trás destes atos, pululam na narrativa os pensamentos de Dexter, que nos são mostrados em OFFs que normalmente destoam de seu sorriso abrasivo. E é este paradoxo, este esforço de Dexter em simular sentimentos que julga serem inexistentes que nos prendem na tela. Vemos ali como um assassino em série se comporta de dia enquanto, à noite, esquarteja desafortunados. Aliando isso a um passado obscuro e ao fato de Dexter usar de seu trabalho tanto para investigar suas vítimas, quanto para cobrir seus rastros, temos os primeiros 12 episódios de um material que só evolui.

Esta característica de evolução da série se estende para as outras temporadas. Se na 1ª temporada tínhamos um Dexter em crise existencial, na 2ª encontramos o personagem desafiando a linha tênue que separa seu lado homicida de uma cadeira elétrica, ao passo que, na 3ª temporada, o vemos ansiar por dividir seu segredo. Michael C. Hall interpreta o protagonista e faz um excelente trabalho, emprestando a dualidade necessário ao personagem em uma atuação sutil e longe de ser esteriotipada: um olhar torto de Dexter nos transmite exatamente o que há em sua cabeça e o quão perigoso aquele homem pacato pode vir a ser de um minuto para o outro. A meticulosidade de Dexter também é ponto alto de sua personalidade, que usa de uma astúcia incalculável para engendrar seus planos homicidas e sair impune, já que a primeira e maior regra do código de conduta de Harry é “Nunca seja capturado”.

A série está concorrendo novamente ao Globo de Ouro, tanto para Melhor Série Dramática, quanto para Melhor Ator de Série – Drama. Com o acuro de produção, a profundidade dos personagens, os roteiros excelentes e o ibope que o seriado levanta por onde passa, diria que não há nada mais justo que essas indicações (bem, talvez só as estatuetas). Se Dexter continuar seguindo esta qualidade, podemos esperar mais corpos vindo aí...

And The Oscar Goes To...

E segue na internet a caminhada para a indicação do ator Heath Ledger ao 81º Oscar. Mais dois pôsteres estão rolando na rede, esquentando a campanha:


Fonte: www.melhoresdomundo.net

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"Se Eu Fosse Homem..."

...do fotógrafo Favero Luiz D'Ambrósio Gonçalves, foi a foto vencedora do Prêmio ARI de Jornalismo - Edição 2008, que está sendo entregue neste exato momento, enquanto vos escrevo. A foto foi veiculada no dia 10 de junho de 2008, no jornal Correio do Povo, e mostra uma reação da nossa amada Governadora do Estado, frente ao escândalo do Detran.

Favero Luiz já saiu do hospital e passa bem.

Fim dos tempos...

- Tu sabe o que é um ninja?

- Sei, é uma tartaruga com uma espada.

Diálogo que tive com meu filho, hoje de manhã.

Evolução...

Dispensa comentários...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Ping...Pong...

"A última vez que joguei isso foi em 1976."

Euclides "Kid" Rodrigues dos Santos, meu pai, pouco antes de
me surrar no Ping-Pong, neste sábado passado.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

66th Golden Globe - Indicados.

Hoje, os organizadores do 66º Globo de Ouro divulgaram a lista dos indicados ao prêmio para 2009 (que você pode conferir aqui).

Há muitas surpresas (agradáveis, inclusive) nesta lista: embora tenha ficado parado por quase um ano (e preso por algumas vezes), Kiefer Sutherland concorre por 24: Redemption, filme "made for TV" que serve de prequel para a 7ª temporada de 24, a estreiar em janeiro. É claro que as possibilidades são pequenas, principalmente quando há na disputa atores do quilate de Tom Wilkinson, Kevin Spacey e Ralph Fiennes, mas estamos falando de Jack Bauer, porra.

No campo das séries (que, na verdade, é o que mais acompanho nesta premiação, deixando a torcida dos prêmios de cinema para o Oscar), duas das minhas séries prediletas voltam à disputa: House M.D., cuja 4ª temporada superou expectativas com dois episódios finais que ficarão incrustados na memória, tem sua indicação como Melhor Série Dramática, bem como a de Melhor Ator de Série Dramática para Hugh Laurie (mais uma vez). Dexter (série sobre a qual ainda escreverei neste blog), que está encerrando sua 3ª temporada e vem ficando cada vez melhor, também concorre nas duas categorias, com Michael C. Hall no papel-título.

Acredito que os azarões (aquelas indicações que ninguém esperava) ficaram por conta do filme Trovão Tropical, que emplacou duas indicações de Melhor Ator Coadjuvante: Robert Downey Jr., que está impagável no papel de Kirk Lazarus (um ator shakespereano visivelmente inspirado em Russel Crowe e que vê no papel de um soldado negro o desafio de sua carreira) e Tom Cruise (?), que até está bem no papel do tosco Les Grossman, o mega-empresário que fala palavrão pelos cotovelos e que deixou o astro de Top Gun irreconhecível.

Enfim, fazia tempos que o Golden Globe não me empolgava tanto. E há um motivo especial neste ano: para 99% das pessoas que assistiram Batman - Cavaleiro das Trevas, era claro como água que a atuação de Heath Ledger como o Coringa abriria um precedente na história cinematográfica, e esta indicação de Melhor Ator Coadjuvante (considerada como favorita) confirma isso. Não é exagero dizer que a indicação para o Oscar é apenas uma questão de tempo.

Que pasa?

É impressionante o quanto certas produções audiovisuais estadunidenses cuidam tão bem de alguns aspectos de produção e deixam a desejar em outros. Não que eu seja um cata-piolho, mas tais desleixos, às vezes, são berrantes. Quando a história se passa no Brasil, então...é como se meu radar para erros fosse acionado automaticamente, e daí eu fico chato: olho roupas, nomes, lugares, trejeitos, e chego a aumentar o volume pra ouvir se a galera fala direito.

Parto do seguinte princípio: se há uma produção decente (leia-se “com grana”), com cenas filmadas aqui pra valer (muitas vezes usam o chroma, estúdio ou locações fechadas para simularem que estão em outros países), então o que tem de mal em se esforçarem para que pareçam estar no Brasil de verdade, certo?

Minha última experiência foi na noite passada, com um episódio da série The Unit (que aqui ganhou o subtítulo forçado de “Tropa de Elite”), a qual tenho acompanhado nas minhas madrugadas de insônia. Trata-se de um seriado de ação no qual os Estados Unidos criam uma espécie de força-tarefa ultra secreta que só responde ao presidente americano e realizam intervenções pelo mundo todo, normalmente sem conhecimento de nenhuma autoridade estrangeira. Em contrapartida, as esposas desses soldados de elite tentam proteger os segredos da Unidade e aguentar as pontas em casa, sem saber ao certo se seus maridos voltarão das missões inteiros ou aos pedaços.

Eis que no episódio Eating the Young (S.01-E.09), nossos heróis são enviados ao Rio de Janeiro para deter um negociante de armas e apreender 7 mísseis Stinger que estão em seu poder e que seriam vendidos para serem usados por terroristas nos Estados Unidos. Quando apareceu a favela ao fundo, pulei da cama e comecei a anotar mentalmente a sucessão de erros:

- Jonas e Charlie (“disfarçados” de turistas) desfilam batendo fotos indiscriminadamente com máquinas fotográficas enormes (?), às portas da favela;

- Uma guarnição policial aparece em um jipe (??). Não consegui ver a placa;

- Os tais policiais entram calmamente em um barraco. Escuta-se som de tiros. Eles saem arrastando dois corpos e retiram do barraco várias sacas de arroz cujos selos acusavam que haviam sido doadas pelo Governo dos Estados Unidos (???). Charlie cochicha para Jonas: “Terra de Ninguém”;

- Alguns piás estão jogando futebol e um deles chuta a bola no braço de um dos policiais. A mãe do garoto pede piedade num portunhol brabo: ela tira moedas (????) do bolso e oferece ao oficial. Ele dá um tiro na bola e manda ela sumir logo dali (por incrível que pareça, num português decente);

Essa merda toda acontece logo nos primeiros cinco minutos, e havia ainda 40 de episódio.

Admito que as piores coisas vieram no início, mas se o roteirista (que definitivamente não fez o seu dever de casa, e nem acessou o Google pra escrever essa bosta) estava dando um tempo, a produção não deixou a peteca cair: todos os pirralhos usavam All Star (?????), o negociante de armas se chamava “Jimenez” e quase todo o elenco era adepto do portunhol. Vale salientar aqui o personagem principal deste episódio: um menino, vestido com a camisa da seleção brasileira, que leva os americanos até um avião abatido e FALA INGLÊS FLUENTE. Quando perguntado aonde aprendeu o idioma, ele diz que sua mãe era empregada doméstica na casa de um gringo. Só que o guri não conseguiu inventar uma boa desculpa para o seu péssimo português.

Enquanto procurava uma imagem para ilustrar esta “divagação”, encontrei um pequeno texto no blog Diário de um PM, escrito por um policial militar de verdade do Rio de Janeiro. O texto tem link para a cena acima citada, bem como algumas opiniões de outros PMs sobre a mesma. Se quiser conferir, basta clicar aqui. Vale a pena.

Criada por David Mamet, um dos roteiristas e diretores mais bem conceituados de Hollywood, The Unit até que é um bom seriado. Bons enredos, boas direções e atuações. Dennis Haysbert (o presidente David Palmer de 24) esbanja carisma e comanda um bom time, ao lado de Robert Patrick, o eterno T-1000, no papel do Coronel Tom Ryan. A série (que está hoje em sua quarta temporada) foi baseada no livro Inside Delta Force, escrito pelo Sargento Major Comandante Eric. L. Haney, um militar aposentado que participou de trocentas missões de resgate e operações de risco (incluindo Beirute, Honduras, Granada e Irã), e foi condecorado uma pá de vezes. Desde sua criação em 2006, a série vem ganhando respaldo da crítica e já garantiu uma quinta temporada.

Com esses atributos, espero mesmo que The Unit venha, nos próximos episódios, a respeitar um pouco mais a minha inteligência em suas caracterizações (executando produtores deste tipo, quem sabe). Quanto às produções gringas no geral, acho que esperar tal coisa seria meio inutil, uma vez que o hábito de colocar brasileiros na tela falando espanhol e cismar que há uma cidade de ouro perdida na Amazônia está incutido no American Way de fazer cinema.

Anaconda que o diga...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Futuro é Agora - Parte 11 - O dia em que o Fofucho tentou me matar.

...os médicos diziam que um ser humano normal aguentava até seis dias sem dormir, e depois disso havia sequelas e a coisa só piorava. Mas isso era antes da Constituição de 28 redefinir o que é um ser humano normal. Azar dos antigos livros de medicina e azar o da Lei: faz duas semanas que eu não prego o olho, desde que o Basi tentou me enrabar, e uma bomba no pescoço e um experimento científico psicótico sentado do meu lado continuam me deixando bem acordado.

Ok, eu explico: desde a Dolly, os cabeções dos laboratórios dos grandes países estão tentando uma forma efetiva de clonagem. Faz um par de décadas que anunciaram os primeiros humanos clonados e a reconstrução mundial parecia estar indo em uma direção aceitável com a descoberta. Uma fartura de órgãos para transplante e a repovoação do planeta apontavam para o sucesso, mas como quase tudo que o Homem faz se estraga a longo prazo, a merda agarrou quando os primeiros clones demonstraram transtornos obsessivo/homicidas que os faziam tentar tomar o lugar de seus modelos originais. Quando um clone sem fígado e rins do presidente americano tentou tirar a Dinamarca (não me pergunte por que logo a Dinamarca) do mapa com um ataque nuclear, decidiram que era hora de eliminar a ameaça e iniciaram uma “Guerra dos Clones” por debaixo dos panos (tudo bem, foi engraçado quando os nerds saíram às ruas vestidos de jedi para fazer justiça com as próprias mãos e levaram um cacete). Abafaram o caso e tiraram os bichos de circulação. A coisa virou uma espécie de lenda urbana e, desde então, só os mais bem informados sabem que ainda se faz clones no Mercado Negro, tanto para substituição de órgãos quanto de pessoas. E este cara aqui do meu lado que diz ser meu velho amigo, ao que tudo indica, é um deles.

Meu parceiro descolou um novo veículo para nós no desmanche do finado Valim: um Passat turbinado adaptado para vôo. Enchemos o porta-malas de armas e colocamos a cabeça do ex-dono do carro no banco de trás. Eu preferia resolver tudo no chão, mas o pé nervoso do motorista/piloto nos colocou no ar e em disparada para a parte sul da cidade, e agora, Otto Nema (ou seja lá que diabos for essa coisa) me observa de canto de olho. Por um breve momento, torço para que eu esteja enganado, mas desde que eu vi o cara amassando a lataria do MV com os próprios punhos, fiquei com um pé atrás. Não reconhecer o próprio lança-chamas também não foi bonito, principalmente quando há uma inscrição nele que diz “Da sua prima, com amor”, acusando que o velho Lúcio ainda investia nas filhas dos seus tios.

Um lança-chamas de presente. Onde esse mundo vai parar?

- Uma pena o carro não estar lá. – jogo uma isca.

Silêncio.

- Eu pensei que o Vovô tivesse um significado especial. – pressiono pra ver no que dá, mas sem dar bandeira das minhas suspeitas.

Silêncio. O pé acelera mais.

- Pelo menos deve significar alguma coisa pro verdadeiro Lúcio. - quem eu estou querendo enganar? É da minha natureza jogar merda no ventilador.

Tento ser veloz, mas esse clone com certeza é uma versão aprimorada. Algo entre homem e máquina, com uma pitada de mau gosto. Com rapidez autômata, ele aponta a arma para a minha cabeça e só tenho tempo de me jogar para a frente antes que o tiro queime os pêlos da minha nuca e destrua o vidro da porta. Começamos a lutar. Ele esqueceu o volante e agora emprega sua grande força somente para apontar o cano para as minhas fuças. Tento socá-lo com a minha mão direita e ele só fica mais irritado. Começa a dar tiros diante do meu rosto, arrebentando todo o carro em volta da minha cabeça. Aponto seu braço para a parte de trás do carro e ele acerta um dos tanques de combustível. Uma grande bola de fogo surge debaixo dos nossos pés. Que maravilha: lá vamos nós cair de novo.

O Passat desenha um grande risco vertical de fumaça no céu. Em todo o trajeto, o psicopata tenta quebrar meu pescoço com uma mão e me impedir de pressionar o botão de ejetar com a outra. Ele está gritando alguma coisa, mas não escuto nada. Devo ter perdido os tímpanos enquanto ele descarregava a arma tão perto das minhas orelhas. Olho o pára-brisa e vejo o telhado de uma casa crescendo rapidamente. Deixo o pescoço desprotegido por tempo suficiente para o clone grudar as duas mãos nele. Eu queria dar um sorriso sacana antes, mas resolvo não dar as costas para o azar e aperto logo o botão de ejetar que ele finalmente deixou livre. Com um tranco absurdo seguido de um estalo tão alto que eu consegui escutar, meu banco foi catapultado para fora da carcaça framejante. Junto comigo – e ainda grudado no meu pescoço – está Otto Nema, que fora partido ao meio na ejeção. A outra parte de seu corpo ainda está no carro, e as duas estão ligadas pelo intestino do clone, que se desprende do seu tronco como um novelo de lã enquanto o veículo cai vertiginosamente. O pavor fica estampado no rosto do Otto quando seus dedos se desprendem de mim e o resto do seu corpo é puxado para baixo por mais de cinco metros de intestino. Coisa feia de se ver.

O carro explode na tal casa com as duas partes do clone. Enquanto caio lentamente, me dou conta de que é o quarto acidente aéreo no qual me envolvo só neste mês. Se houvesse um programa de milhagem ou um prêmio para azarões, não teria pra ninguém. Fico imaginando o que será que o clone estava gritando enquanto caíamos: tentava me convencer de que era o verdadeiro Lúcio? Me amaldiçoava pelos cotovelos? Me perguntava algo sobre o paradeiro do meu verdadeiro ex-amigo?

A queda em direção a um terreno baldio é lenta. A brisa consegue ser agradável. Não escuto nada e acho até que vejo algum raio de sol. É possível que esteja vivendo o maior momento de paz que tive em anos e eu nunca me senti tão sozinho. A bomba permanece no meu pescoço, mas não tenho mais um experimento científico psicótico do meu lado.

Acho que agora posso dormir um pouco...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Kids.

É impressionante como tudo ganha a capacidade de voar nos dias de hoje. As notícias voam. Os hábitos voam. O tempo voa. Tudo é uma corrida desenfreada onde a meta é somente o início de outra, e outra, e outra...

Ultimamente, tenho presenciado muito deste aspecto da velocidade na vida dos meus dois filhos: em como eles aprendem e aplicam seus conhecimentos com espantosa precisão adulta. Como pai coruja, fico abobalhado, acho graça, bate aquele orgulho. Como observador das nuances humanas, fico estupefato, surpreso, e as vezes apavorado.

A Morena mora na parte seca de SC, então ligo seguidamente pra saber notícias e matar um pouco da saudade louca que sinto. No último telefonema, a mãe dela pegou o telefone e resolveu me informar da última: a menina falsificou a assinatura da mãe em cinco bilhetes que a professora havia mandado colado no caderno para ser lido pelos pais e devolvido assinado, no decorrer do ano. Quando ouvi aquilo, a primeira reação foi dar um grande sorriso e tentar imaginar como uma criança de oito anos conseguiu ludibriar uma professora supostamente experiente. Lembrei de quando eu fazia a mesma coisa, só que com quase 15 anos na lata, no Segundo Grau. Como a mãe da Morena parecia furiosa no telefone, resolvi esconder o orgulho de paizão e concordar que aquele comportamento não era aceitável. Então ela passou o fone para a minha filha e perguntei algumas coisas e aconselhei outras. Toda aquela ladainha (verdadeira) de que os estudos devem ser levados a sério, de que devemos ser honestos com o pai e a mãe foi despejada na conversa. Ela me informou que já sabia disso e que, mesmo com os bilhetes que lhe pediam para falar menos durante as aulas, já tinha passado de ano com as notas lá em cima de sempre. O mais engraçado (ou assustador) é que ninguém havia lhe ensinado a traquinagem: nenhuma amiga, nem a irmã mais velha (uma menina de 12 anos, levada de carteirinha), nem a televisão. Ela simplesmente decidiu que não queria incomodar a mãe (e se incomodar, claro) e resolveu colocar seus dotes artísticos pra funcionar. Como ela me prometeu que não fará isso novamente e continua extremamente competente na escola, me despedi enfatizando o quanto estava feliz pela notícia de que ela tinha passado para a 4ª série.

Do lado de cá da fronteira, eis que fui pegar o Piá neste último fim de semana para passearmos. A primeira coisa que ele me perguntou quando me viu foi onde estavam os desenhos para colorir que eu havia prometido pra ele na semana anterior. Pra tentar enganar sua memória de elefante, perguntei o porquê da cabeça dele estar vermelha como um pimentão. Eis a resposta:

- Pintei o cabelo pra ir a uma festa.

Eu NUNCA pintei meu cabelo na vida, e aquele moleque de cinco anos coloriu todo o cabelo com spray vermelho e se divertiu como nunca numa festinha da escola. Disse-lhe “que legal, filho” e resolvi que o assunto dos desenhos para colorir era uma boa. Passamos numa loja de R$ 1,99 e comprei uma caixa de lápis de cor (12 cores). Fiquei aturdido ao me lembrar do quanto as coisas eram caras quando era eu a precisar de lápis: claro que os lápis de hoje não são de qualidade como os de antigamente e blá, blá, blá, mas impressiona o quanto tudo é acessível.

Tanto os lápis quanto os desenhos em si. Fomos até um PC para imprimir alguns desenhos para colorir e eu não tinha muita idéia de como achar material especificamente para isso na Internet. Perguntei pra ele se tinha algum site que ele conhecia e então ele me instruiu:

- Entra no Google, escreve “desenhos do Pica-Pau para colorir”, clica ali embaixo.

Oras bolas! Quem esse guri pensa que é me dando aulas desse tipo?

- Quer saber, já que tu sabe como fazer, quero que tu venhas e faça. – falei.

Ele sentou na cadeira, digitou “desenhos do Pica-Pau para colorir” com a velocidade de um macaco velho, clicou no botão “ENTER” do teclado numérico e escolheu um dos links com o mouse. Bom, nem preciso dizer que ele sabe escolher cores e pintar dentro dos limites...

Acredito que quase todos que têm filhos pequenos compartilham dessa experiência de vôo. Mas acredito que a sensação de que eles aprendem em mach 5 não deve nos incomodar ou ameaçar. Sou adepto da propagação da informação nesses casos, mas com certo monitoramento e com a certeza de que podemos guinar todo este potencial para o crescimento correto deles como pessoas.

Se aquela máxima de que “as crianças são o futuro” for correta, podemos nos preparar para vôos mais altos...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

S.O.S. Santa Catarina

(cartaz retirado do blog www.nomundodaaline.blogspot.com)

Devido a tragédia de Santa Catarina, o pessoal do Trote Solidário (UFRGS) está se mobilizando em campanha para ajudar as vítimas.

Estão sendo montados dois postos de coletas de doações, atéo dia 04/12, a saber:

- Saguão da escola de Administração (UFRGS);
- Portaria do Anexo 1 - Reitoria (UFRGS).

Conforme dados divulgados pela mídia, o número de mortos passa de 110 e, ao todo, são 27.410 pessoas desabrigadas (sem moradia, dependendo da abrigos coletivos) e 51.297 desalojados (sem moradia, dependendo de amigos e parentes). A estimativa é que cerca de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas pelas enchentes.

Carências: água potável, fraldas descartáveis e absorventes higiênicos.

Demais itens: roupas, agasalhos, roupas de cama, cobertores, lençóis, toalhas, mamadeiras para as crianças, colchões e calçados(*) de todos os tamanhos, escova de dentes, xampus, papéis higiênicos e sabonetes, água sanitária, desinfetantes, sabão em barra, luvas e botas de borracha, vassouras e escovas.

*Os calçados devem estar amarrados um ao outro e com a numeração do par escrita no solado.

OBS: Os artigos devem estar em bom estado de conservação, limpos e embalados.

Depósitos em nome da pessoa jurídica Fundo Estadual da Defesa Civíl, CNPJ - 04.426.883/0001-57 nas seguintes contas:

Bco. Brasil - Agência 3582-3 e Conta Corrente 80.000-7

Besc - Agência 068-0 e Conta Corrente 80.000-0

Bradesco - Agência 0348-4 e Conta Corrente 160.000-1

Demais postos de coleta em Porto Alegre:

Assembléia Legislativa do RS: Praça Marechal Deodoro, 101

Força Sindical RS: Rua General Vitorino, 113, 11º andar - Fone (51) 32545511

TJ: Av. Borges de Medeiros, 1565

Comitê de Ação Solidária: Av. Borges de Medeiros, 1501 - Fone (51) 32122675

Defesa Civíl: (51) 32104219

Maiores Informações:

Trote Solidário - Clarissa Avila - (51) 93351241